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quinta-feira, 29 de maio de 2014

Conto poético: O ABRAÇO DA SAUDADE



Só, permaneço aqui, nesta casa, que faz
parte do meu passado, testemunha da vida,
trincheira das minhas emoções.
Em cada canto, uma saudade, uma história
a contar.
Indiscretas, as sombras dos arvoredos, em 
noites de forte vento, invadem a intimidade
deste aposento.
Movimentam-se como  pessoas, procurando
nem sei o que, talvez espionando o que não
tenho a esconder.
Pela proximidade com o mar, escuto fortes
estrondos.
São as ondas, debatendo-se nos rochedos.
Nas madrugadas, gritos e  gargalhadas, me
fazem tremer de medo.
Nos corredores, passos, rumores, e gemidos 
de dor dão-me, agora,  a certeza de que não
estou  só.
Semi adormecido, ouço batidas à porta,
parecendo alguém pedindo para entrar.
Questiono, sem resposta.
Calafrios percorrem meu corpo, e procuro,
em vão, me acalmar.
Sei que é o vento, mas parece falar, querer
alguma coisa me  contar.
Tudo, por aqui, tem vida.
Pássaros marinhos, de hábitos noturnos,
pousam na velha figueira, grunhindo a noite 
inteira, esperando o alvorecer.
Cansado, procuro adormecer.
Ah, sim, o barulho no corredor, que tanto me
assustou ,  era a saudade que , docemente,
chegou para me abraçar. !

sábado, 24 de maio de 2014

Poema: POETA SALVADOR


 
Desencantos, liberam os prantos, entristecem
o lindo rosto da mulher.
Abrem chagas na alma, projetam caminhos sem
destino, proíbem sorrisos de felicidade.
Seus  olhos opacos,revelam desilusões.
As portas do mundo parecem fechadas, e a vida
não tem mais sabor.
Sufoca seu peito à saudade, daquele que não
mais voltou.
Desesperada, procura abrigo nos versos do poeta, como
 o cristão, aos pés da Santa Cruz.
É recebida de braços abertos, no aconchego de
um  mundo encantador.
Renasce, então, a esperança, no fogo ardente 
da emoção !
Escuta a voz da verdade, e se rende aos apelos de perdão.
Em cada verso, uma doce  felicidade, despida
 de vaidade, trazendo na essência, uma canção.
Dança com as estrelas, banha-se na prata do
luar, e espanta a tristeza.
Embriaga-se no perfume dos jardins floridos, ouve
 o canto dos passarinhos, e conversa com o
beija-flor.
Viaja nas asas das borboletas, e saboreia frutas
no pomar da imaginação.
Reencontra, na esquina da vida, seu coração
sem ferida, gemendo só de amor !
Na estrada da poesia, não há ponto final, e as 
lágrimas, somente de alegria.
Agradecida, beija as mãos suaves e mágicas, 
de quem a vida lhe salvou !

domingo, 18 de maio de 2014

Poema: LOUCA MOLDURA


 
O silêncio envolve este quarto.
Meus olhos procuram, em vão, quem gostariam
de ver.
Pelos cantos, os velhos móveis trazem fortes  
lembranças, dos melhores momentos que já vivi.
Na parede, apenas uma moldura, sem imagem,
aguarda minhas loucas imaginações, já
transformadas em alucinações.
Nela, estão os meus sonhos  reprimidos, gritos 
e suspiros de saudade.
Somente as ilusões sobrevivem.
São os fantasmas, habitando o que de mim
restou.
Em todas as madrugadas, tempestuosas, ou
enluaradas,  estás lá a sorrir e, de braços abertos,
me ofereces teus lindos lábios, para beijar.
Escuto  as juras de amor,  respondo aos teus
apelos, enxugo os  prantos e, de joelhos, orando,
converso  contigo.
Sou envolvido num abraço de ternura, mas não
abandonas a moldura, deixando-me só, neste
mundo, com as minhas loucuras.
Meus gemidos de dor, quebram o silêncio deste
quarto, denunciam o cansaço, de quem mais uma
noite de angústia viveu.
Antes de  adormecer, é sempre assim, cubro a
moldura para tentar te esquecer.
Salto da cama, ao amanhecer, para te beijar e
um bom dia desejar, pedindo desculpas por te
escravizar, nesta louca moldura...
 
