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quarta-feira, 27 de julho de 2016

Poema: GORJETAS DA VIDA



Aquele  corpo  maltratado,  é prova do 
sofrimento que a vida, em alto preço, 
lhe  cobrou.
Seu rosto desfigurado, salienta a linha 
do pecado, de quem nada fez por amor.
O brilho dos olhos se apagou, e  nada 
restou daquela beleza deslumbrante, que 
me  apaixonou.
Os cabarés foram a sua morada, e os 
homens, seus  senhores.
Também, é grande a minha amargura, ao 
ver morrer a ternura, que em minha face  
habitou.
Minha vida, transformada em gorjeta, rolou 
pela sarjeta... 
Procuro  consolar  meu coração, mas encontro 
a  barreira da traição, sufocando o  perdão.
No espelho, falo com os meus olhos, mas 
nada  me respondem.
Acabaram os meus lindos sonhos, dando
vazão  aos pesadelos...
Ouço vozes na madrugada, trazendo 
recados de quem não conheço.
Gargalhadas, por  vingança, matando a
esperança de voltar a sonhar.
As noites são longas, frias,  e indiferentes 
os meus dias.
Sobrevivo das gorjetas afetivas, atiradas na 
calçada desta  vida, teimosa e atrevida !
 
Sinval Santos da Silveira

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Conto poético: TEATRO DA IMAGINAÇÃO



Daqui, fico olhando  o mar...
Quantos mistérios submersos, escondem 
estas águas.
A cachoeira bravia, leva para os córregos 
da vida,  os meus confusos pensamentos.
Para onde eu olhe, lá estás, abraçada aos 
florais, que tanto aspirei... e àquela  música 
que  me levou ao pranto.
Sobre a gigantesca onda azul, novamente,
assisto a dança das sereias.
Somente eu,  estou presente.
Ninguém mais, além dos poetas, tem acesso
ao teatro da imaginação.
São deslumbrantes seres,  a  fonte nascedora
da  beleza !
Reverenciam  a vida marinha e  declamam,
em forma de poesia,  as curiosidades das
 profundezas do mar !
Contam histórias da sua Rainha, a Sereia
MION,  prisioneira em  seu  castelo, por 
ciúme do seu amor.
Como é lindo este  bailado !
Ao final, aplaudo, entusiasticamente, e 
converso com elas, conto histórias 
da terra, e ouço as do mar. 
São graciosas e felizes !
Pensei estar em alucinação, mas não !
Para o poeta, tudo é possível, até mesmo um
baile de sereias, sob o som de  uma 
música, intitulada " imaginação ".
 
Sinval Santos da Silveira


quarta-feira, 13 de julho de 2016

Poema: FLOR DA NOITE


Habitas  as sombras da noite. 
Sorris, não sei se de felicidade, ou por 
desprezo à quem te olha admirado.
Teu semblante me assusta...
Sinto medo do teu jeito de ser.
Lembra-me um predador  que  haje igual 
a ti,  na solidão de um mundo  silencioso,
difícil de entender.
Usas a beleza  irrecusável, como  isca
do  pecado,  atingindo o coração.
Tua formosura, travestida de ternura, 
ilumina as trevas  na esperança de vender 
amor.
A  forte maquiagem e as roupas  atrevidas,  
vestem a fantasia dos desejos  reprimidos.
Nem precisas falar,  és  escolhida pelo 
olhar...
Flor da noite, fugitiva dos jardins
  e  dos jardineiros,  chegaste
 para alimentar os
sentimentos,  perfumando o mundo inteiro !
Como zumbis, desfilam os homens a tua 
frente, querendo amor comprar.
São  súditos teus que, obedientes,  beijam,
incontinentes, os teus pés.
E, agora, também te reverencio, minha
 linda rainha,  quase de verdade !
 
Sinval Santos da Silveira


quinta-feira, 7 de julho de 2016

Conto poético: BENDITO NEVOEIRO


Estou envolvido por um denso nevoeiro,
turvando a luz do meu  caminho, e mudando 
a vida da minha Cidade.
A noite fica fria,  parecendo  congelar as 
minhas entranhas.
Ate os cães vadios sumiram das ruas !
As moças, tão bonitas de saias curtas, como
que por encanto, se mudaram dos pontos
  de encontros, onde conquistavam seus brotos.
Mas,  hoje é sábado e o baile, tão esperado,  
já começou  lá no outro lado da praça. 
A viola de doze cordas, tagarela e afinada,
não  para de tanger.
O violeiro desliza os  dedos  sobre os 
trastes e, como se não bastasse,  desafia
o som do pandeiro,  chamando  para a roda  
o valente sanfoneiro !
Só  não consegue dissipar o nevoeiro. 
O " arrasta pé"  não tem hora para acabar, 
atravessa a  madrugada, indo até o dia 
raiar !
As mães, desconfiadas, ficam sentadas nos
bancos, a noite inteira, cuidando das filhas namoradeiras.
Os rapazes, safados e faceiros, oferecem
 bebidas às  olheiras, querendo sua confiança
conquistar.
E lá fora, o  bendito  nevoeiro tudo encobrirá,
assim que  o próximo baile começar !
 
Sinval Santos da Silveira










sexta-feira, 1 de julho de 2016

Poema: AS VIELAS DA MINHA TERRA



Não sei porque, são tão estreitas as vielas
da minha Terra.
Talvez, por terem o nome de " viela"...
São românticas, dando passagem somente  
às pessoas, e repletas de  tulipas e margaridas.
Os beija-flores, verdes e azuis, dão rasantes
para brincar com os amantes, sentados nas escadarias.
Mal iluminadas,  mas bem sonorizadas pelo
fado  na vitrola,  não permitem  pressa  no caminhar...
Janelas abertas, mostram  a beleza das 
toalhas de rendas branquinhas, estendidas 
sobre as mesas, parecendo  o  altar da  
felicidade !
Em cima do Itajer, durante à noite,  reina
 a pomboca, iluminando a pequenina sala, 
reservada às visitas que são,  sempre, bem vindas.
A  janela baixinha,  permite o flerte da 
rapariga vizinha, observando os gajos, 
loucos para namorar !
Ah, Deus, Já se passaram tantos séculos
mas, ainda,  sinto  na alma o perfume  das 
flores e da gente, das vielas da minha Terra !

Sinval Santos da Silveira