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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Conto poético: MAIS UM GOLE DE CACHAÇA


Hoje, ao cair da tarde, conversei com um 
velho homem.
Gosto muito de conversar com pessoas
experientes .
Aparentava uma profunda  tristeza...
Seus olhos estavam  fundos  e congestionados.
Talvez  tivesse chorado por muito tempo.
Senti, em seu hálito, um cheiro forte de 
álcool, cachaça da braba !
Não quis questiona-lo, para não magoa-lo.
Espontaneamente, disse-me:
" Estou  sofrendo, amigo.
É uma dor tão doída,  que não há medico, ou 
remédio, que possa curar-me...
A dor do amor mata, sabias ?
Eu não pretendia ama-la por muito tempo
 mas, sim, eternamente.
Não me entendeu, ou não me amava o suficiente
 para compreender o meu jeito de ser.
O amor pode ser um remédio para todos os males, ou 
um veneno de morte.
Eu a cobria de  carinhos.
Tempos depois, queria voltar.
Preferi manter a minha dignidade...
Meu corpo permanece vivo, mas minh´alma
está morta, de tanta tristeza."
Concluiu o seu desabafo, dizendo-me que já
se  passaram 27 anos, e a dor cada vez maior." 
Dito isto, bebeu mais um gole de cachaça, com 
um olhar perdido
 no passado, e as lágrimas no presente.
Eu consegui entende-lo, também, com 
muita  tristeza...









quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Poema: AS ÚLTIMAS AMARRAS



Preciso da ajuda dos céus, para livrar-me 
deste sofrimento.
Enfraquecido, como um  ébrio cambaleante,  
fujo para bem distante, onde os meus olhos  
não podem alcançar.
Tenho  medo deste lugar.
As montanhas me vigiam, e a minha 
consciência,  parecendo o eco, sempre quer voltar.
As cachoeiras, em meu nome,  murmuram  histórias que não  contei.
O bambuzal  gargalha na mata, para me assustar.
Chegou a hora de  partir...
Destas  algemas, quero me livrar.
São amarras danosas, que maltratam a alma,
fazendo-me chorar.
Invisíveis,  doem feito farpas cravadas
 à traição, lá no fundo do meu coração.
Foram promessas não cumpridas, lágrimas
fingidas, traições nas encruzilhadas da vida.
Custei a enxergar...
Fica o pranto de uma profunda dor, e se vai 
um  grande amor !


sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Poema: ALMA CREMADA



Minha sereia deitava na areia, para
comigo  namorar.
Chegava  na madrugada, conversava
com a passarada, trazendo notícias do 
fundo do mar.
Tudo era só encanto.
Mas, li em seus olhos a chama do amor 
se apagar.
Sua beleza  chamou a atenção de um 
pirata pescador, que a levou para bem 
longe deste lugar.
Do trapiche, ainda vejo na flor da água, 
o rastro que o seu barco deixou.
Foi embora,  habitar outros mares, quem 
sabe no norte, quem sabe no sul...
Abandonou o meu ninho, deixando um 
triste passarinho, sem alegria para cantar.
Nem mesmo a força da lembrança,
conseguiu manter a esperança de um 
dia ela voltar.
Hoje, na mesma praia de areia branquinha, um
 bilhete, numa  garrafa vazia,  flutuava
nas ondas do mar.
Ansioso, li a  mensagem que escreveu com
 euforia, mandando minha alma cremar !
Cumpri o seu desejo.
Agora, vou semear as cinzas no alvorecer
de uma nova vida, na esperança de  outro
amor  encontrar !
    

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Poema: REVERÊNCIA ÀS LÁGRIMAS



Nascidas no fundo da alma, emergem 
querendo falar.
Incontidas, rolam em minha face, trazendo
emocionadas  noticias de lá.
Em cada gota, ecoa no peito um grito de 
saudade.
Não ouso mudar o curso da sua corrente.
Recadeiras  do infortúnio, solidárias a
 minha tristeza, acariciam 
meu rosto, amenizando o desgosto.  
Chegam em silêncio, mas  deixam
 rastros pelo caminho.
Sei muito bem o que dizem...
No espelho, um rosto desfigurado pela 
cruel decepção, faz-me refletir sobre a 
tempestade que me envolve.
Antes de tudo, preciso de um remanso
para me abrigar, de um novo sorriso para
trazer de volta o brilho do meu olhar.
Do calor de um abraço amigo, também,  
careço.
Estou só, com minhas profundas chagas, mas 
reverencio as lágrimas, pelos  recados
que me dão, em nome da alma e do coração.

     Sinval  Santos da Silveira