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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Conto poético: COMO É LINDO O AMOR !


Este sentimento mágico, é  obra de Deus.
Estou convencido de que o amor, é o grande remédio
para todos os males.
Tenho que transmitir, ao mundo inteiro, uma linda história
do mais puro amor, de que tenho conhecimento.
Chega a esta Capital, na década de sessenta, um nordestino
do interior do Estado de Pernambuco.
Trouxe,  na bagagem, muitos sonhos.
Trabalhou, mas dedicou  boa parte do seu tempo, aos
estudos, sempre no período noturno.
O tempo foi passando, e  este homem se firmando na vida,
como um exemplo de cidadão, honesto e dedicado.
Não tardou muito para completar os seus estudos.
Agora, um Advogado, com escritório no coração da minha
Cidade.
Decolou, profissionalmente.
Casou, envolvido por um amor ímpar.
Sua mulher, é um ser especial, divino !
Transpira carinho e bondade !
Transformou-o no homem mais feliz do Universo.
Deu-lhe três filhos maravilhosos.
Certa ocasião, me confidenciou que  ela  é  quem o veste,
todos os dias, da peça mais íntima, até o nó da gravata,
e fica sentida se ele não permitir  este ritual, que perdura
desde que casaram.
Não é raro, quando está trabalhando, à tarde, receber um
telefonema dela, convidando-o para  fazer-lhe companhia
à mesa  e, juntos, tomarem um café, preparado com todo
o carinho, especialmente para ele.
Este meu amigo, alguns anos atrás, sofreu um acidente de
automóvel, e perdeu um dos braços.
Pode-se imaginar o tamanho da tragédia, e a imensa dor
no coração daquele casal...
Pois bem.
Só que não se pode  esquecer, de  que este homem é casado
com uma mulher incomum.
No quarto do hospital,  já recuperado da cirurgia, entra sua
esposa, para lhe fazer companhia.
Disse-lhe, ele :
"Tens coragem, de continuar convivendo com  um homem, de
um só braço ?  Um inútil ? "
Ao que, prontamente respondeu-lhe, com toda ternura:
"Meu amor, fizeste a conta de dimunir, mas esqueceste de
somar os meus dois braços, que sempre estiveram a tua
disposição.
Mais do que nunca, tens, agora, três fortes braços, que só não
serão suficientes, para abraçar  este gigantesco amor, que
sempre nos envolveu, e me  tornou  na mulher mais feliz do
mundo."
Meu amigo  saiu do hospital sorrindo, como se nada houvesse
acontecido, apoiado no seu grande amor !

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Conto poético: ALMA VAZIA

Hoje, resolvi tomar uma  iniciativa, mesmo sem
autorização do principal protagonista, meu amigo,
aquele que relatei  através do conto "testemunha da
dor ".
Não suportei assistir tamanho sofrimento. 
Sei do local de trabalho da sua ex-mulher. 
Até já participei de reuniões profissionais,  com  ela.
Por telefone, concordou em conversar comigo.
Encontrei-me com ela num supermercado, em meu
bairro.
Ainda está bonita e atraente.
A conversa durou quase uma hora.
Explicou-me que o seu ex-marido, meu amigo,
realmente, é o "melhor homem do mundo".
Foi muito feliz, durante o período em que, com ele,
conviveu.
Mas não  tem vocação para  uma vida a dois, tão
monótona. Sentia-se num presídio, sem liberdade.
Necessita  viver intensamente.
A cada dia, uma novidade...  é  feliz, desta forma.
Perguntei-lhe se  o seu  segundo casamento vai bem.
Disse-me que está no quinto casamento, e também não
vai bem.
Perguntei-lhe, então, o que estava procurando ?
Respondeu-me : Nada. Quero, simplesmente, ser assim,
livre, liberdade absoluta.
Um casamento hoje, outro amanhã...
Relatei-lhe haver tomado  conhecimento da história do
coração, desenhado no espelho do hotel, por ela.
Desta forma me respondeu :
"Engraçado !  Não me recordo disto, sinceramente. "
Fiquei chocado, pois representou tanto para ele...
Despediu-se de mim, sorrindo, sem nenhum sentimento
de saudade ...E eu saí pior, do que quando cheguei, pois
cheguei com esperança de alguma coisa, e fui embora
decepcionado.
Nada somou, aquele encontro.

