Aquele corpo maltratado, é prova do
sofrimento que a vida, em alto preço,
lhe cobrou.
Seu rosto desfigurado, salienta a linha
do pecado, de quem nada fez por amor.
O brilho dos olhos se apagou, e nada
restou daquela beleza deslumbrante, que
me apaixonou.
Os cabarés foram a sua morada, e os
homens, seus senhores.
Também, é grande a minha amargura, ao
ver morrer a ternura, que em minha face
habitou.
Minha vida, transformada em gorjeta, rolou
pela sarjeta...
Procuro consolar meu coração, mas encontro
a barreira da traição, sufocando o perdão.
No espelho, falo com os meus olhos, mas
nada me respondem.
Acabaram os meus lindos sonhos, dando
vazão aos pesadelos...
Ouço vozes na madrugada, trazendo
recados de quem não conheço.
Gargalhadas, por vingança, matando a
esperança de voltar a sonhar.
As noites são longas, frias, e indiferentes
os meus dias.
Sobrevivo das gorjetas afetivas, atiradas na
calçada desta vida, teimosa e atrevida !
Sinval Santos da Silveira