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quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Poema: A POETISA E O PESCADOR



Sensível e  inteligente, habitava 

aquela  mente,  uma linda poetisa !

Construía os seus versos com beleza

e  harmonia, conquistando todo aquele 

que o seu poema lia.

Sua graciosidade a todos encantava,

e despertou a paixão de  um rude 

pescador.

Parecia pretensão demasiada,  

namorar uma mulher tão refinada !

Nem  compreendia os seus escritos, 

o  humilde  trabalhador.

Sua paixão era comovente,  e até 

humilhação vivenciou.

Mas seu barco e suas calejadas mãos,

sensibilizaram  a  criatura !

As gaivotas,  como cupidos em  ação,   

levavam  e traziam recados, tocando 

aquele  nobre coração.

O  que parecia impossível, em realidade 

se tornou !

Um  casal apaixonado, cheio de amor !

Ela, em terra firme,  belas  poesias foi

construindo.

Ele, em alto mar, sob os aplausos dos

biguás, pescando os peixes para a sua 

amada alimentar !

Junto-me, agora, aos pássaros marinhos 

e, também, aos passarinhos, para desejar 

ao feliz casal, muito amor,  na terra e no 

mar !
Sinval Santos da Silveira

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Poema: A ADOLESCENTE



Lembro-me bem daquele dia.
Torrencialmente, chovia.
Teu vestido  de chita, cobria um 
lindo corpo de menina,  querendo ser 
mulher.
Cabelos molhados e escorridos, pés 
descalços, brincando nas corredeiras das sarjetas, sem
 notar
 meus olhos voltados 
para  ti.
A chuva, impiedosa,  não dava trégua.
Eu,  quase  um homem, ensaiando o 
pecado,  te olhava com um olhar diferente.
Teus olhos,  nem perceberam os meus
olhos...
O tempo passou, e a adolescência foi 
embora.
A vida me levou para outros lugares, longe
de ti.
Mas  não te esqueci !
Voltei, te procurei, mas o mesmo tempo 
apagou  as tuas pegadas.
Não mais te encontrei.
Restou, em minha mente, aquele olhar
tão inocente !
Um  vestido de chita, brincadeiras nas
corredeiras,  me  trazem de volta a este 
lugar.
Aquele  jeito  lindo da  adolescente, que 
pena, deu  lugar, tão  somente,  à  
imaginação e à uma brutal saudade !

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Conto poético: CARTA ABERTA A UM MISERÁVEL




Miserabilíssimo Senhor Mendigo:

Perdoa-me por perturbar o vosso sossego, 
quase  eterno.
Estou confuso e necessito da ajuda de um
ser nobre, como Vós.
Vosso trabalho foi usurpado, ou inexiste, por
razões que suponho conhecer.
Procurei  nos balcões policiais,  e nos
 demais órgãos públicos
 de  registros criminais, qualquer ato
 ou fato que pudesse 
denegrir a vossa imagem de mendigo.
Aliás, uma  ocupação que abdica das vaidades
e ambições humanas.
Nada consta a vosso respeito, além 
de um homem que
 sofre as consequências de uma 
marginalização sócio/econômica, talvez por opção.
Então,  resta a miséria  como obstáculo e
discriminação sociais.
Tomei a liberdade de comparar  a vossa  vida, 
tão  humilde, com a de 
diversas "autoridades"  do meu 
País e, confesso, fiquei estarrecido.
Não tenho  o direito de vos ofender.
Vossa miserabilidade consegue
 sobreviver do nada, sem
 a ninguém  prejudicar.
É o extremo da vida.
"Aqueles outros",  assaltantes dos cofres 
públicos, roubaram as 
 economias do povo, inclusive
 a vossa e a  minha, e  vivem 
em palácios.
Ao contrário de Vós,  constam dos
 registros criminais. 
 Claro, com raras exceções.
Não sei como  pedir perdão a vós.
Mas, recebais a minha admiração !
Quanto aos "outros", aqueles ladrões a que me
 referi,  registro o meu desprezo e os votos de 
uma consciência  perturbada e  irreversível,
durante os anos de vida que lhes restam.

Respeitosamente,

Um admirador.
 
 
 
Sinval Santos da Silveira

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Poema: CHAPECÓ





Terra  "de onde se avista o caminho  da roça" 

e, também, do amor... 

Berço  da  orgulhosa  Nação Kaingang  e 

palco de ardentes  espetáculos.

Na plateia,  esperanças e vitórias, alegria 

e  intensa  felicidade.

Os valentes guerreiros,  voando alto como

aves rapineiras, foram noutras plagas  o 

oponente enfrentar !

Garras afiadas, emboscada nas alturas, 

tragédia no ar... deixaram, na terra, a 

amargura do  pranto a jorrar.

Olhos entristecidos revelam o tamanho 

da dor,  o espanto do horror !

Lágrimas, respingam  no mundo inteiro.

Murmúrios e gritos  trazem da roça do

Chapecó, o lamento do plantador...

E o  voo, 2933, chegou ao fim, sem o

seu destino atingir ...

Hoje, nas noites esgazeadas, escuto

soluços e gargalhadas, vejo estrelas a

piscar, avisando que um novo jogo vai 

começar !
Sinval Santos da Silveira