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terça-feira, 31 de julho de 2012

Conto poético: ROSEIRA AMARELA

 Cuidada,  com muito  carinho.
Viçosa, te observo.
Lindas folhas verdes, poucos espinhos.
És a minha esperança.
Depositária fiel das minhas doces lembranças,
me ofertas a tua obra de arte.
Adormecida está,  nas profundezas da
tua  seiva, a gestação da mais cheirosa flor.
Escuto o que falas, o teu  gemido, e as
contrações da dor.
E, na madrugada, ouço as tuas gargalhadas,
parecendo  me chamar.
E me entregas o teu tesouro,  em troca do
meu amor.
Não sei aonde vais buscar o perfume, que
tanto me encanta.
E esta cor de ouro, em que mina garimpas ?
É linda !
Tua rosa, mais parece uma jóia rara,  feita só
de  amor.
Que bela flor !
Alegra o meu coração, alucina as abelhas,  e
o gracioso beija-flor.
Perfuma todo o meu aposento, me fazendo
companhia, durante as noites frias, desde que
aquela mulher me abandonou.
E  tu, somente tu, rosa amarela, ficas  à
frente desta janela, lembrando o lindo rosto
dela...

Poema: JANTAR À LUZ DA LUA ...


 
Região de campo aberto.
Inóspita.
Somente o gado, por perto.
A natureza invadindo o bucólico ambiente,
traz da mata, o perfume inebriante da
florada selvagem.
O coiote, tímido, uiva ao longe, provocado
pelo insistente gorjeio da aracuã assustada.
Descansando por aqui, nesta varanda, frente
ao  riacho agitado, aguardo por ti, ansioso.
Chegarás.
Não sei porque, nesta noite, o luar está intenso,
prateado como nunca.
Até o galo polaco, canta enganado, pensando
raiar o dia.
Não posso perder esta rara oportunidade.
Preparo a mesa no quintal, com uma toalha
amarela, pratos branquinhos, e tudo mais.
Já  destinei o teu lugar, frente ao pé de jasmim,
todo florido, nesta época do ano.
Todas as músicas, são do repertório que mais
gostas...românticas.
A cama está coberta de pétalas de rosas, bem
cheirosas,para recepção do amor, que  já está
no ar.
Chegas, mais linda do que nunca !
Jantar à luz da lua, recitando poesias.
Meu Deus, como é lindo o amor !
Como declamas, maravilhosamente bem !
O jasmim, coitado, ficou  calado diante de tão
linda flor...
Teu perfume, dominou !
Choraste de emoção, ao sentir meu coração,
palpitando de tanto amor !
Sobre o lençol de rosas, depois de tudo, te
desejo boa noite, mas não adormeces...
Amanhece. É lindo !
A passarada abandona a madrugada,
festejando a alvorada, para te dar boas
vindas.
Apreciamos, então, o dia amanhecer,
saudando a vida, brindando o amor, sem
falar, nunca mais, em despedida.

domingo, 29 de julho de 2012

Poema: BOM DIA, AMOR...









É madrugada.
Estás ao meu lado.
Dormes.
Admirando a tua beleza, não consigo o sono
conciliar.
És serena como o luar, que  domina  as
bravias águas do mar, querendo neste quarto
entrar.
Acaricio os teus longos e negros cabelos, 
com muito cuidado, para não te acordar.
Beijo a tua face e te observo.
Como te preparas lindamente, para  deitar.
Elegante. Uma perfeita amante, querendo
o seu amor alimentar.
És muito mais bela, do que imaginava.
Olhos fechados... lábios da cor do carmim,
parecendo sorrir !
Agora, falando baixinho, quero dizer que te
amo, que és a mulher mais linda deste mundo.
Que sou um felizardo, por haver te conquistado.
Nem sei se te mereço.
Mas quero estar próximo a ti, o dia inteiro,
te protegendo das intempéries, que  estarão
logo  ali, ou  na próxima esquina da vida.
Agora, beijo as tuas mãos.
Como são lindas e delicadas. 
Muito bem cuidadas, parecendo feitas para me
tocar o coração.
Escuto o galo cantar, querendo me avisar  que
o  dia vai raiar.
Então, vou dormir, no aconchego do teu calor, e
na  certeza desta  paixão, para  sempre  existir...
Bom dia, amor !

