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quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Conto poético: AMOR DE PALHAÇO

 
Tudo parecia arte.
A interpretação era perfeita.
Os aplausos ecoavam  além das lonas  do circo..
No picadeiro, a presença alegre de um homem de
roupas coloridas, risonho, de boca grande, sapatos
enormes.
Gargalhadas estridentes, era a sua marca de artista. 
O Palhaço " Pitanga".
Nada o abalava.
As crianças o  imitavam,  e os adultos o admiravam.
Nas alturas, os trapezistas dominavam o circo.
Voavam, arrancando aplausos. 
Mas o ato que silenciava a platéia, era o da "domadora
de leões".
Mulher jovem, belíssima, corajosa e enérgica.
 Prendia  a atenção de todos.
Na cidade, não se falava em outra coisa.
Pois esta mulher, foi a paixão alucinante do palhaço
Pitanga, fora das lonas.
Ester,  jamais lhe deu qualquer esperança...
O sofrimento  do artista,  causava comoção.
O circo foi embora, e o Palhaço permaneceu naquela
cidade, transformando-se num pescador, solitário e
triste, onde viveu por muitos anos.
O circo, nunca mais retornou, mas Ester, muitos  anos
após, voltou para pedir perdão,e quem sabe ...
Mas o  tempo  já havia se esgotado.
O  quarto do Palhaço Pitanga, ainda estava decorado
com inúmeras fotos daquele circo e, em especial, da
 "domadora de leões", que chorou copiosamente...
 
 

Conto poético: A ESTRANHA FELICIDADE

A realidade, por vezes,  maltrata.
Torna-se cruel, ou  indiferente, diante dos 
sentimentos.
Habita a imaginação, como defesa, e a fantasia,
como destino.
Talvez, alucinação...
Um homem, de nome... bem, qualquer nome,
não importa, é um enigma para os estudiosos
dos porões  da mente.
Convive com pessoas, normalmente, 
prevalecendo as suas verdades.
Procura, e encontra na  fonte da insanidade,
as respostas que deseja.
Louco, para  alguns.
Um sonhador, para outros.
Busca  a felicidade.  Nada mais.
Está  aqui,  mas  seu coração,  está lá...
Ama  a  vida, não importando se  há despedida, 
ou  um porto para  chegar.
De braços dados à apatia, qualquer ponto é um
bom lugar.
Ah sim, alguns  que não concordam com a maioria,
o chamam  de "andarilho".
Curioso, conversei com um deles, e perguntei-lhe
quem era ?  Na expectativa de saber o seu nome, de
onde vinha, e para onde ia...
Respondeu-me:
"Não venho de lugar algum,
nem procuro um endereço.
Sou, apenas, um caminhador,
à procura de um  amor, que
poderá estar aqui, ali, ou 
onde o sol se pôr."
Perdi o fôlego.
Incrível, pareceu-me  feliz !
 
 

Conto poético: O VENTO POR TESTEMUNHA


Era um final de tarde de primavera.
Um vento fresco, soprava da terra para o mar.
As águas do Atlântico, permaneciam calmas.
Somente o fluxo, e o refluxo  da maré, mexiam
com as  cristalinas areias, que aos meus pés
repousavam.
As gaivotas, em vôos rasantes, faziam-me
companhia e, vez por outra, pousavam próximas,
gargalhando estridentemente.
O vento soprava forte, levantando a areia seca
das dunas, devolvendo-as ao mar.
Encontro marcado.
Espero  por aquela mulher.
A praia, completamente deserta, me permite
avistá-la ao longe.
Caminha rápido, como querendo por fim a um
pesadelo, ou tomar uma séria decisão.
Agora, pela proximidade, tenho a confirmação.
É ela.
Como sempre, bela e atraente.
O vento cola o seu  leve  vestido amarelo, ao
divino corpo, transferindo o restante à
imaginação do expectador.
Seus cabelos negros, longos e  esvoaçantes,
quase me tocando,  permitem que  eu sinta o
seu perfume de rosas.
Com os olhos mareados de tristeza, e a voz
trêmula, embargada pela emoção, me disse
"adeus".
Nada mais conseguiu falar.
Num gesto de submissão,  baixou os olhos
e  se afastou, para sempre...
Paralisado, acompanhei  a sua caminhada,
até  onde meus olhos conseguiram enxergar.
E as gaivotas, que a tudo assistiram, não
param de gargalhar.
 