domingo, 26 de agosto de 2012

Conto poético: TESTEMUNHA DA DOR


Viajando com um amigo, contou-me uma história
de saudade.
42  anos   se passaram, desde que esteve num hotel,
à beira mar, aqui no sul.
Foi a sua "lua de mel ", com a mulher que amou
durante tantos e tantos anos, e com quem  perpetuou
sua existência, através da prole.
Disse-me que a felicidade foi testemunha de um grande
amor, que perdurou por mais de vinte anos.
Sua mulher, ainda no esplendor da  beleza, por outro
homem se apaixonou.
Foi honesta.
Com ele conversou, e  veio a despedida.
Entendeu, mas  muito sofreu, e certamente, ainda
sofre muito, mas as lágrimas secaram, pelo tamanho
da dor...
Passamos à frente do hotel, pois ficava em nossa rota
de destino.
A convite dele, entramos. Precisava rever um detalhe
do passado.
Pediu-me que o acompanhasse ao apartamento 307,
daquele belo hotel, à beira mar.
Abri a porta, pois não teve serenidade para faze-lo.
A emoção lhe pertencia.
Os móveis antigos, eram os mesmos daquele ninho
de amor...
Sentou à cama, e repetiu  toda a história que me havia
relatado,  durante a viagem.
Mas, agora, já com os olhos mareados, pelas lágrimas
que, absolutamente, não secaram.
Estavam lá, no fundo da alma.
Olhou para um espelho, pendurado à  parede, aos pés da
cama, e me disse que o seu grande amor, naquela noite
de núpcias, o retirou da parede, desenhou um coração, e
escreveu "nossas  iniciais", no interior do desenho e, abaixo, 
uma carinhosa frase:  " para sempre ".
"Abraçamo-nos, e pedimos a Deus que ouvisse as nossas
preces... 
Creio que Deus já estava dormindo, pois isto aconteceu
durante a madrugada...
Não nos atendeu."
Encorajado, por mim, conferiu o espelho.
Lá estava, no verso,  o que acabara de relatar...
Desabou a chorar... ainda havia muita lágrima, para
derramar.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Conto poético: SÚPLICA

  O cenário não poderia ser mais encantador.
Praia dos Ingleses.
Linda !
Filha do Oceano Atlântico, nesta  bela  Santa Catarina,
"Ilha da Magia".
Não bastassem os encantos das águas coloridas, pelo
inigualável céu desta Terra, a natureza  a  presenteou
com uma formidável tela de fundo verde.
Dotada de uma vegetação tão variada, e  colorida pelas
cheirosas orquídeas, que somente Deus, no seu dia de
maior inspiração, poderia criar tamanho esplendor.
Viver aqui, é um privilégio do divino.
É amar o amor !
É sentir compaixão do paraíso.
Há quem diga, que os santos  estão se mudando do céu,
para este lugar... delirante  imaginação !
Nas noites mágicas de lua cheia, aos atentos, puros de
coração, e dotados da alma sensível de poeta,  é dado
o direito de escutar vozes vindas do além-mar,  falando
de amor e de saudade,  daqueles que  vieram para cá
trbalhar, sem nada ganhar, e prometeram para lá  voltar,
e nunca mais voltaram...
OS  poetas  afirmam que as águas do Atlântico, são
salgadas pelas sofridas lágrimas, dos  que foram trazidos,
e não devolvidos.
Em cada onda do mar,  uma súplica para voltar...