sábado, 28 de julho de 2012

Poema: GALERIA DE SEGUIDORES


Parece um jardim.
Florido com Cravos e tulipas,  exalando o perfume do
carinho, da generosidade e  da  amizade.
Em cada recado, uma flor...
São palavras soltas, como o vento, nesta massa de
pensamentos, ditadas  pelo coração. 
Às vezes alegres, mas  nem sempre tanto assim.
A fonte maior, já descobri.
A  reunião de  fieis  amigos, que postam suas imagens
por aqui, é a minha sagrada lavoura de inspiração.
Nos olhos de cada um, o recado da amizade e da
ternura, sugerindo a formosura, do amor a transbordar.
Não me faço rogar. 
Coloco os meus humildes poemas , no ar.
E  quando vejo o sorriso,  estampado no belo rosto da
mulher, fico feliz, por amar.
Procuro, agora, no mundo da imaginação, o caminho para
agradecer, de coração para coração.
Nas asas do vento, encontro o acalento do recado, ao falar
de amor puro, sem pecado, de quem jura ter amado, e
nunca haver abandonado, aquele  generoso coração...
E me ponho a pensar... nos poemas que vou escrevendo,
por aqui, e por lá,  solitário  nos meus  pensamentos.
Sou, então, transformado por  esses belos amores, num
orgulhoso  admirador, da mais linda galeria de seguidores !    

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Poema: QUERIA, SIM ...


Ser o sol, para bronzear  o teu corpo, inflamando
 de amor  o coração.
Expondo a exuberância da tua beleza, espantar  
a tristeza, causando inveja à multidão !
Queria  ser a chuva, para  tocar o teu  rosto,
refrescar  a tua alma,  e com a delicadeza  de
uma pétala de rosa, saciar a tua sede.
Gostaria de ser o vento, para  balançar os teus
cabelos negros,  seguir os teus passos em
silêncio, e embalar o teu sono, nas madrugadas
quentes de verão.
Sacudir  as roseiras, cobrindo os teus caminhos
de  pétalas de rosas, só para te ver  passar.
Ah, se  eu fosse o firmamento, iria te vigiar a todo
momnto, escondendo  a tua imagem nas estrelas,
iluminada  pela luz prateada do luar.
Mas, por ora, guardo na memória, todo aquele  
amor,  que transformei numa linda flor, o meu
cheiroso pé de jasmim.
Em minhas vestes, ficou o teu perfume, que não
me deixa  te esquecer, aumentando  o meu
padecer.
Agora, não sei mais o que fazer, com estas doces
lembranças, que  atormentam  o meu ser.
Mas tenho que te esquecer, para não enlouquecer,
de tanto amor...

Conto poético: GRATIDÃO DE PARDAL


Por amar tanto os passarinhos, observo esses
bichinhos, diariamente no meu quintal.
Parecem brincar, como crianças, me
trazendo doces lembranças, dos anos
que passaram, e não voltam mais.
Muitas espécies me visitam, mas são os pardais
os meus favoritos.
Não são vaidosos, vestem  plumagem  quase
neutra, cinza da cor da neblina.
Não sei porque, seu gorjeio pouco encanta, por
vezes até me espanta, parecendo vergonha de
cantar.
A dedicada pardaloca, pode ser até a pardoca,
por que não ensina outra canção, ao seu
filhinho ?
Em minha casa, no beiral, lá está ele, o
garboso pardal, cuidando do seu ninho.
Canta sem parar, leva comida fresquinha
para os seus filhotes, fica brabo quando outro
passarinho, chega perto para olhar.
Outro dia, fiquei  impressionado.
Um dos filhotes caiu do ninho. 
Nasceu doente, o coitado, pois as penas  das
asas não cresciam.
Cuidei dele, com carinho.
Até  papinha  de leite, com farinha de mandioca,
o danadinho  comia.
Quando estava bem bonito, soltei o bichinho
no quintal, que logo reconheceu  seu pai pardal.
Hoje, vem a minha mesa,  voa por dentro da
minha casa, parecendo demonstrar gratidão.
Que grande lição ...