 
 

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Poema: CONTIGO EM MEUS BRAÇOS


Neste dia chuvoso, frio e silencioso, mais
do que nunca, sinto falta de um abraço. 
É como a flor, que  aguarda o toque
carinhoso do colibri, em suas entranhas 
perfumadas.
Ou como o pássaro carniceiro, sobrevoando
o  dia inteiro, à espreita da morte,  que a
vida, inimiga, sua carne lhe doou.
E o que dizer da noite, parideira do orvalho,
ouvidora dos pecados, profanadora da
inocência, assassina da consciência ?
Nesta ansiedade,  aguardo por ti, mulher !
Sonho, abandonando a imaginação, para
atender aos apelos desta profunda emoção.
Teu calor, que nem a brisa do mar consegue
abrandar, aumenta a febre do desejo, por um
ardente beijo, que somente tu  podes  ofertar.
Vou erguer muralhas de sucenas, sequestrar
as  estrelas, construir rios de perfumes, para
a tua  alma se banhar.
E o sabiá  laranjeira, cantará  a noite inteira,
para o teu sono embalar.
No alto da montanha,  contigo em meus braços,
quando florescerem a  sucena e o jasmim, vou
construir o mais belo  jardim, para contigo morar !
 

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Conto poético: PÁSSARO PRESO



Há poucos dias passados,  caminhava numa ensolarada
manhã, à beira mar.
É a minha Terra amada !
O mais lindo lugar do mundo, a Terra em que nasci !
Focado na natureza, escuto o ruido das ondas do mar,
parecendo comigo falar.
Nos pés de aroeiras, o estridente cantar das  cigarras,
lembrando-me  que o verão está por chegar.
Agradeço-lhes, num gesto  simbólico.
Banho meus pés na água salgada e fresca do  mar,
ansioso por me beijar.
Sinto-me um privilegiado, livre e amado,  pensando  só
em  poemas.
Repentinamente, minha audição chama-me à atenção.
Era um canto de pássaro, diferente dos que habitam aquele 
lugar.
Numa gaiola, pendurada ao flamboayan, lá  está ele, um
frágil "coleirinha".
Canta bonito,  para  chamar a sua amada.
E o seu carcereiro, talvez nem saiba  a razão do seu cantar !
Sua  prisão, mede não mais que 0,50 cm2, quando tem todo
um planeta para  voar.
Preso, sem  haver cometido qualquer crime,  mas, apenas,
por ser  bonito e gorjear.
Afastei-me, com um sentimento enorme de culpa.
Parecia não haver atendido a um pedido de  socorro, emitido
por um ser do meu reino....

Conto poético: O SEGREDO DA MONJA

Cabeça baixa, uma pequena mala  à mão esquerda,
rosto sereno, passos firmes e decididos.
Cruzava os umbrais do Mosteiro de São José, mais
uma mulher, jovem e bonita.
Ninguém podia entender, a clausura de tão belo ser.
Apenas um olhar ao céu, a despediu de um mundo

profano. O mundo do qual fez parte, por 19 anos...
Parecia procurar alguém nas alturas. Talvez o seu
Deus. Quem sabe, a sua fé.
Da sua família, somente a saudade restou.
Dos amigos, das "baladas" e passeios, esqueceu.

Precisava esquecer.
Rezar, agora, era o seu ofício. Somente rezar, e
trabalhar  naquele frio edifício.
Sua casa,  em suas orações, era  o universo.
Passaram-se os anos. Talvez  sessenta... quem

sabe, um pouco mais.
Da beleza física, nem vestígios.
Da família, nenhuma notícia. A clausura é radical.
Tudo em nome de Deus !
Agora, já com dificuldades de locomoção, sentada

à  sombra de uma mangueira, observa a chegada
de uma noviça.
Moça educada, submissa e respeitosa, beija  as
suas mãos, e ouve, da monja, a manifestação
carinhosa de "boas vindas". 