 
 

terça-feira, 13 de maio de 2014

Conto poético: CIÚME INJUSTO


 
Sentado à frente da Catedral, da minha querida Cidade,
observava o cotidiano.
Pessoas apressadas, outras nem tanto, caminhando em
direções opostas, ou não. 
Na multidão, apenas uma chamou a minha atenção.
Parecia cansada.
Varreu ao redor da Praça XV de Novembro, as folhas
mortas que o outono, caprichoso, retirou das ramagens.
Fez do seu carrinho de coleta de lixo, a mesa para apoiar
um pequeno, e humilde lanche.
Parecia delicioso, pois a fome devia ser grande, maior
que o seu  bocado.
Era uma Senhora, funcionária da limpeza pública, uma
"gari " !
Quem será aquela mulher ?
Aproximei-me e, após cumprimenta-la, estendi uma
conversa de curioso.
Provocada, disse-me:
" Limpo, esta área,  há uns doze anos, ou pouco mais.
Conheço cada pedra  deste caminho, identifico  as
folhas das árvores, embora  já soltas no chão,
vítimas do vento, e da estação.
Ajudam-me entender o meu fracasso.
Por ciúme doentio, cometi uma terrível injustiça,
acusando, sem fundamento, quem mais amei nesta
vida.
Como resultado, perdi meu grande amor...
Vejo-o, diariamente,  passando por aqui, muito bem
cuidado, dirigindo-se ao  Museu Cruz e Sousa, onde
trabalha.
Escondo-me atrás destas árvores, para que não me
veja. Sinto vergonha do que fiz.
No ano passado, jogou na lixeira alguns papéis usados.
Sabe moço, eu os recolhi, e guardo comigo para sentir
o cheiro das suas  mãos...
Acha que estou louca ?
Todo final de expediente, subo  aquela escadaria, e vou
à Igreja  rezar, pedindo a Deus que me perdoe,  e que
faça aquele homem muito feliz. "
Enquanto as lágrimas rolavam em sua face, causticada
pelo sol, rebusquei palavras  para consola-la.
Encontrei, somente, um afetuoso abraço de compreensão,
e piedade.
Aceitou com extrema emoção.
 
 
 
 

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Poema : Homenagem as Mães

 
 
" Ofereço-te as minhas entranhas.
O meu sagrado corpo, servirá de berço ao teu
nascimento, estimado filho.
O meu amor, será tão forte  quanto o florescer
da primavera.
Jamais haverás de me esquecer...
Bendito seja Deus, que permitiu a tua fecundação,
amado filho meu.
Teus olhos, teu coração, e os teus sentimentos,
serão pedaços meus, a ver, amar,  e sentir, por este
mundo do Senhor ".
São palavras, minha querida mãe, que ouvi mesmo
antes de nascer, ainda protegido em teu ventre.
Lamento, que nenhum ser humano haja sido capaz
de resumir, numa única palavra, todo o amor que
sinto por ti.
Tudo é muito pouco, muito singelo, diante da  grandiosidade
da vida que me deste, do seio que me ofertaste, da
proteção dos perigos, a que estive exposto.
Não posso esquecer a divina felicidade que me propiciaste,
no afago do caloroso beijo de amor.
Uma verdadeira bênção de Deus...
Do corte daquele cordão, que separou meu frágil corpo,
do teu corpo forte, ainda me lembro do ranger  da impiedosa
e inconsequente tesoura, separando-me da tua proteção
biológica.
Perdoa-me pelo gemido de dor, que te fiz passar.
Assim, querida mãe,  neste teu sagrado dia, quero te
ofertar o meu carinho, com um doce beijo, que te darei na
face, ou na alma, para simbolizar o quanto te amo !
 
 

domingo, 4 de maio de 2014

Conto poético: NO TILINTAR DAS TAÇAS


O  lindo rosto da mulher se ilumina, diante do seu
amor.
Chegou quem, ansiosamente, esperava.
A emoção toma conta da sua alma, fazendo tremer os
seus lábios.
Envolvem-se, como sempre,  num caloroso abraço e,
em alguns passos, chegam ao interior do ninho do amor.
Um tapete carmim, confunde-se com a luz do poente,
arrancando das entranhas, um grito de vitória estridente.
Sobre a mesa, taças esbeltas, abraçam doces acerolas, aguardando os lábios  sedentos...
E somente os olhos conversam.
Saudade, e sorrisos francos, misturam-se aos prantos,
revelando o mais puro amor !
A felicidade está no ar.
A luz não mais ilumina, e cede  lugar às sombras da
imaginação.
Tudo é sedução.
A inércia, então, se movimenta, e fala de paixão.
Ouvem-se murmúrios, incompreensíveis...
Surgem sutis, e misteriosos perfumes.
Gorjeios alados, expulsam o silêncio.
O clima é de afeto, tilintando os cristais, num doce
ritual de exortação à felicidade !
E a alma desfila pelos cantos, dos encantos jeitos 
de se mostrar.
Graciosa, estende um afetuoso abraço, paralisando
o tempo, algemando o vento, querendo da vida só
amar.
Mas as horas passam, como relâmpagos na tempestade,
já transbordando as taças da saudade, num tilintar de juras,
e  promessas de eterno amor !