terça-feira, 24 de julho de 2012

Conto poético: O TEMPO QUE PASSOU


Como é bom retornar ao mundo  da minha infância.
E quando se tem o privilégio de haver morado, por
muitos anos, numa bela Cidade, como Laguna,
tombada pelo Patrimônio Nacional,  aí, sim, é um
presente do destino.
Tudo está intacto, tal como era na minha época de
menino.
Olho as ruas em que brincava, vejo as mesmas
calçadas, as casas, as praças, as árvores... tudo
está igual, como as lembranças da infância.
Retorno ao Grupo Escolar Jerônimo Coelho, e fico
absorto em meus pensamentos.
Sento em minha sala de aula e olho para o "quadro "
negro", ainda vejo  minha querida Professora Iraci,
ensinando-me  as 25 letras do alfabeto...
É muita emoção.
Agora abro os olhos... as carteiras estão vazias, e  
somente eu estou aqui.
Para onde foram os demais alunos, daquele primeiro
ano primário ?
O que estarão fazendo, por esta vida ?
Por que não  estão aqui ?
E o Diretor, Pedro Piva, por que silenciou a "sineta " ?
Não a escuto tocar...
Somente eu estou aqui, a relembrar.
A saudade aperta o meu peito, mas, infelizmente, não
tem mais jeito ... o tempo passou. Mas o amor ficou.

domingo, 22 de julho de 2012

Conto poético: O CASTIGO ESPERADO


Durante muitos anos assisti, na Praia dos Ingleses, na
minha querida Florianópolis, o trabalho de abnegados
pescadores artesanais.
Embarcados em "canoas bordadas",  adentram ao mar
por uns  300 a 500 metros, e cercam uma área provável 
com peixes.
Puxam da praia, através cabos de cordas.  Daí o nome
"rede de arrasto".
É um espetáculo lindo de assistir, pois além do produto
pescado, tem-se a oportunidade de observar o entusiasmo
dos pescadores, numa expectativa sem igual.
É uma festa à beira do mar, e não tem hora para acontecer.
São homens, mulheres e crianças.
Muitas conversas, trocas de informações, referentes aos 
últimos acontecimentos na comunidade,  namoros, etc.
Chamava-me à atenção, o fato de permanecer na areia, sem
piedade, montes e montes de peixes miúdos, pescados em
decorrência da rede ter a malha muito fina, não  permitindo
que os peixes menores  fossem  descartados, para a liberdade,
para a vida ...
Todos os expectadores, não pescadores, procuravam  devolver
ao mar, alguns peixinhos, ainda com vida.
Nunca me conformei com esta situação.
Entendia ser uma  maldade e um desperdício que, mais tarde,
poderia fazer falta aos  próprios pescadores.
Aconteceu.
Assisto, hoje, as redes vazias, chegando às praias, sob o olhar
decepcionado dos pescadores, que sabem, muito bem, a razão
deste fracasso...
O castigo chegou mais cedo, do que eu esperava, pela falta de
sensibilidade, e de amor à própria profissão, infelizmente.

Conto poético: A DESPEDIDA DA JUVENTUDE


Final de tarde.
O sol se pondo, lentamente, no horizonte oeste da
minha terra.
Os pássaros voam, apressadamente, em direção
aos seus ninhos,  fugindo da noite.
Os que tem hábitos noturnos, chegam para se
alimentar. Nunca dão trégua ao mar.
Senta-se, a minha frente, uma mulher  abandonada
pela juventude.
Olha-me com um olhar triste, transpirando lamento
e saudade.
Ensaiando um "meio sorriso", me cumprimenta.
De costas para o mar, observa a despedida do sol.
Fala-me da juventude, com muita saudade, e da sua
idade, com  melancolia.
Trocamos muitos conceitos de vida.
A visão do dia e da noite, encerra valores diferentes,
mas nos  oferece belezas incomparaveis.
Basta observar, com olhos atentos.
O sol, tão belo, se retira e entram em cena as estrelas
e demais seres do universo.
A juventude, da mesma forma.
Cede lugar a uma nova fase da vida, privilégio de
poucos... e somente daqueles que passaram por lá,
A  grande maioria não viu as estrelas, nem  o esplendor
do  luar... e nem teve tanto tempo para amar !
Aquela mulher, ao de mim se despedir sorriu, agora "por
inteiro",  dizendo que iria olhar  as belezas da noite, e
aproveitar  o tempo para muito amar... e nunca mais
lamentar.