Nem passa por sua cabeça, o mistério  que está
por trás daquele  gesto.
Pela primeira vez, em toda a sua existência de
clausura, a velha monja recebeu um beijo familiar...
intimamente familiar. Ela sabe disto.

Enxugou as  lágrimas , que rolaram por sua face,
represadas ao longo de todos aqueles  anos, nas
profundezas do seu coração.
Mais um segredo, entre tantos de que é  fiel
depositária, para levar, no momento oportuno, aos

pés do seu  Criador...

domingo, 25 de novembro de 2012

Poema: Sublimação


Somente ao artista maior, se pode atribuir
tamanha transformação.
Não se trata de beleza, pois transcende a
pureza, da obra do criador.
Admirável mulher!
Do teu olhar, restou a saudade.
Da tua voz, ainda ressoam as palavras,
jurando eterno amor...
Até surpreso ficou, quem te criou!
Aos mortais, a amarga herança das doces
lembranças, de uma partida sem despedida.
Já acostumei com a tua ausência, e o ruído da
indiferença.
Nas madrugadas do meu recolhimento, ouço
recados trazidos pelo vento, de alguém querendo
entrar no meu aposento.
São toques conhecidos, emitidos por quem não
soube meus sentimentos respeitar.
Por ordem do cansaço, adormeço.
Inevitável sonhar contigo.
As roseiras, repletas de espinhos, choram sem
flores, e sem perfume.
Até a rosa amarela, tão amada por mim,
abandonou o jardim...
Mas vejo, cada vez mais viçoso e cheiroso, o
meu pé de jasmim!

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

RETROSPECTIVA

 
Retrospectiva

Abril de 2011!

Nascia o Coração Tagarela.
Blog, idealizado e criado em homenagem
ao autor de todos os contos poéticos,
poemas, e prosas postados no mesmo.
Poeta escritor romantico digno de respeito 
e admiração pelos amantes da literatura.
Hoje, o espaço criado é um sucesso absoluto.
Motivo de alegria e estímulo ao autor das obras
e também ao idealizador do mesmo, é claro.
Precisamos admitir, que no início, o próprio autor nem sequer imaginava a importância, e o quanto o Coração Tagarela iria marcar para sempre sua jornada como escritor.

Hoje o blog possui nada menos do que


564----Postagens
94 rascunhos
1.000 comentários aceitos (cumpriram regras do blog)

302 seguidores fiéis e milhares de Apreciadores.

113.215 vezes foi visitado até o presente momento
sendo que:

Portugal-------------------------4.211
Estados Unidos---------------2.990
Rússia---------------------------1.260
Alemanha---------------------1.126
Espanha------------------------378
Argentina---------------------273
Suíça---------------------------185
França------------------------119
Reino Unido---------------------108
Brasil-----------------------------99998

O blog Coração tagarela com muito orgulho
foi premiado em 2012 com vários prêmios entre eles:

Premio Dardo
Premio Poetas de Ouro 2012
Certificado melhor conteúdo 2012
Lucas Azevedo
Premio Versá tile Blogue AWARD
Premio Agenda de Ouro
Magda Moreira
Premio Participação no prosa poética
do Vendedor de ilusão


Algo que alegra e faz com que cada dia mais nosso autor
sinta-se comprometido e grato a seus leitores,
sinta-se estimulado a criar e compartilhar sua sensibilidade poética.
O comentário entusiasmado do leitor é gratificante.

Em nome do autor deixo meu abraço e meu agradecimento
emocionado. E agradeço a nosso Criador Supremo a sensibilidade
e o amor que sentimos pela POESIA!
Que nosso escritor “coração tagarela” tenha saúde ,Paz e continue sendo esse sucesso
para nosso deleite. 
E tenho tambem uma bela noticia a todos,  brevemente será lançado um E.BOOK do autor neste mesmo espaço...tenho certeza que tambem será surpriendente e muito apreciado por todos ,no momento oportuno será anunciado nesse espaço a data do evento.

