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segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Poema: EU E O VENTO

 

 
Ruidoso e invisível, mas chega de mansinho para
me visitar.
A mata se rende, reverenciando seu jeito de
amar.
Por onde passa, fecha as portas, põe ao chão
as folhas mortas, carrega o perfume das flores,
desalinha os cabelos da mulher.
É o meu recadeiro !
Traz, de longe, as mensagens  de tudo o que
amo,  leva  embora os meus desenganos,
deixando o sorriso dela.
Dança com as cortinas do meu quarto, tira a
poeira do retrato, só para me ver feliz.
Deixa, em minha cama, o gostoso cheiro dela e,
ao sair, fecha a porta e a janela, para ninguém
mais entrar.
Nas madrugadas, solitário e com saudade do meu
amor, canta e assobia, como um seresteiro vadio,
para me fazer companhia, até o galo cantar, ao
raiar do dia !
Em alto mar, na  hora da pescaria, enche as velas
de alegria, para fazer sorrir o meu apaixonado
coração !
Já cansado, e todo molhado, estendo as roupas
no varal, e a esteira  de palha seca, no quintal.
Lavo as mãos na gamela, o peixe cozinhando
na panela, e com o vento me abanando, vou sonhar
com ela ! 
 
 
 

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Poema: FEITIÇO DE UMA PAIXÃO


 
Dominado, meu coração me conduz.
Cambaleante, sem conhecer onde chegar, só
me resta caminhar.
Tua voz, escuto a me chamar. 
Procuro resistir mas, inconsequente, obedeço.
E quando  percebo, novamente, estou aqui, de
joelhos, aos teus pés, pedindo para ficar.
As chagas, juro, não doem mais, já  são partes
do caminho que percorro, do  sofrimento que
na bagagem carrego, sem reclamar. 
Sinto falta da dor, embalando este alucinado
amor.
A natureza sorri da minha fraqueza, procurando
me consolar.
As flores me oferecem invisíveis perfumes, ao
som do  gracioso  gorjear dos passarinhos ...
E, eu, chego ao mundo da fantasia, aspirando,  
sem pudor, os encantos deste amor.
São flores, cantos, e até desencantos, que me
acorrentam aos teus abraços, suaves  como os
perfumes inefáveis.
Já embriagado de tanto prazer, tento, mais uma
vez, fugir.
Não consigo.
Faço questão de ficar aqui !
E a vida, vingativa e na espreita, gargalha,
dominada  por ti, minha feiticeira paixão !

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Poema: SOFREGUIDÃO


 
Sentada ao piano,  teclava lindas canções
de amor.
Concentrada, cantava e tocava.
Suas mãos a acompanhavam, como  se
fizessem parte de outro corpo.
Apenas tocavam.
Eu, olhava e escutava, desatento.
Eram  lindos os seus olhos !
Sim, os  seus olhos eram indos, pareciam
pérolas ao luar. Brilhavam !
Sua face se iluminava, ao cantar  versos
de amor.
Sua cabeça, baixa, não permitia  me olhar.
Pelos ombros, caíam  seus negos cabelos,
cobrindo, quase desnudos, um harmonioso 
busto, desviando a  minha atenção.
Já nem  sei a canção que tocava.
Apenas escutava, sem ouvir a canção que
cantava.
Das suas vestes,  não me recordo a cor.
Apenas do sonoro piano, em que tocava,
restou a saudade da voz que cantava, as
lindas canções, que a mim dedicou.
E, eu, não cantei, somente chorei ao ouvir
sua doce  canção, que a mim dedicou, com
tanto amor !
Falava de sofreguidão....
Tinha toda razão.
Segurei suas delicadas mãos, e um beijo
acrescentei, pedindo perdão.
 

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Poema: ALMA EM CHAMAS


 
Deixa-me admirar o teu rosto, e não fala
nada.
Fecha os olhos, estou aqui.
Como são lindos os teus cabelos, em
perfeita harmonia com o teu ser.
Não precisas de mais nada, para ser,
por mim,  amada.
Estes lábios, que  sempre  me dizem  "sim", 
são  testemunhas de um verdadeiro amor.
São incontáveis as vezes que me beijaram,
que me aconselharam, e que me acalmaram,
trazendo-me a felicidade que tanto procurei.
Ah, estas mãos, como são lindas, e quantas
vezes me tocaram, desbravando  minh'alma,
por mim, desconhecida.
São mágicas e encantadoras, mensageiras
das  notícias alvissareiras...
Gostaria de ter dois corações.
Um para te amar, e outro, para te amar mais,
ainda.
Agora, querida, quero te ouvir.
Abra os olhos, e fala.
" O que poderia uma mulher apaixonada, como eu,
responder diante de tantas declarações, dirigidas
aos meus sentimentos ?
Meu coração sorri destas doces lágrimas, que
rolam em minha face,  querendo ser bebidas por ti,
e matar a tua sede de amor.
Meus olhos brilham para iluminar os teus caminhos,
retribuindo a  felicidade  que me ofereces.
E as minhas mãos, trêmulas de emoção, te  entregam
o meu coração, e esta alma, queimando em chamas ! "