sábado, 21 de julho de 2012

Conto poético: UM PADRE APAIXONADO


Um jovem estudante de engenharia, residente nesta
Capital,  após sua formatura, medita sobre os
destinos da sua vida.
Geraldinho, filho do meu amigo e colega de
trabalho, tem  claros  e definidos os seus planos
de vida.
Frequentador da Igreja Católica, fazia parte de um
"grupo jovem", que cantava e tocava instrumentos
musicais, no templo.
O ambiente não poderia ser melhor.
Reuniu-se com os seus pais e irmãos, explicando
que estava formado, como a família dele exigiu, mas
que, doravante, iria seguir o seu caminho, o  seu
destino.
Foi estudar num educandário religioso, ordenando-se
sacerdote, o seu grande sonho de  juventude.
Para surpresa sua, os seus pais o apoiaram.
Foi trabalhar no interior da Amazônia.
Dois ou três anos de trabalho, já conhecido na
comunidade, tropeçou num  divino olhar, uma deusa,
segundo Geraldinho.
Apegou-se a sua fé, aos seus irmãos reliigiosos, mas
pediu perdão a Deus, e abandonou o clero.
O amor por uma linda jovem, de olhar enfeitiçador, e
sorriso hipnotizante,  transformou  o jovem Padre num
cidadão comum, fragil, abraçado aoS encantos de uma
linda e irrresistível mulher.
A Igreja Catolica perdeu um religioso, mas  a  família
Santos ganhou mais um pai, muito carinhoso.

Poema: À ESPERA DO VENTO

Somente  sinto o teu zumbido.
Passas apressado, parecendo  querer chegar ligeiro.
Assobiando no telhado,  entendo o recado de alguém,
que  ficou por lá...
Trazendo  o cheiro bom da mulher  amada, vou
sonhando, na madrugada,  com quem tanto amei, e
não me amou.
Bates  à janela, levantas as cortinas, derrubas as  plantas 
do meu jardim, para espalhar o meu perfume preferido,
que mora no  pé de jasmim.
À noite, me acordas, me assustas mas, também, embalas
os meus sonhos alucinantes.
Sei  até, quando vais chegar...
Por vezes, creio que és tímido.
Nunca te deixas ver, somente sentir.
Chego a pensar que és  aquele amor, invisível, que vem
aqui para me vigiar.
Nas noites quentes de verão, refrescas  o meu leito,  
renascendo a esperança dela chegar.
Bate o meu coração no peito, cheio de amor e de saudade,
e nem por piedade  vem, aquela mulher, deitar.
Quanta aflição, pois mudas de direção, e recado não tens
para me dar.
Então, só  me resta, a vida inteira, te esperar...

Conto poético: O VELHO PADRE







Circulava pelas estreitas e históricas ruas da Laguna,
um homem, um grande homem, um velho padre !
Caminhava amparado numa bengala, quase um cajado.
Mais se arrastava, do que caminhava...
Vestia o seu hábito, uma velha batina preta, comprida,
quase escondendo as  sandálias, de couro rústico.
Pés com profundas marcas, que o tempo, impiedoso,
esculpiu, testemunham os longos caminhos da vida, já
percorridos.
Suas mãos,  trêmulas e abandonadas pela beleza da
juventude,  acariciam a barba  comprida e nevada,
parecendo  esconder o rosto de  alguém, de quem sente
muita saudade...
Não frequenta cinemas, bailes, praias, festas, rodas de
amigos, nem qualquer outro prazer desta vida.
Perguntei-lhe quantos casamentos, batizados e outros
rituais católicos  praticou ? 
Sorriu, calmamente, e me disse que, durante os seus
62 anos de sacerdócio, trabalhou muito para a sociedade,
e que, dele mesmo, esqueceu.
"O importante é ver as outras pessoas felizes... e isto me
traz uma imensa felicidade.
Mas, agora, recebi a recomendação de não mais celebrar
missas. Só posso assisti-las... e desejo ao novo sacerdote,
todo o sucesso que experimentei.
Minha atividade principal, no momento, é ajudar a cuidar da
paróquia, das hortaliças, da qualidade da água, e de todas
as demais coisas."
Tomei coragem,  perguntei-lhe se amou alguma mulher, ainda
que em silêncio, platonicamente ?
Olhou-me,  profundamente, nos olhos,  não conseguindo 
esconder uma cascata de lágrimas, que despencou  da  sua face...
Levantou-se, nem de mim se despediu, e foi procurar abrigo na
gélida casa de Deus, onde o calor só se faz presente, no coração
dos  verdadeiros homens, como o do velho Padre.

