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quarta-feira, 31 de maio de 2017

Poema: O DESEMBARQUE


Sorrisos e lágrimas dominam  meu mundo.
Sentimentos que se negam  morrer.
Nadam na dor, respirando saudade de uma
felicidade  que pertence ao passado.
A  parada do desembarque é cruel...
Dúvidas se agarram  nas escorregadias encostas 
da vida, abrindo feridas que não  conseguem cicatrizar.
Preciso ir embora, sem demora...  fugir. 
Mas, para onde, se nem  mesmo  sei de onde 
vim ?
Daquele olhar traiçoeiro, tento minha  dignidade 
salvar.
Por paixão, coloquei em risco minha reputação, sendo
 desprezado e, por maldade, humilhado.
Finalmente, as  amarras  desatei.
Consegui estancar o pranto e  acalmar o
desencanto, enxergando o caminho a seguir.
O desembarque ficou na curva da longa estrada, cada vez
 mais distante e sem  despedida !
Na bagagem, apenas  lembranças, doces  e 
amargas lembranças ...
 
Sinval Santos da Silveira




quarta-feira, 24 de maio de 2017

Conto poético: Confidencias Restritas




"Não me importo com os nomes, endereços 
ou o que fazem, embora insistam em  tudo  
me  contar.
Minha conversa é restrita, pois tento ser
artista  na arte de representar.
Mas não vivo de aplausos e sorrisos...
Conto os minutos  para o espetáculo 
terminar. 
Tenho contas a prestar.
Há dias  em que  enfrento  filas. 
outros, nem tanto.
Meu céu não tem cor, deuses ou santos.
Os castigos e milagres, sou eu mesma 
quem dou.
Não há sonhos. Foram desfeitos...
Os sorrisos, também, são encomendados.
Sou uma vendedora  de fantasias, com a 
decoração que o cliente  desejar.
Achas que tenho duas caras ?
Não !
Tenho  muitas, uma para cada  lugar.
Faço o amor acontecer, sem  amar, do 
anoitecer ao amanhecer.
Não conheces o meu  mundo, moço ! 
O teu, sei como é. "
Dito isto, atendeu a um novo chamado e, 
num caminhar  elegante e apressado,  
sumiu na multidão.
Esqueci de perguntar o seu nome, mas já
a vi em alguma  esquina da vida...
São todas  parecidas, mas  diferentes criaturas,  vendendo
 amor com ternura, fazendo  a vida  acontecer
 e da amargura esquecer !
Sinval Santos da Silveira

quinta-feira, 18 de maio de 2017

Conto poético: SALVE-SE QUEM PUDER


Bandido aprendeu: matar e roubar,  não 
 são crimes nem pecados.
Tudo isto foi, pelo homem,  inventado.
Pode estar equivocado, ou é coisa do passado.
Agora, a moda é outra...
Quem condenou, está sendo condenado.
Roubou demasiado.
Uma vergonha sem precedente, pois  
ex presidente de ladrão está rotulado.
É roubo para todo lado.
Até  "Ali Babá"   foi humilhado.
Seus  40 ladrões  traíram o chefe e entregaram 
a senha:  " abre-te Sésamo " .   
A caverna se abriu, a polícia invadiu e 
 o mistério foi desvendado.
A culpa é de uma mulher que já morreu...
Ufa ! 
Que alívio, pois o povo imaginava que o  grande
culpado fosse um homem
 malvado, um " cara de pau",  safado
 e outros predicados.
Que  injúria, coitado !
Salve-se, quem puder !
 
Sinval Santos da Silveira



quarta-feira, 10 de maio de 2017

Conto Poético: OS PORÕES DO INFERNO


Quartos escuros, abafados.
Portas e janelas trancadas.
Desconforto. Sair, só morto.
Gente, muita gente. 
Higiene, nem pensar. 
Odor,  insuportável...
Vidas humanas em risco.
Gritos na madrugada, pesadelos sem fim.
Consciências culpadas, arrependimento
tardio.
Olhos  atentos que vigiam dia e noite.
Ameaças sem limites.
É o império do medo.
Gargalhadas  mascaram  a  tristeza.
Sonhar não é permitido,  nem dormir para descansar.
Os porões do inferno residem  naquele 
lugar.
O olheiro, um carcereiro, que não é Deus 
mas é dono da  vida e da  morte, que terá 
muita sorte se vivo sair de lá.
Nenhum amigo fará.
Viverá o restante dos seus dias, contando 
histórias  sem alegria,  esquecido do amor
que reside no lado de  fora...
 
Sinval Santos da Silveira

quinta-feira, 4 de maio de 2017

POEMA: O CHORO DE CHICO





Rotulada de bandoleira, permanece
 na trincheira, sem 
cumprir sua missão.
Uma judiação !
É de cortar o coração.
Ruas com entulhos... 
A polícia não  é  bem vinda.
O silêncio é tumular e o medo espectador.
O perigo está lá fora.
As paredes tem ouvidos  e não podem falar.
Gente assustada, sombreada pelo  horror,
condenada sem julgamento  e  executada
 por preconceito.
Olhos descrentes, lágrimas não há.
Quero  ajudar, mas sinto medo de voltar.
E  a  "Rosa dos Ventos" continua lá, confinada e calada.
Virou símbolo de tempestade,  testemunha da maldade !
Desconfiança jorra em abundância, sufocando
uma infância que de culpa não tem nada.
Crianças, somente crianças, lembram a vida.
Num momento de trégua, conto  histórias e
colho sorrisos.
No Monte,  Cristo reza e Chico Mendes, chora...