Tudo parecia arte.
A interpretação era perfeita.
Os aplausos ecoavam além das lonas do circo..
No picadeiro, a presença alegre de um homem de
roupas coloridas, risonho, de boca grande, sapatos
enormes.
Gargalhadas estridentes, era a sua marca de artista.
O Palhaço " Pitanga".
Nada o abalava.
As crianças o imitavam, e os adultos o admiravam.
Nas alturas, os trapezistas dominavam o circo.
Voavam, arrancando aplausos.
Mas o ato que silenciava a platéia, era o da "domadora
de leões".
Mulher jovem, belíssima, corajosa e enérgica.
Prendia a atenção de todos.
Na cidade, não se falava em outra coisa.
Pois esta mulher, foi a paixão alucinante do palhaço
Pitanga, fora das lonas.
Ester, jamais lhe deu qualquer esperança...
O sofrimento do artista, causava comoção.
O circo foi embora, e o Palhaço permaneceu naquela
cidade, transformando-se num pescador, solitário e
triste, onde viveu por muitos anos.
O circo, nunca mais retornou, mas Ester, muitos anos
após, voltou para pedir perdão,e quem sabe ...
Mas o tempo já havia se esgotado.
O quarto do Palhaço Pitanga, ainda estava decorado
com inúmeras fotos daquele circo e, em especial, da
"domadora de leões", que chorou copiosamente...