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Poema: O SOPRO DO AMOR


Há pessoas que conhecemos, e outras que, apenas, vemos.
Eu te vi,  e te  conheci, também.
Teu corpo, mesmo ausente,  balança a minha frente,
parecendo folhas soltas, ao vento.
Arrastam-se desesperadas, gritando nas madrugadas,
parecendo  teu nome chamar.
Em minha mente, passeias contente.
Teu cheiro está no ar, a me atormentar de tanta saudade !
Não posso resistir.
Vou ao teu encontro, para te  ver  passar.
Estás mais linda do que nunca ! 
Graciosa, como sempre !
Procuro te conquistar...
Para chamar  tua atenção, até minha dignidade fica rente
ao chão.
Tudo  a mando  deste coração, que sofre de  uma grande
paixão.
Finalmente, de mim te aproximas... me olhas indiferente,
sem emoção.
Não vejo brilho nos teus olhos, nem  calor no aperto de
mão.
Fico sem jeito, e  sou tomado por uma forte  emoção.
Então, me recolho à ternura  do vento,  ao perfume das
flores, me embrenho nos  sonhos, só pensando em  ti.
Creio que  nem existas, além da minha fértil imaginação. 
Estou, apenas,  te esculpindo, como o artista, na paciência,
cria a sua obra.
Cedo ou tarde, virás.
Já escuto a tua voz, ouço os teus passos, sinto a tua
respiração, por vezes ofegante, parecendo estar logo ali,
adiante.
Agora, minha obra está acabada, como a do artista.
Cabe a ti, o sopro da vida e do amor.
Sopra !
Dá vida a este amor !
Ama-me !

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Conto poético: ALMERINDO


Todas as vezes que me lembro deste homem, sinto
a presença do bem e da ternura.
Almerindo Leopoldo dos Santos, foi um homem de
verdade.
Representou o bem, o lado  bom do local em que
trabalhei.
Possuidor de um coração ímpar, e  de uma educação
invejável.
Um humilde carpinteiro, funcionário público.
Seguidor  da Religião Católica, ia à Igreja todos os dias,
fazer as suas orações.
Expressava a serenidade, privativa dos santos.
Nada o abalava.
Cumpria as ordens, emanadas da direção,  sempre com
absoluta  atenção e dedicação.
Sua equipe de trabalho, era composta por homens rudes,
desprovidos de sensibilidade, e sempre revoltados com
algum fato, verdadeiro ou não...
Costumeiramente, contrariavam os pedidos do Senhor
Almerindo que, afinal de contas, estava cumprindo ordens.
Nunca alterava a sua voz ou, sequer,  mudava o seu sereno
semblante.
Aconselhava a sua equipe, parecendo um pai falando com
os  filhos.
Este homem, era só bondade.
Tive a oportunidade de falar com os seus auxiliares,  já
aposentados.
De todos,  escutei elogios dirigidos aquele homem,  agora,
somente, a sua memória...
Mas não conseguiram esconder as lágrimas, brotadas da
fonte da saudade, e do profundo arrependimento, por
haverem pago com intrigas e traições, todo o amor e
carinho que, daquele homem, receberam.
Tive orgulho de haver sido seu amigo e, por vezes,
confidente.
Nunca reclamou de nada.
Foi um homem feliz,  e construiu uma família, composta de
12 filhos, e uma esposa muito amada.
Todos  milionários, em virtudes...

Um conto quase poético: POR UM TRIS


Não sei se tem muito de poético, o presente conto,
mas  foi uma realidade, que colocou minha vida em
risco.
Talvez,  na emoção vivida, resida a essência da poesia.
Profissionalmente, viajei muito para a maravilhosa
Cidade do Rio de Janeiro, onde conquistei  inúmeros
amigos.
Convidado para participar de um aniversário, fui de taxi,
ao endereço fornecido pelo aniversariante.
Por volta da 1.00h da madrugada, despedi-me de todos.
Caminhei em direção à avenida indicada, para retomar um
taxi, com destino ao hotel.
Esperei por muito tempo, e nenhum taxi parou.
Resolvi, então, procurar outro ponto, e me perdi nas 
redondezas.
Não sabia, mas  estava na favela do urubu, por volta das
2.00h da madrugada.
Na época, um dos locais mais perigosos da Cidade.
E eu, só, em território de traficantes, e outros  agentes  da
criminalidade.
Minha vida estava por um tris, certamente.
Senti medo, claro, pois nem  taxi passava por aquelas ruas...
Na época, não  existia  telefone celular, para pedir socorro.
Senti-me desolado,  perdido nas  ruas vazias.
Um homem  veio ao meu encontro, e me fez diversas
perguntas.
Respondi-lhe  todas, e mostrei-lhe o endereço em que me
encontrava, ainda anotado  em um pedaço de papel.
Acompanhou-me,  e caminhamos juntos até uma avenida.
Aí, sim, pude pegar um taxi e retornar, finalmente, ao hotel.
Quando fui relatar o fato ao aniversariante, para minha grande
surpresa,  sabia de todos os detalhes, pelo próprio homem
que me acompanhou, me protegendo de qualquer hostilidade.
É  primo de sua esposa... Tudo entendido, e muita sorte de
minha parte.