Conto poético: O CONFISSIONÁRIO



Não faz tanto tempo, assim.
Da janela da casa, onde residia quando menino,
avistava o padre rezando a missa.
Costumeiramente, sentava-me  a um banco de
jardim, bem à frente da Igreja Santo Antônio dos
Anjos, na histórica Cidade de Laguna. 
Belíssima construção, datada de  muitos anos.
Fico pensando, quantos fatos, durante todos estes
séculos, esta obra de arte testemunhou.
Até Anita Garibaldi, a heroína, por aqui transitou.
Casamentos, de grandes amores,  abrigou.
Ações de graças alcançadas, orações, meditações,
meu Deus...
Entro. Fixo meu olhar  no confissionário, e me
ponho a meditar.
Quantos segredos, ali foram revelados, para
esvaziar a consciência do pecado, que algum
dia  praticou.
Quem sabe, ate, crimes que não confessou.
Não há  processos nem denúncias, mas a
sentença é implacável.
No tribunal da penitência, cumpre sua pena, o
pecador.
Meus pensamentos são interrompidos,  pelo
falatório dos sinos, no campanário, batendo forte
e compassado.
É encomendada a alma de alguém que,  naquele
confissionário, já  ajoelhou.
Volto àquela Igreja. 
Parece que o tempo parou... 
Desta vez, felizmente, o sino não tocou, mas o
Padre Gregório, depositário fiel dos pecados, 
nunca  mais rezou...                

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Conto poético: SIMPLICIDADE




Admirei, e admiro, uma família  desprovida de bens
materiais, mas rica em felicidade e harmonia.
Composta de cinco pessoas, cultua  uma filosofia  de
vida, que me  faz repensar...
Humilde pescador artesanal, sustenta mulher e três
filhos.
Desprovido de ambição, não sei se é bom, conseguiu
transmitir aos seus filhos, a serenidade da simplicidade.
Estudam em escola pública, e o posto de saúde, do
município, é quem lhe presta assistência médica e
farmacêutica.
O que sobra da pesca, vende para atender suas outas
necessidades.
Transmite felicidade.
Sua única filha, Maria Aparecida,  à época, com 16 anos,
além de educada e humilde, era belíssima. Fora, mesmo,
dos padrões de beleza da comunidade  da Praia dos
Ingleses.
Não havia como se esquivar.
Numa das temporadas de verão, um  rapaz, turista, a viu
numa fila do caixa de supermercado.
Uma troca de olhares, foi o suficiente para acender uma
recíproca paixão.
Adílson, estendeu seus dias de permanência nesta ilha,
pois não conseguia  se afastar da menina.
Finalmente, viajou para São Paulo, Capital, mas não durou
um mês.
Retornou, falando em casamento, mudança de cidade, etc.
Cida, como era conhecida, confirmou todo o seu amor, mas
não seria feliz em uma cidade grande, nem distante da sua
família, onde foi educada com toda aquele vida simples.
Além do mais, amava o mar, e não conseguiria passar sem
o barulho das ondas,  o canto das gaivotas... os pescadores
puxando as redes... o brilho das dunas de areia...
"Nada disto custa dinheiro, mas aprendi a amar esta vida
simples"...palavras da Cida.
Adílson foi embora, triste, mas entendeu aquela situação.
Foi embora, mas retornou e, desta vez, para ficar, para casar,
para morar na Praia dos Ingleses, para ser feliz, muito feliz,
num casamento  que promete ser para sempre, já que se
passaram 18 anos... de plena felicidade e muita
simplicidade !