Abraços

idealizadora entusiasmada do
CORAÇÃO TAGARELA.

21 de novembro de 2012.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Conto poético: PERDÃO, BORBOLETA


Homem pesquisador da natureza.
Um entomologista.
Décadas, da sua vida, dedicadas à  ciência.
 Painéis com milhares de insetos,  todos capturados
na Região Oeste, deste meu querido Estado.
Admirado com tamanha coleção, observei as  notas
do mestre, procurando informar sobre cada espécie.
Sensibilizaram-me, especialmente, as borboletas de
hábitos diurnos.
O capricho da natureza,  na exuberância das cores,
estampadas em suas asas, prende a  atenção dos
visitantes.
A harmonia e a simetria dos desenhos, desafiam os
artistas  a  desvendarem o enigma  da obra de Deus.
Impossível...
Ao homem cabe , apenas, admirara-la !
Detive-me numa, em especial.
Tem um nome cientificamente complicado, para os
meus parcos conhecimentos.
Embora  ostentando uma  coloração  maravilhosa,
seus olhos grandes e expressivos, me comoveram.
Pareciam decepcionados.
Aquele cientista a tirou de  uma flor,  colorida e
cheirosa, onde se alimentava do polem.
Interrompeu, assim,  a nobre e natural missão de
fecundar  outras flores, com o material  que se
encontrava  em suas minúsculas e delicadas patas.
Posso imagina-la,  se debatendo, até a morte,  colada
sobre uma folha de cartolina. 
Por que, esta condenação ?
Não bastaria uma fotografia , sem tocá-la ?  
Afinal, pertence ao mundo animal, como eu...
Seu olhar de  decepção, procede.
E minha consciência, pediu-lhe perdão, em nome do
cientista, que já não pode mais faze-lo.
E  ela, não  pode mais voar, nem beijar as flores, tão
belas,  que  estão lá  fora,  a sua espera...

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Conto poético: TEMPO AO TEMPO


 Esta manhã, ainda no meu leito, sonolento, mas
consciente, fui conduzido aos meus sonhos de
criança.
O céu na terra, me deu a oportunidade de brincar
com os anjos, conversar com os santos, e  admirar o
o meu  Deus.
Conheci uma humanidade sem maldade, uma inocência
sem precedência, e a plenitude da felicidade.
O futuro,  era  um planeta  distante,  somente  visitado
pela imaginação.
Mas, o tempo não parou.
Muitos anjos ficaram pelo caminho, e em demônios se
transformaram.
Talvez eu tenha sido, ou ainda  seja,  um deles.
Alguns  santos,  sequer,  existiram, ou nunca me viram.
Não mereceram as minhas orações.
Meu Deus, este sim, sempre esteve comigo !
Hoje, olhando as estrelas, identifico, em cada uma,
as histórias  colhidas  por aqui.
São reais, eu sei.
Os amores, também.
Certamente, me deram mais do que eu merecia.
Sinto  que fui muito protegido pelo Universo.
Nem consigo avaliar.
Alguns,  denominam  de "sorte".
Prefiro classificar como "compensação", pois grande,
pelo ser humano, tem sido a minha paixão.
Hoje, da terra, vejo distante o céu.
Nem mesmo  reconheço  toda aquela inocência, da
qual fiz parte.
Alguns amores, em rancores se transformaram, ainda
que tratados com o aroma das flores, e o toque suave
das  plumas, soltas ao vento.
Novamente, darei  tempo ao tempo...

domingo, 11 de novembro de 2012

OBRIGADO AMIGO LUCAS AZEVEDO !




top.gif - 2423 Bytes
BLOG CORAÇÃO TAGARELA
LineName.gif - 1012 Bytes
is Awarded this Certificate for
SINVAL SANTOS DA SILVEIRA




CONCEDO PREMIO EXELÊNCIA EM CONTEÚDO, MELHOR BLOG 2012
LUCAS AZEVEDO (classificação de blogues)
LineName2.gif - 938 Bytes Novembro de 2012


quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Coração Tagarela Premiado...