Conto poético: COLUNA DO NORTE...


Um local, aparentemente estranho, à maioria das pessoas,
é chamado de "coluna do norte", ou coisa parecida.
Creio ser  magico.
Um verdadeiro "posto de observação" social.
É  um privilégio ocupar um assento por lá.
A  ninguém  é dado o direito de lá sentar, sem  ser
convidado. Rigorosamene, convidado.
É muito   distinto sentar naquele lugar...
Diria, até mesmo, que poucos  são os merecedores...
Tenho observado, ao longo de muitos anos, que nem todos
podem aspirar tal honraria, pois devem ser ricos, muito ricos
de virtudes.
Esta fortuna, é para ajudar a  entender  a linguagem dos
demais, que por lá já passaram, e estão sentados em outros
lugares.
São guerreiros, muito bem escolhidos no seio da sociedade,
com a nobre missão de trabalhar, em prol da  sustentação das
virtudes, e do combate, inteligente e persistente, aos vícios,
que corroem o ser humano, e sua organização social.
Não sei muito bem mas, pelo que tenho escutado, é um lugar
apropriado, muito mais para se observar,  do que para  falar.
Meio confuso, mas intruso lá não entra, muito menos, senta.
Dizem, até, que guarda armado existe, e que, também, já
passou por lá... conhecendo muito bem aquele lugar !
É um verdadeiro mistério... que não posso desvendar !

domingo, 19 de agosto de 2012

Conto poético: OS CONFIDENTES.


Aldair, uma menina pobre, filha de  pais separados.
Sua mãe, uma guerreira.  Lavava roupas para sustentar
sua família, composta, então, de três pessoas.
Muitas vezes, presenciei esta menina descendo o "Morro
da Caixa", com uma trouxa de roupas à cabeça, para
fazer entrega, com a tenra  idade de 12 anos.
Seu "vizinho de porta",  apelidado de "Gurizinho",   de
13 anos, era o seu grande amigo.
Ele até ajudava a menina fazer entregas das roupas,
já que, às vezes,  a trouxa era pesada demais, para as
suas forças.
Seu irmão, era bem mais novo.
Uma luta desigual,  para a sobrevivência daquela família.
Era bonito de se ver,  a amizade daquelas duas crianças.
Não havia segredos entre eles.
Pareciam irmãos.
Aldair, logo despontou numa moça bonita, cobiçada pelos
rapazes mais velhos, também residentes naquela
comunidade pobre.
Tudo confidenciava ao grande amigo, que a aconselhava.
Ele, também,  relatava conversas de namoros, com amigas
de Aldair.
Mas o namoro, de ambos, nunca dava certo. Sempre havia
alguma reclamação.
Alguns poucos anos se passaram.
Agora,  Aldair é uma mulher feita. Gurizinho, um homem,
prestando serviço militar na Marinha do Brasil.
Antes de chegar a sua casa, visitava Aldair, para saber das
novidades, ocorridas durante sua ausência.
Numa dessas  visitas,  ela  o aguardava com uma rosa vermelha,
presa aos cabelos negros, um brilho nos olhos, como jamais
foi visto.
Não precisaram falar nada.
Abraçaram-se  com profunda ternura, testemunhada pelas 
incontidas lágrimas, que rolaram em  ambos os rostos, e  que
regam, até hoje,  um lindo amor, por mais de 40 anos...

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Conto poético: PAIXÃO BANDIDA


