Só, permaneço aqui, nesta casa, que faz
parte do meu passado, testemunha da vida,
trincheira das minhas emoções.
Em cada canto, uma saudade, uma história
a contar.
Indiscretas, as sombras dos arvoredos, em
noites de forte vento, invadem a intimidade
deste aposento.
Movimentam-se como pessoas, procurando
nem sei o que, talvez espionando o que não
tenho a esconder.
Pela proximidade com o mar, escuto fortes
estrondos.
São as ondas, debatendo-se nos rochedos.
Nas madrugadas, gritos e gargalhadas, me
fazem tremer de medo.
Nos corredores, passos, rumores, e gemidos
de dor dão-me, agora, a certeza de que não
estou só.
Semi adormecido, ouço batidas à porta,
parecendo alguém pedindo para entrar.
Questiono, sem resposta.
Calafrios percorrem meu corpo, e procuro,
em vão, me acalmar.
Sei que é o vento, mas parece falar, querer
alguma coisa me contar.
Tudo, por aqui, tem vida.
Pássaros marinhos, de hábitos noturnos,
pousam na velha figueira, grunhindo a noite
pousam na velha figueira, grunhindo a noite
inteira, esperando o alvorecer.
Cansado, procuro adormecer.
Ah, sim, o barulho no corredor, que tanto me
assustou , era a saudade que , docemente,
chegou para me abraçar. !