Magda Moreira, é com muita alegria e surpreso
que recebo esse valioso premio que me concedes....
Obrigado ,amiga querida!







 Quero  oferecer esse Premio aos maravilhosos  amigos dos blogs http://vendedordeilusao.blogspot.com.br/
e ao "Meu Céu da felicidade"http://vera-portella.blogspot.com.br/.

Sinval






Coração tagarela em festa!

Emocionado  e feliz  agradeço
 a Luci  Andrade Vasconcelos pela indicação ao Premio!


Sinval 

EM CADA FLOR, UMA SAUDADE


 Meditava, absorto nas profundezas da minh'alma,
sobre tudo o que amei.
Cada personagem, real como as estrelas, me causa
alegria, ou dor.
Por vezes, os dois sentimentos.
Como se expostos em galerias de artes, os vejo em
molduras diferentes.
São histórias que conheci, ou criei.
Poderia chamá-las de moldura. No centro a realidade.
À volta, os meus conceitos.
Como artista, o que restou.
Desço as escadas da vida, e me deparo com um belo
jardim. O das minhas recordações.
Estão lá as flores e, também, os espinhos.
Aspiro perfumes fortes, como os do jasmim.
As orquídeas me acalmam, oferecendo a exuberância
da beleza, e o inebriante cheiro de amor.
Identifico em cada flor, um momento de muita ternura,
alguém que amei, me amou, ou me atraiçoou.
Esta, sufocada pelos espinhos.
Com todas converso, manifestando o meu respeitoso
carinho e compreensão, até com a traição.
Em cada formosura exposta, a ternura de uma saudade,
que viaja a bordo dos perfumes,exalados pelas flores
do meu jardim...
Mas,a galeria central está reservada
ao verdadeiro amor, essência da vida e da
verdade...como seu nome

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Conto poético: A LUTA PELA LIBERDADE


Tive a oportunidade de ver vestígios da maior atrocidade
humana,  já registrada.
Lá ouvi muitas histórias, revoltantes, comoventes, algumas
duvidosas, tamanha a maldade.
Como milhares de outros escravos, Monaú foi comprado na
Costa do Marfim, na África.
Jovem e  forte, se constituía numa excelente mercadoria de
venda, para exploração do trabalho pesado.
Durante a travessia do Oceano Atlântico, Manaú, sempre atento,
observava as estrelas, o vento,  a maré, o sol e a lua.
Parecia procurar algo no firmamento.
Ninguém sabia, mas embarcaram, naquela viagem, um escravo
dotado, não apenas da força física, mas, principalmente, de
uma inteligência e persistência, sem precedentes.
Contava aos seus amigos, que deixara, na Costa do Marfim,
o seu grande amor, a sua mãe, e que sabia que, um dia, ele
voltaria a sua casa, pois conversavam muito sobre  estas
coisas de ecravidão.
Manaú,  entre as pedras do costão, local totalmente ermo,
construiu, rusticamente, uma "barcaça", do tipo "jangada".
Era a sua esperança de voltar para casa. Estava justificado
porque olhava tanto para o céu, observando a posição das
estrelas e dos astros.
Traçava,  mentalmente, o caminho de volta...
Preparou uma vela, feita de couros de bois, enorme, tão
forte  quanto  a sua audácia.
E numa noite, muito escura, com vento  favorável,
lançou-se ao mar,  em busca da liberdade, ancorada em
sua mãe amada.
Enfrentou tempestades em alto amar, sol escaldante, calmarias,
sede, fome e frio. 
Finalmente, chegou ao seu destino, caminhou léguas em
direção a sua casa... notícia ruim...
Sua mãe foi vendida ao mesmo navio negreiro, em que
viajou para cá.
Desesperado, reembarcou em sua "jangada",  rumo ao  
Brasil.
Perdeu-se numa tempestade...
Contam, os jangadeiros, que é comum avistar-se, até hoje,
em noites de lua cheia, uma jangada  vagando em alto mar,
de onde se ouve canções de lamento, ao sabor do vento...