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sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Conto poético: MEU NOME É ESPERANÇA

 
 
 
 
Sentado  na areia branca desta praia, observo
uma linda mulher a  chorar...
Seus lábios tremulam, parecendo falar.
Próxima de onde estou, escuto seu soluço de dor.
É linda !
Cabelos negros e bem cuidados,  soltos sobre
os ombros, combinam com seu perfil de beleza,
prendendo  minha  atenção.
Deve ser um sofrimento imenso.
Talvez, a perda de um ente querido,  ou  um
desentendimento...
Pensei aproximar-me para ajuda-la... mas como
faria isto ?
Neste momento,  a maré  repontando  para cheia,
leva as suas águas  até onde estava sentada,
molhando  as suas vestes.
Ao socorre-la, claro,  iniciei uma conversa.
Disse-me:
"Meu nome é amor, saudade, ou  sofrimento.
Estou no centro da tua alma, nas entranhas de
todos aqueles que  amam.
Sou  amiga dos poetas, pois eles traduzem o que
sinto.
Posso ler em teus olhos, um grande amor vivido,
hoje muito sofrido, impossível de esquecer.
É uma dor sem remédio, um profundo abismo.
Mas este fogo, queimando a tua alma, renova o
coração para uma nova paixão.
Por isto, também  sou chamada de esperança ! "
Levantou-se, e desapareceu diante dos meus olhos,
já turvados pelas lágrimas da saudade.
 
 
 
 
 
 
 
 
 

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Conto poético: AMOR POEMA

 
 
  Entre lágrimas e sorrisos de alegria, relatou-me
um casal amigo:
" Somos assim, felizes !
Possuímos um só coração, repleto de amor, de
saudade, mesmo estando a menos de um metro
de distância.
Precisamos sentir e ouvir a respiração, um do
outro.
Conhecemo-nos pelo olhar, pelo sorriso, e pela
textura da face.
Temos  a sensação de formarmos uma única pessoa,
com os mesmos sonhos e aspirações.
Chegamos a sentir as mesmas dores.
Dormimos abraçados, temendo que os anjos nos levem
à  passear no céu, pois o nosso céu é aqui, um junto ao
outro.
Beijamo-nos, sem parar, até adormecer...
Pela manhã, ao despertar, recomeça o nosso intenso
amor.
Não damos espaço a sentimentos menores, pois isto
seria desperdício de tempo.
Precisamos de todos os momentos para amar.
Agora, poeta amigo, espalha em teus doces versos, as
coisas  boas que te digo.
Não permita ciúmes, desconfianças, pois isto  resulta
em fendas, que se transformam  em abismos, separando
pessoas que se amam, gerando sofrimento.
Não tenta desvendar se é o beija-flor que beija a flor, ou
a flor que beija o beija-flor.
Simplesmente, beija intensamente, com o coração cheio
de amor. "
Amigos, não preciso  transformar nada em versos.
Este amor,  já é um poema.
 
 
 
 
 
 

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Conto poético: O SEPULTAMENTIO DO DIABO


                Morre um homem de 80  anos de idade.
Um forasteiro, mas radicado, por aqui, há muito
tempo.
Inteligente, culto, e conhecido em meu Estado.
As notícias correm como um vendaval.
Presumi, então,  uma multidão nos funerais,
marcados para às 10h do dia seguinte.
As 9.30h, somente estavam presentes 2 homens,
e  4 mulheres.
Aproximou-se o horário do sepultamento.
Nem o sacerdote compareceu, para encomendar
a  alma do falecido.
Então, a pedido da viúva, pronunciei algumas
palavras, e o genro coordenou uma única oração.
Nenhuma vela,  flores ou coroas de  recados
sociais.
Lágrimas, nem para remédio.
Empurrando o carrinho com o caixão, somente o
genro e eu.
Antes de baixar o corpo à última morada, como
de costume, retirou-se a tampa do visor, para a
a despedida.
Fiquei assustado !
Ele esboçava um sarcástico sorriso, e  os olhos
entreabertos....
As mulheres abandonaram  o local, dizendo  que o
" diabo acabara de ser sepultado."
Depois, fui entender a razão de toda a revolta.
Ele foi um homem mau, espancador de indefesos,
e desprovido de bons  sentimentos.
Agora, muitas histórias estão sendo contadas.
Seu único filho homem, certo dia, foi visita-lo e
almoçou  em sua casa.
Após, o pai cobrou-lhe o prato de comida ...
Esta, é uma pequena  mostra do que foi, em
vida, um homem que não cultivou o amor.
 
