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quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Poema: O SALVADOR DE CARANGUEJOS

    


Estou lambuzado.
Meu corpo está coberto de lama e molhado.
Este mangue é sagrado mas, eu,  um pobre
diabo,  preciso deste lugar.  
Ele tenta se esconder.
Esta criatura, me olhando com ternura,  quer
me comover.
Seus braços  fortes, não são tão fortes quanto  
a minha fome.
Sou um bicho maior e comer o menor, é direito meu !
Seus olhos estranhos,  sua vida no 
submundo, imundo, desperta  em mim 
 um sentimento de piedade...
Na panela, a água fervente trocará
  a sua  cor,  sem direito a gritar de dor.   
Os dentes do cliente, afiados como
 faca, cravarão em sua  carne, dando
 Adeus  aquele buraco !
Poucos sabem o que representa, para a 
 vida, este amigo meu.
É  melhor  nem saber.
A ignorância  diminui o sofrimento...
Ainda há tempo !
Estão vivos, os condenados caranguejos.
Todos voltaram aos seus buracos.
Não mudarão de cor.
Foram salvos por amor !

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Poema: UM POEMA AO POETA

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Poema: PARADIGMAS QUEBRADOS


Ouvi, como verdade, que a honestidade 
faz parte da felicidade.
Que as  ações criminosas  devem ser punidas.
Que  o certo e o errado, por abismos,  são separados.
O mau exemplo, que vinha de baixo,  de
 castigo era  punido e  por todos era apontado.
O paradigma foi quebrado...
Não se encontra  mais  pequenos  bandidos,
pois todos foram promovidos pela facilidade 
da corrupção.
As grades da prisão foram serradas, pelas leis
 desajustadas, para não mais prender ladrão, 
que  virou autoridade.
Nobreza,  era  a riqueza  nascer do trabalho, não da  
criminosa esperteza.
Que se cuidem os honestos... estão na mira da punição.
O uniforme listrado e numerado, pelo terno e 
colarinho foi trocado...
Falta  prisão, sobra ladrão, nos paradigmas quebrados 
 pelas autoridades da minha  Nação.
Sinto até vergonha de haver nascido nestas 
cercanias, onde o povo foi enganado, perdeu
 a felicidade e, também,  a dignidade.  
 
Sinval Santos Silveira

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

POEMA: Homenagem aos Pais





Amanhece  a vida.
Chega  a minha consciência.
Torceste para ser longo, o meu dia de existência.
Tudo era novidade.
Não sabia, claramente, se estava diante de um homem,
ou na presença de Deus.
As horas vão passando, e aprendo a reconhecer.
Fico surpreso !
Não és, apenas, um homem.

Também,  não és Deus.
És o meu pai. O meu sagrado pai !
Aquele que mostrou os meus caminhos, desviou-me
dos espinhos, procurou fazer-me feliz.
Ensinou-me tudo, acerca da vida, e a todos amar.

Hoje sei  distinguir o bem do mal, o certo do errado...
e continuo sendo amado, ainda que não estejas mais
aqui.
Tuas profundas pegadas, teu sorriso e o teu afago,
fazem parte do meu ser.

Todo o teu amor, transferiste para mim.
As lembranças que carrego, desde os tempos de
criança, são frutos do teu viver._ 

O suor da tua face, mistura-se  às lágrimas  que dos meus
olhos rolam, com a cor da felicidade, e o sabor da saudade.
Desculpa-me por minha existência  haver exigido tanto de ti...
Agora, aceita meu beijo, no rosto ou  na alma, neste teu dia,

tão merecidamente festivo.
Bendito seja Deus, que me permitiu ser o teu filho, querido pai !
 Sinval Silveira

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Conto Poético : O VELHO E A MOCHILA




Um velho homem, já cansado de andar e
sem destino, sentou-se ao "meio fio" da 
calçada, frente a minha morada.
Ofereci-lhe água fresca e uma cadeira
confortável, à sombra ventilada de um   
cajueiro perfumado.  
Seus pés descalços, quase em chagas,
pediam socorro. Não aguentavam  mais
o chão abrasivo.
Ofertei-lhe banheiro, uma muda de roupas
limpas,  calçados e refeição do meio dia...
Foi grande a transformação !
Notei, ali, um homem  desprovido de   
ambição e  educado, mas  magoado com 
a vida, ou com alguém.
Espontaneamente,  satisfez a minha 
curiosidade, ao mostrar o que trazia em sua
mochila.
Quase nada havia, além de recordações,
fotografias, bilhetes e muita saudade de um
passado, que não se despede do presente...
Migalhas  de pão, que colheu no seu trajeto 
sem fim,  negavam-se abandonar as poucas
 quinquilharias que carregava.
Ao apertar minha mão, emocionado  pela
gratidão,  disse-me:
" Esta mochila não pode carregar muitas
 coisas materiais.
É o  depósito do meu  universo imaginário,
da eterna saudade que transborda os limites do coração.
Nela,  deposito os versos que componho, sem 
escrever uma só letra... "
Foi embora, deixando-me um largo sorriso, sem 
dentes, mas uma alma transparente querendo

ficar. 
E, em sua mochila encantada  levou 
 a minha saudade, com vontade de querer voltar !
Sinval Santos da Silveira