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quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Poema: O LAMENTO DO RIO






Sou ,apenas,  um rio sem água. 
Mas  matei  a sede do ribeirinho, do peixe que
aqui viveu, da plantação que aqui nasceu.
O animal, também,  bebeu.
Foi embora a minha água, nem   uma gota  sobrou.
Ficou a canoa, abandonada,  e o pescador a lamentar
a água que morreu.
O cancioneiro canta dia e noite o leito que secou,
dizendo que o boi bebeu, que o peixe morreu...
Em noite de luar, até a  prata o rio perdeu.
A mulher  bonita,  que seu corpo banhou, foi embora, 
nunca mais voltou.
O rio secou...
A cachoeira de nome  mudou, pois a água, que de lá descia,
nunca mais por aqui passou.
O salgueiro não tem  mais as verdes folhas, nem assobia
ao sabor  do vento, deixando triste a rolinha que seu filho 
de sede morreu.
O rio secou, minh´alma chorou, meu amor sumiu.
Sinval Silveira




8 comentários:

  1. Bom dia. Maravilhoso, não só, mas também, por ser tão actual. Grande realidade colocada em versos poéticos
    .
    Abraço

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    1. Prezado Amigo, "Ricardo águialivre" !
      Muito grato pelo carinhoso registro,
      nobre Escritor. Sinto-me honrado com
      tua presença. Um fraternal abraço, aqui
      do Brasil !
      Sinval.

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  2. O lamento do rio... que poema bonito, Sinval, as lágrimas do rio, será que sobrou lágrimas? Veja só o que é um rio para a vida do planeta, fico a imaginar... Tudo morre. Lindo, muito.
    Beijo, querido amigo.

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    1. Querida Amiga, Escritora e Vizinha,
      Taís Luso, boa noite !
      É a vida que se exaure, a lágrima
      que escorre em direção à alma ferida
      de morte...
      Muito grato e um afetuoso abraço.
      Feliz semana !
      Sinval.

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  3. Um poema excelente a lembrar-nos a triste realidade que está a acontecer nos rios (os nossos também), por desleixo dos homens e excesso de cimento...
    Uma boa semana, meu Amigo Sinval.
    Um beijo daqui, de Portugal.

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    1. Querida Mestra/ Escritora, Poetisa
      Graça Pires, boa noite !
      A ignorância e a descontrolada ambição,
      identificam os culpados pelas tragédias
      que se repetem...
      Muito agradecido pelo costumeiro carinho.
      Um fraternal abraço, aqui do meu Brasil !
      Sinval.

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  4. A morte do rio, prenúncio da morte da vida ...muito triste .
    um abraço

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    1. Amiga/Socióloga, Guaraciaba Perides,
      Boa noite !
      Concordo, plenamente, com o teu
      prognóstico. Não há como negar.
      Uma ótima semana e um carinhoso
      abraço de agradecimento.
      Sinval.

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