Soube de uma história de  paixão, socialmente
antagônica.
Tinha tudo para ser impossível.
A Polícia Civil, numa operação, nas praias  desta
Ilha maravilhosa, prendeu em flagrante alguns
traficantes.
Entre eles, uma mulher, ex-universitária, que
abandonou os seus sonhos, para seguir os
caminhos do crime.
Digamos, chamar-se Alice.
Bonita, educada e discreta.
Após processo regular,  e condenada, passou a
cumprir pena no presídio feminino, desta Capital.
O Delegado, que a prendeu em flagrante, era um
jovem, competente e dedicado a sua função pública.
Vou chamá-lo de Dr. Alfredo, por razões óbvias.
Este homem confessou a um colega policial, a sua
paixão pela presidiária Alice.
Disse-lhe que estava tentando se controlar, para
não interferir em sua carreira profissional, mas que
já não conseguia raciocinar, nem dormir...
Conversou com a psicóloga da sua Instituição.
Tudo em vão.
A  mulher, presa, nem sabia desta  situação, mesmo
porque havia um namorado em sua vida, certamente,
do seu bando.
Sua noiva o abandonou, após tomar conhecimento
desta história, por ele mesmo relatada.
Agora, só, está perdido...
O sofrimento é  enorme.
Seu colega e  amigo, também delegado, preparou-lhe
um remédio, segundo ele, infalível.
Convidou-o  para uma visita ao presídio, onde teria a
oportunidade de rever a mulher, pela qual se apaixonara.
Não a encontraram.
Segundo informação de outras  detentas, Alice estava
recebendo "visita íntima",  do seu namorado...
Naquele momento, acabou a paixão.
O Dr.Alfredo acordou...
Há muito tempo não se via  aquele homem sorrir, não antes
de uma crise de  intenso choro, no ombro do seu grande
amigo...

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Conto poético: EXPULSÃO DOS ANJOS


Serenamente, dormes.
Observo tua beleza. Parece uma Deusa, tamanha
a expressão da pureza, por ti a irradiar.
Ajoelho-me aos pés da cama, e faço uma oração,
pedindo a Deus perdão, pela heresia cometida, contra
tão bela criatura.
Somente o céu sabe do meu amor  por ti.
A natureza, também,  te vigia.
O vento zumbe no beiral, querendo  por teu sono
velar.
Fico assustado ao olhar o jardim.
As flores caminham, querendo este quarto espiar,
Toda noite, é assim. 
O perfume das flores invade este  aposento, 
embriagando-me de tanto prazer !
Os pássaros noturnos cantam, conseguindo meu sono
embalar..
Volto meu olhar para o leito e, meio sem  jeito,  vejo
o teu  lindo e sedutor corpo, rodeado  pelos anjos do
desejo, me convidando para deitar.
Ah, não  posso me controlar, diante de tão belo convite.
Não faço  cerimônia, me  envolvo, perdidamente, nos 
teus  braços, ao sabor dos beijos quentes, no suspiro
dobrado, com aroma do  pecado que, da tua alma,
vem me receber.
Expulso do quarto os anjos do desejo,  e abro a porta  
para o Deus Baco, te amando até o amanhecer !

Conto poético: POR QUEM OS SINOS DOBRAM


Fascinado,  pelo som do bronze, olho o campanário.
Provocados, os sinos se debatem,  gritam desesperados.
Em forma de  sombras, fogem pelas janelas, passeiam
pelos telhados, parecendo querer fugir daquele lugar.
Por sua voz, vejo como são fortes, falam alto, acordam
todo o povoado.
Sincronizados,  emitem  mensagens, que  viajam ao vento,
transpondo  montanhas,  vales e mares.
Parece que nada os detém.
Só não conseguem fugir do meu coração.
Estão nos recônditos, das minhas doces épocas  de criança.
Falam do mesmo jeito... não conseguem  calar.
É o destino.
Já anunciaram tantas alegrias, e tristezas !
Até no casamento da mulher, que tanto amei... pareciam,  de
mim, gargalhar.
Hoje, abandonada, tenta comigo reconciliar.
Estes sinos não permitem, pois a cada badalada, acordam  as
chagas, ainda não cicatrizadas, nas profundezas do meu
coração.
Sentado à frente desta Igreja, ainda escuto a trilha musical, 
percorrida por  ela, ao encontro da  merecida felicidade, sob os
aplausos frenéticos destes sinos.
E eu,  sentado neste mesmo banco de jardim, enxergava o
campanário, turvado pelas incontidas lágrimas, que dos meus
olhos rolavam !

