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quinta-feira, 7 de abril de 2016

Conto poético: AS CONFISSÕES DE UM RUFIÃO


Fiz parte de um grupo de poetas que,
costumeiramente, visitava  asilos  de 
idosos.
Poesias,  histórias e cantorias, eram a
tônica das visitas.
Um espetáculo de sentimentos !
Contava-se um episódio e, da plateia,
ouvia-se outro, mais  emocionante, narrado
por pessoa com mais de 100 anos de  vida.
Pode-se imaginar o volume do repertório...
Numa tarde gelada de agosto, céu cinzento,
vento soprando do quadrante sul, fui tocado,
às costas, por um velho homem, pedindo-me para
 ouvir a sua confissão, pois não  teria coragem 
de faze-la a um sacerdote.
Curioso, aceitei.
Disse-me:
" Estou neste asilo há mais de vinte anos.
Não tenho ninguém por mim, além da sociedade, é claro.
Sabes o que pratiquei em toda a minha vida ?
Rufianismo ...
Não presto. Não valho nada.
Vivi às custas da miséria moral.
Aqui, mesmo, neste asilo, estão internadas
quatro mulheres idosas, que fizeram parte
do "plantel" que explorei por muitos anos.
Fingem não me conhecer,  por vergonha.
Sou um canalha, pois aliciei, multas delas, 
por dinheiro,  desmanchei casamentos e 
destruí lares.
Escondo-me de Deus, por constrangimento.
Não mereço ser perdoado." 
Disse-me, tudo isto, com as ranhuras  que a 
vida deixou em sua face, transbordando de lágrimas !
Até hoje, procuro palavras para consola-lo,
e não as encontro, talvez por não merece-las.













4 comentários:

  1. Linda confissão... Deus o ouviu e não adiante ele se esconder... Ao te escolher, você foi o instrumento divino! Não tenho dúvida alguma!
    Abraço.

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    Respostas
    1. Minha querida amiga, Célia Rangel !
      Fiquei impressionado com a confissão,
      bem como com o drama de consciência
      daquele homem. Mas ficou aliviado,
      como que tirando um grande peso de
      suas costas...
      Muito agradecido pela atenção, e um
      fraterno abraço, aqui do Brasil.
      Sinval.

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  2. Olá querido amigo! Se me permitir assim chama-lo.
    Sabe, fooi muito lindo! este ser precisava deste desabafo para o alivio de sua alma.. ainda que lhe falte as palavras para consola-lo, Deus o usou como instrumento de paz e calmaria para um coração aflito. Tenho certeza que mesmo na falta das palavras ,mas com a atenção dos seus ouvidos, de seu olhar, de suas mãos estendias e afago nos cabelos , Deus fez com que chegasse aquele coração o alivio necessário ....Parabéns pela missão cumprida...
    abraço CLEO IORI
    seja bem vindo lá no meu cantinho....http://cleoiori.blogspot.com.br/

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  3. Oi, amiga, Cléo Iori, boa tarde !
    Que bela análise !
    Creio que estás coberta de razão.
    Fico muto grato por toda esta
    atenção. Teu blog e lindo !
    Um carinhoso abraço.
    Sinval.

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