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terça-feira, 28 de abril de 2015

Poema: O ÚLTIMO TRAGO



Cantava, tristemente cantava !
Chorava, declamando lindos versos de amor,
improvisados  na viola. 
Emocionado,  segurava o copo de aguardente,
até a última gota se despedir.
Mesmo sem dedilhar, sua viola vibrava sem
parar !
Já conhecia todos os versos do seu cantador.
Quando embriagado, dormia  no braço da 
viola, repercutindo os acordes do seu coração.
Soluçando ao travesseiro, balbuciava coisas
que nem mesmo ele entendia.
Brigava com sua alma, quando de ébrio lhe
chamava.
De  olhos vermelhos, hálito inflamável, mãos
trêmulas e já recolhidas à inanição, parecia
um zumbi, ou uma assombração.
seguiu seus derradeiros  passos, até sumir 
na multidão, à procura  do amor que sonhou,
consolado pelo último trago que tomou...
Sua fiel companheira, não se calou diante do silêncio do cancioneiro.
Hoje, mesmo sem ser percebida, perambula pelas esquinas da vida, à procura de um novo
tocador !



terça-feira, 21 de abril de 2015

Poema: LÁGRIMAS DE AMOR



Seus olhos morenos, miúdos e serenos,
me olhavam com ternura, sem nada falar.
Apenas um sorriso, suave e discreto, dos
seus  lábios desprendeu.
Suas lágrimas, mensageiras da alma, 
libertadora dos sentimentos, finalmente
falaram.
Nunca mais ficariam caladas, e rolaram 
por sua linda face, procurando por mim.
Molharam o meu rosto, e entraram em
meus olhos, saciaram minha sede, e senti
o seu  gosto de amor !
Ao longe, as cordas de uma  viola, tangendo
na madrugada, fizeram chorar o cancioneiro 
 apaixonado.
Lembranças invadiram minhas entranhas,
batendo forte o meu coração.
Nesta fusão de sentimentos, entre lágrimas
e beijos, sob a testemunha única de um 
céu sem estrelas, mas iluminado por um 
doce olhar, tomei aquela mulher em meus 
braços para, eternamente, amar !

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Poema: EQUIVOCADA PARTIDA



Confusa, parecia aquela convivência.
Cansado, fui embora tentando livrar-me
de imaginário sofrimento.
Nadei na forte correnteza das minhas
lágrimas, expulsando do peito a tristeza.
Parti sem olhar para trás, na certeza de
que, logo ali, estaria o que procurava  o
meu coração.
Rebusquei, em cada esquina da vida, a
verdade da imaginação.
Apreciei  lindas imagens, construí olhares,
ouvi vozes trazidas pelo vento !
Segui  o caminho das estrelas, banhei-me
à luz do luar, e escutei o sedutor canto da
sereia.
Adormeci  na areia, embalado pelas ondas
do mar !
Cheguei ao final da trilha...
Nada havia, além do que deixei na partida.
Tentei abrir os seus braços e pedir perdão.
Não consegui.
Jamais se fecharam e não me deixou falar,
cobrindo-me de beijos !

sábado, 11 de abril de 2015

Poema: ALCOVA



Minha fuga, aporta aqui.
Fujo de mim,
Tudo me parece estranho, no silêncio
deste quarto.
É a minha caverna.
O sono me abandona, e o ruído dos seus
passos,  indo embora, deixa-me exausto.
Tenho certeza, estou só e, quem sabe,
para sempre.
Expulso meus pensamentos desta alcova
mas, desobedientes, me torturam.
Ainda ouço aquele sorriso, vejo o brilho dos 
seus olhos, e os cabelos soltos ao vento.
Sinto as lágrimas do lamento,  encharcando 
o  mento, oprimindo meu  coração.
Tento realinhar as minhas emoções, mas
o perfume da saudade é insistente...
Solitário, medito.
Aqui, neste lugar, não há estrelas, nem luar.
Somente lembranças, esperanças, e o desejo
de não voltar.
Nem mesmo o vento pode entrar.
Não há sol, e nem sei se é noite ou dia.
Os  ponteiros do relógio adormeceram...
Penso  no que passou, e vejo as 
vitórias misturadas às  derrotas.
Nem sei mais distinguir uma da outra.
De braços abertos, em profundo silêncio, 
resta-me Ele, somente Ele, que não se 
cansa de enxugar o meu pranto.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Poema: SONHANDO AO LUAR



Dois mundos.
Um deles, o infinito.
Pensamentos em conflitos, entrelaçando
corações.
Longe dos olhares, um caloroso amor se
entrega a tudo !
Viagens  delirantes, não são o bastante
para o destino aportar.
E o céu, fica  logo ali...
O alpendre se transforma em passarela,
mostrando o charme dela.
Na alcova, somente o amor pode se
hospedar.
As estrelas aplaudem e dançam até o
dia  raiar, em obediência à fantasia.
A lua cheia, faceira,  prateia o lindo  corpo
da mulher amada ! 
No alvorecer, antes do sol nascer,  abre
as cortinas da vida, e convida o aroma
das  flores,  para o seu amor despertar.
Não precisa de mais nada.
A madrugada, o gorjear  da  passarada,
a  mulher amada, e um sonho ao luar

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Poema: A EXPLICAÇÃO DO POETA


        

Perguntei a um poeta, por que tantos versos
escreve ?
Por que não vê a vida como  tantas outras 
pessoas ?
Fitou-me nos olhos, e respondeu:
" Versejo para não chorar de alegria, ou de
tristeza.
Estão minhas  lágrimas nas palavras esculpidas,
tomando corpo nas entre linhas,  abraçadas à dor,
ou à euforia.
Sou, apenas, alguém que  passou por aqui, sem
haver encontrado  o que procurou.
Nem rastro deixou.
Ao fugir da vida e da morte, encontrei quem não
pretendia encontrar.
As sombras, no caminho, me assustaram, falaram
de mistérios e de coisas, que não compreendo.
Hoje, entendo, eram  réplicas sem cor, grito sem
eco, gemido sem dor. 
E eu, não sou ninguém.
Nem o corpo, nem a sombra.
Sou um ser que parou entre a vida e a morte.
É difícil de entender ?
Procure nas entre linhas dos meus versos.
Por isto, tanto versejo "