domingo, 12 de agosto de 2012

Conto poético: UMA CONFISSÃO INACREDITÁVEL


Assisti  a muitos acontecimentos, durante o período
em que trabalhei, quando adolescente, numa casa
de comércio.
Era um bar.
Na época, não existiam embalagens descartáveis, como
atualmente.
As garrafas eram reaproveitadas.
Valiam dinheiro.
Um jovem comparecia ao bar do meu pai, todas as
semanas, e vendia-lhe garrafas vazias.
Isto perdurou por muitos anos.
O bar foi vendido, permanecendo, apenas, as histórias
pitorescas, em minha família.
A que mais me marcou foi, após 40 anos, da  sua venda,
receber um telefonema de um homem, pela voz, muito
angustiado, querendo comigo conversar.
Marcamos o dia, hora,  e local do encontro.
Lembrei-me dele. Era  aquele jovem que vendia garrafas,
agora um homem, já com idade avançada.
Confessou-me que todas, absolutamente todas, as garrafas
que vendeu, naquela época, foram furtadas do depósito, que
ficava nos fundos daquele comércio.
Portanto, meu pai comprava as garrafas que já lhe pertenciam.
Presenciei, após esta confissão, aquele homem chorar
copiosamente, embora decorridos mais de 40 anos dos
acontecimentos, por ele relatados.
Fez uma estimativa da fraude, e queria me devolver aquele
dinheiro, pois o tormento de consciência  era insuportável,
e agravado, mais ainda, quando tomou conhecimento do
falecimento de meu pai.
A emoção foi muito forte, e choramos juntos... nada me devia.
Eu o perdoei, de todo o coração, ressaltando os seus méritos,
por aquele gesto inusitado, só visto numa pessoa depurada
pela absorção dos  ensinamentos da vida.
Fiquei muito feliz, e ele  em paz.

sábado, 11 de agosto de 2012

Poema: FUGINDO DA SAUDADE


Respiro  as lembranças...
Retenho a doce imagem, daquele lindo amor...
Dá-me  continuidade à vida, batendo forte o meu
coração.
O agradável aroma da florada, que desce desta
montanha, voando no vento  morno, me traz
notícias  dela.
Tento distrair  minhas aflições, mas  ouço uma
sinfonia de pardais. 
Gorjeiam, freneticamente.
Cada nota, parece um abraço, um beijo, daquela
mulher...
As folhas verdes, parecendo a água do mar, ainda
molhadas pelo forte sereno da madrugada, choram
por mim.
Minhas lágrimas secaram...
Das alturas, chega o grito de guerra da rapineira, 
gavião desprovido de piedade, assim como esta
saudade, querendo devorar  meu coração.
A mata, mais parecendo um vestido de chita,
obedece a  força do vento, num bale de flores,
lembrando doces amores.
Somente  ela, não está neste lugar, resultado da
 indiferença, de quem em tudo acreditou, menos
na força  deste  amor.
Abraçado  a  esta dor, sigo  meu caminho, sem
destino,  querendo a saudade despistar.
Mas descobri, com o sofrimento,  que mesmo
caminhando para bem longe deste  lugar,  sou
envolvido pelo sentimento, de te querer cada
vez mais...

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Conto poético: DESABAFOS NA MADRUGADA


A noite avança em direção às  altas horas.
O cenário real, é um bar na famosa Rua Bocaiuva,
então, bairro desta Capital. Hoje, considerado centro.
Os frequentadores são pessoas diferentes, que se
recusam as suas residências retornar, preferindo
permanecer na conversa animada de bar.
Conversam  sobre tudo. 
Futebol, piadas, política, vida alheia, etc.
Contam vantagens e exageros. Jamais,  fracassos.
Estes acontecem, somente, com os  outros...
Após a zero hora, e até por volta das duas horas da
madrugada, já nos limites da ingestão etílica, liberam
a censura, até então represada nas profundezas dos
seus segredos, e desabafam...
Um deles,  residente nas proximidades daquele bar, 
a cada dez minutos, ia à rua e olhava para o varandão
da sua casa.
Só poderia retornar, quando a luz  estivesse acesa.
Obedecia,  submisso, as ordens da sua bela mulher...
e ficava muito contente, quando, finalmente, acontecia.
Despedia-se, apressado e sorridente. Feliz.
Nunca  ouviu  os comentários, que eram feitos na sua
ausência, pelos "amigos de copo".
Um outro, infeliz,  ex-presidiário, carregando sua pesada
cruz na consciência, por um duplo homicídio, ingeria,
todas as noites, mais de um litro de bebida destilada.
No final, sempre me repetia a história, que o levou ao
cometimento daquele desatino.
Hoje entendo. Estava tentando convencer-se, para aliviar 
o peso da sua culpa...
Sem ao menos saber, fui um bom ouvinte e, por vezes,
um conselheiro, falando à consciência humana, embora
embriagada...
Tudo isto, se passava sob o agradável som do violão de
Daniel Pinheiro, o maior  boêmio que esta formosa Terra,
conheceu.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Conto poético: TEATRO DE AMOR


