É, apenas, uma pedra, apelidada de
"guarita".
Todos os pescadores a conhecem.
Muitas histórias, talvez lendas, giram ao
seu redor.
A noite estava calma, assim como manso,
estava o mar.
As águas espelhavam uma linda
estrada prateada, parecendo
subir nas encostas da montanha.
Senti-me parte daquele belo espetáculo.
Estava só, com os meus pensamentos
repletos de imaginação.
Para espantar o medo, cantava ou assobiava.
Muitas histórias de assombração ouvi, desde
menino, sobre a " guarita ".
Piratas assassinos, sereias e bruxas, moravam
lá, garantiam os velhos pescadores.
E eu estava "lá", na madrugada.
Lembrei-me da história mais contada
nas "vendinhas" do lugar.
Narravam:
" Escutei um murmúrio, vindo daquela pedra.
Poderia ser um animal da mata, ou o barulho
do mar.
Mesmo assustado, fui olhar.
Uma linda e sedutora mulher, distante pouco
mais de vinte metros, chamava por mim.
À medida que dela me aproximava, mais perto
do mar ela ficava.
Andava sobre a água, na estrada prateada,
fazendo sinal para acompanha-la.
Fui até à beira das pedras mas, por medo,
recuei.
Salvei a minha vida e ela sumiu no meio
de frenéticas gargalhadas.
Muitos pescadores desapareceram naquele
pesqueiro, sem causa aparente... ".
Até hoje, contam esta história da "bruxa do costão".
Mas eu só ouvi grunhidos de gaivotas, atrás
das rochas, parecendo gargalhadas.
O medo faz coisas...
Sinval Santos da Silveira