 
 
 
 

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Conto poético: O SEGUNDO PARTO

 
 
                       
Muitos anos  se passaram, desde que deixei as
entranhas daquela Santa Mulher.
Lembro dos seus gritos, do meu choro desesperado,
por ser expulso de um  lugar,  tão sagrado.
Na superfície do meu ventre, a profunda cicatriz
não me deixa esquecer da saudade.
Das chibatadas, que recebi desta vida, trago marcas
ainda doloridas.
As do corpo, cicatrizaram.
As da alma, em chagas se transformaram.
Caminhava à beira mar da minha Cidade, absorto
nestes pensamentos nostálgicos.
Era uma bela manhã de outono.
Repentinamente, um cordial  "bom dia,"  trouxe-me de
volta à realidade daquele momento.
Um abraço, exigiu minha atenção a um velho amigo.
Pareceu adivinhar a minha dor.
Claro, é um poeta, acostumado a respirar os sentimentos
alheios.
Disse-me:
" Velho companheiro, a  dor que sinto neste peito antigo,
não pode ser comparada à nada que se conheça.
Leio, em teus olhos, semelhante  angústia.
Julgava-me o homem mais equilibrado, e  mais sensato
deste mundo.
Nos meus modestos versos, olhava a tua dor, a  minha
dor, como resultado de um episódio de amor, mal
resolvido.
Enganei-me, amigo.
É muito mais do que isto !
Aquela mulher, era o meu templo sagrado, o campanário
dos meus sentimentos.
O que sinto, nenhum poeta consegue descrever.
Creio ser o segundo parto, sem  assistência, e sem
batismo... somente, sofrimentos."
Cabisbaixo, foi embora sem se despedir, falando sozinho,
e com toda razão.
Também, sei disto, meu poeta  irmão !
 
 
 
 
 
 
 
 

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Conto poético: AS LÁGRIMAS DO JUIZ

             
 
Um homem, abraçado à  nobre e espinhosa missão
de julgar.
Um Magistrado !
Embora acostumado ao sal do oceano, às margens
da selva, foi  morar.
De passagem, sua voz, a Pátria toda ouviu.
A intensa obrigação, por dezenas de anos, sufocou
seu  coração.
Quantas histórias, registrou sua mente...
Reconhecimentos, também.
Homenagens pomposas, discursos dos seus pares,
e pétalas de rosas em seu caminho, foram muitos,
como muitos, os espinhos.
Não chorou.
A vida  difícil, não permitia suas lágrimas derramar.
Reencontrei-o, sem as algemas do dever...
Seu passado glorioso, continua presente !
Homenageado por amigos, certamente irmãos de
coração, transbordou sua emoção.
Abraços cordiais, revelam  o mesmo homem.
Ambiente formal, muito formal. Quem sabe, até,
secreto...
Aproxima-se um homem humilde, de coração nobre,
para  lhe dar um abraço.
Confessa-lhe a sua admiração, com a voz embargada
pela emoção.
Agradece, com a face molhada pelas lágrimas, a
dedicação extrema na criação, e direção de um
"informativo filosófico".
Carinhosamente, entrega-lhe um  pequenino pacote
de manteiga, " a  melhor  da sua terra," segundo ele.
Foi um gesto forte demais. 
Abraçou-me, e não conseguiu  concluir esta história.
Juiz, também, chora !