Neste jardim, percebo lindas flores. As mais coloridas
que  já vi.
A anatomia é divina, parecendo  um corpo de bale, ao
dançar por ordem do vento.
Os pássaros gorjeiam docemente, falando línguas
diferentes,  em perfeita harmonia.
É um lindo espetáculo, sob os olhos atentos da natureza.
Não existem paredes, nem telhados.
O teto  tem como limite o céu,  que, hoje,  o Grande Artista
pintou de azul.
Uma cor, para cada dia...
Um cenário,  para cada noite...
Repentinamente, com  o sol em zênite, os pássaros fazem
uma  pausa.
Entram em cena, lindas borboletas, formando a  mais
emocionante equipe de dança.
É inacreditável ! 
Parece que as pétalas das flores estão voando, tamanha
a leveza dos movimentos.
Nada falam, nenhuma música interpretam...
A beleza reside nas cores e na coreografia.
Que rítmo, meu Deus !
Não há fundo musical, criado pelo homem, que mereça
estar presente, neste palco da natureza !
Somente o silêncio e a meditação, são permitidos nesta
platéia da vida.
Ah, sim, e também o perfume das flores !
Os cegos de coração, nada enxergarão, neste teatro de
puro amor...

Poema: BOA NOITE, PAIXÃO



Vagam  vultos em minha mente, atormentam
meus  sentimentos, não me deixando adormecer.
Suplico por silêncio, quero  da dor esquecer...
Sinto frio.
Já é madrugada,  ouço  gargalhadas, penso que
vou enlouquecer.
Todas as noites,  tem sido assim.
Não tens piedade de mim ...não me deixando
dormir.
Foste embora, e ficou a natureza, para aumentar  
minha tristeza.
Flutua, nesta casa, o aroma das rosas, lembrando
o perfume do teu lindo rosto.
As longas folhas  da palmeira, brincando ao
vento,  faceiras, parecem o balanço dos teus
negros cabelos...
O lindo canto do sabiá laranjeira, ecoa a noite
inteira, solto nos amplos campos da minha
imaginação.
Até a corujinha, companheira de tantos anos,
confidente  das minhas sofridas emoções, vem
piar em minha janela, querendo comigo conversar.
O vento, assobiando no telhado, tenta compensar
minhas insônias,  lembrando  uma bela canção.
Agora, já  em plena madrugada, vencido pelo 
cansaço, beijo tua última foto, comigo abraçada,
desejando  que tenhas uma boa noite, paixão...

Poema: MENSAGEM DAS LÁGRIMAS



Fragilizado, me arrasto pela vida, pensando nos
caminhos que já percorri, e tudo que conheci.
Cada marca no rosto, uma história.
Algumas inconfessaveis.
Do fundo da minh'alma, chegam  as regas das
minhas emoções.
Tristezas profundas, invadem meus rasos olhos,
que não suportam tanta dor.
jorram  lágrimas face abaixo, parecendo recadeiras
das  feridas e das fendas,  penúrias que não
cicatrizam.
Algumas, quase me afogam.
São as  amargas,  que corroem todo o meu ser.
Ingratas, indiferentes, injustas e tudo mais... 
Como ervas daninhas, sufocando  o meu coração,
trazem, em cada gota, uma mensagem de  amor
ferido.
Até ausente, ficou o perdão, mesmo sem nenhuma
razão.
Por humildade, foi pedido.
Por arrogância, negado, sem  avaliar o  tamanho
do pecado.
É tanta lágrima, que somente ao mar se pode  
comparar.
Agora,  quero secar  a fonte.
Não  posso  mais suportar tristezas. 
Só alegria, fará  parte da minha  vida.
As de felicidade, de pura emoção, permanecerão
por ordem do meu coração.
Quero ser feliz !