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segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Poema: RAPINEIRA



Seguindo os passos cambaleantes,
não perdendo  um só instante, surge 
o  momento fatal.
Sobrevoa  na espreita,  escondendo  a 
sombra do mal.
Sem piedade, desprende dos ossos
a carne, que  a morte lhe ofereceu.
Por sobrevivência, o perdão mereceu !
Soltando o seu grito de guerra, meu 
coração estremeceu.
Atento,  observo...
Não sou vítima, nem autor !
Tenho  medo do açoite,  do vento forte
da noite, que me trazem de volta as 
amargas lembranças.
Como um eco, sempre retorno  para 
ouvir, quem sabe sentir, o alarido do grito,
o pavor de quem não consegue da morte 
fugir.
Do que restou, somente as plumas fugiram,
levadas  pelo vento, como um alento,  na
direção do nada.
Da natureza premiada, sobrevive, nas alturas, 
a vida que a rapineira levou.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Poema: MINHA CEIA DE NATAL


Será com pães do dia anterior, bananas e, 
talvez, laranjas, uma caneca de café, quem 
sabe, um pouco de leite.
Tudo isto é mais que suficiente, para um 
humilde nascimento  relembrar...
Sinto vergonha de encher a pança, sabendo
que tem criança, ao meu lado, de fome a
chorar.
Beberei somente água fresca  da bica e,
a cada ingestão, farei uma oração de 
agradecimento, em memória ao nascimento
daquele Ser  tão especial.
Não  exibirei mirras,  tâmaras, nem jarras  de 
vinhos, muito menos reis  e  presentes.
Pedirei perdão ao  Pai, por  não haver seguido todos
 os conselhos  do seu Filho.
Caso encontre pelo caminho algum pobre com
fome, será meu convidado especial.
Assim, será minha Ceia de Natal !
 
 
Sinval  Santos da Silveira





domingo, 6 de dezembro de 2015

Poema: LEMBRAS DE MIM ?


Já faz tanto tempo...
Certamente, não te recordas.
Sou aquele que  te ama e a quem juravas,
eternamente, me  amar.
Que velou pelo teu sono, não permitindo a
maldade, de ti, se aproximar.
Rezei por tua felicidade !
Pedi a Deus proteção aos teus passos,
luz nos teus caminhos e noites sem trevas.
Fiz promessas, empenhei minha palavra 
junto  ao Santo de minha devoção.
Escolhi o canto dos passarinhos, o perfume
das flores, e o luar  mais prateado do sertão,
para  aos teus pés depositar.
Da chuva e do frio, te protegi com o meu 
corpo !
Nas encruzilhadas da vida, aconselhei a 
melhor direção a seguir, removendo pedras 
do caminho, sentindo as tuas dores  e 
solidário nas  angústias.
Carreguei os fardos mais pesados, nas 
estradas do passado,  que o destino, sem 
piedade, em teu
 colo depositou.
Agora, mesmo esquecido, continuo a te 
amar, sem que te  lembres de mim e, 
creia-me, sou feliz assim...

Sinval Santos da Silveira