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domingo, 28 de dezembro de 2014

Poema: MINH´ALMA TE ESPERA

 
Da tua partida, posso a dor suportar,
o sofrimento abrandar, da ausência
sobreviver.
Quem sabe, até, consiga  me refazer,
com os pedaços do que sobrou daquele
amor.
Mas, minh´alma,  fragilizada, morre um
pouco a cada dia, esperando por ti.
Não consegue esquecer o teu pranto,
gritando meu nome, perguntando por
mim.
Sente-se só, abandonada, esquecida
na noite fria, chorando de saudade,
lembrando daquele  intenso amor.
Ontem, foi o ápice do desespero.
Não consegui encontrar palavras, ou
pensamentos, que pudessem acalma-la.
Ah, mulher amada !
Não imaginas como esta dor maltrata o
meu coração...
Pelo menos, devolve os meus sentimentos,
se o teu amor não for possível.
Ainda que não voltes, minh´alma, para
sempre, irá te esperar !

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Conto Poético. PICUMÂ

Filho da fumaça, deixavas sem graça
a dona do fogão.
Ardência nos olhos provocavas, sem
piedade da mulher que o fogo soprava.
Muitos nomes ela chamava, e o marido
humilhava, como sendo o culpado da
fuligem acumulada.
E a fumaça ao rosto voltava, invadindo
o telhado da casa, vestindo de negro
tudo o que, pela frente, encontrava.
A pomboca iluminava a pequenina casa,
entupindo o nariz e o pulmão.
Quanta poluição !
Por mais que lavasse, o cheiro da fumaça,
dos cabelos não abria mão.
Nas paredes, as sombras dançavam,
aguçando a imaginação, dando veracidade
às histórias de assombração.
No lado de fora, o silêncio era macabro.
Podia-se ouvir, ao longe, o mugir do gado,
o cantar do galo, a risada da mocinha faceira.
Na vendinha, conversa de cachaceiro, era
um ponto alto de atração.
E o picumã, que entupiu tantos chaminés,
por esta Ilha afora, hoje entope de saudade,
o coração de quem acreditou naquelas
histórias de assombração...

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Conto poético: ABNER

Ouço, ao longe, uma suave melodia de natal !
Os bons sentimentos afloram à pele, pedindo
para falar, escutar, ajudar...
Sentado, com as costas apoiadas a um  muro de
pedras,  protegido por uma acolhedora sombra,
um homem, um velho homem, descansa.
Não me atrevi importuna-lo com as minhas
curiosidades, para saber o que já imaginava.
Limitei-me, então, somente observa-lo.
Uma bolsa  vermelha,  certamente contendo de tudo,
foi o que da vida lhe restou, além de muitas lembranças.
Em seu sono profundo, esboçava sorrisos  inocentes,
parecendo uma criança adormecida.
Toda a sua inconsciente  expressão, era de felicidade !
Serenamente, acordou.
Cumprimentei-o, carinhosamente.
Sem que nada lhe perguntasse, disse-me:
" Chamo-me Abner.
Estou cansado e com muita saudade de todos e,
em especial,  das crianças.
Minha estrada é longa, infinita...
Um  mundo de amor, fantasias e realidade.
Há poucos minutos, sonhei com  momentos felizes,
vividos intensamente por mim.
Prometi,  aos meus amigos e irmãos, sempre voltar
nesta época do ano.
Estou aqui, cumprindo minha promessa."
Incrível, retirou daquela sacola suas vestes vermelhas,
transformando-se no mais lindo, autêntico, e  único
PAPAI NOEL, jamais visto por esta região !
Voltou para trazer um tríplice e fraternal abraço, a todos
os seus irmãos, que retribuem com alegria e interminável
saudade !

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Conto poético: MURMÚRIOS E RUÍDOS DO PASSADDO



  Uma linda mesa antiga, hoje exposta à curiosidade,
  sem privacidade, guarda profundo silêncio, e muita
  saudade.
  Oito cadeiras, louça de porcelana, talheres de prata,
  cristais nascidos na Europa, castiçais... e tudo mais.
  Ao lado, um "porta bengalas".
  Sala ampla, paredes artisticamente decoradas,
  janelas e portas altas, com cortinas leves,
  dançando ao sabor do vento.
  Teto e assoalho, em tábuas corridas, selam o
  primoroso requinte.
  Tudo, sob o olhar atento do mordomo educado.
  Chegam, ao presente, pelas mãos cuidadosas,
  sensíveis e zelosas, de quem não permite o passado
  sepultar.
  Pedi licença, e sentei-me à mesa.
  Respeitei a cabeceira, privativa de uma era patriarcal,
  muito especial.
  A concentração e o silêncio, permitiram-me ouvir
  murmúrios e ruídos do passado.
  Bradando, com arrogância, a sineta de metal chama
  a criadagem.
  Escuto os talheres se debatendo contra a porcelana,
  retalhando alimentos, para a fome de alguém
  saciar.
  O tilintar dos cristais, aprisionando finos vinhos,
  anuncia brindes aos momentos especiais.
  No centro da mesa, o candelabro de sete velas,
  discreto e calado, testemunha um glorioso passado.
  Ouvi sorrisos, assisti lágrimas e confissões.
  Mulheres bonitas, ostentando roupas extravagantes,
  e penteados admiráveis, também assisti !
  Não escutei os passos dos escravos, caminhando
  com os pés descalços, para a Sinhá não incomodar.
  Por onde anda toda aquela gente ?
  E o mordomo, para onde se mudou ?
  Tudo isto, faz parte de muitos outros segredos,
  que aquela fiel e linda mesa, não me revelou !