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Conto poético: CABOCLA




Quero voltar para o meu sertão, lá deixei
meu coração, o grande amor da minha vida.
Tenho saudade da florada, do cheiro da
bicharada, do frescor da madrugada, e até
do cantar do galo garnisé.
Ah, minha passarada !
Aquele silêncio, que tanto me dizia, e só eu
não entendia, era o grande confidente de
tudo o que dizia.
Quero acender o fogão à lenha, esquentar o
meu rosto e as mãos e, também,  meu
coração.
Beber água da fonte limpinha, fresquinha,
que nem de gelo precisa.
Abraçar meus amigos, que de lá nunca
sairam, para falar de  saudade,  coisa  que
nunca  sentiram.
Olhar o céu,  apreciar a beleza das estrelas,
nas noites  amenas  do outono, aspirando o
aroma da sucena selvagem, misturada com
a aragem, toda perfumada daquele lugar.
Pescar no Rio do Peixe, com os boiadeiros,
enquanto o gado, faceiro, pasta e muge o dia
inteiro.
Não esquecerei de rezar na capelinha, pedindo
perdão a Deus, por ter ido embora  do meu
lugar.
Vou pedir a Deus, que me ajude a convencer 
aquela  cabocla,  a esquecer as ofensas do
passado, por  haver magoado, a única mulher
que tanto amei...

terça-feira, 17 de julho de 2012

Poema: FUI EMBORA


 
Nem mesmo sei porque, mas fui.
Encorajado pelo forte orgulho, de não voltar,
não voltei.
Na alma, carrego as  lembranças dos bons
momentos, vividos com mais alguém.
Hoje, vejo porque as árvores perderam  as
folhas, deixando-se,  pelos ventos, dominar.
Sei, também, porque os pássaros já não
gorjeiam , com a mesma alegria de lá.
Tenho viva a imagem da dor daquela mulher,
ao me dizer adeus, mesmo sem falar.
Somente as lágrimas da dor, vi rolar na face
de quem não queria ficar... mas ficou, sem
querer ficar.
Fui embora, só, para nunca mais voltar.
Na bagagem, nem mesmo eu sabia, carregava
minh'alma vazia,  mas estufada de dor.
Não sinto mais o perfume da minha preferida
flor, a rosa amarela, que de tanto sofrer, perdeu
a linda cor.
Fui abandonado, até mesmo, pelo meu branquinho
beija-flor, amigo de tantos anos, confidente do
meu amor.
Somente as lembranças não me abandonaram,
torturando meus pensamentos, em  qualquer lugar
para onde eu for.
Nas madrugadas, escuto o zumbido do vento,
parecendo gargalhar do meu sofrimento,
acusando-me desta profunda dor.
 
 

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Poema: ACRE HOSPITALEIRO


Queria conhecer as histórias de bravuras, mas fui
envolvido pela ternura,  experimentando a doçura de
um povo, que  chegou para ficar.
Não bastasse a selva,  que me disseram  hostil,  mas
que é gentil,  amar é a marca deste lugar.
Histórias, mil !
Coberta por um céu forte, da cor do anil,  abriga  
episódios heróicos, já depositados em seu museu.
Em cada curva, um  doce aroma  de amor passeia
no ar, envolvendo o viajante, tornando-o filho deste
lugar.
Voltei meus olhos atentos ao firmamento, conversei
com as estrelas e o luar. 
Que belo luar !
As estrelas daqui, não são ariscas como as da minha
querida terra.
Estão  próximas, não tão altas como as estrelas de lá...
Pude, até, ouvir o que falavam.
Cantavam canções de  amor, embalando os sonhos
desta gente feliz.
Enquanto  isto, a prata do luar clareava toda a mata,
para  provocar o sabiá laranjeira, que cantou a noite
inteira, parecendo me saudar.
Ah, meu Deus !
Já estou imaginando a saudade, que vou sentir deste
abençoado lugar...

domingo, 15 de julho de 2012

Poema: SERPENTE DO AMOR


Do alto,  vejo  como tudo é pequeno, diante do
gigante, que serpenteia a floresta.
Parece procurar algo que perdeu, assim como eu.
Por vezes, sem paciência, arrasta tudo que se põe
no seu caminho.
Profundo, pretende  dominar o mundo, e  me
ponho a pensar...
De onde veio, e para onde vai, com tanta pressa,
se do mar não passará ?
Sua doçura, alimentando tantas vidas, em pouco
tempo receberá o sal da eternidade,  tão duradouro
quanto  esta saudade, que sinto daquela mulher.
Compreendo  o sacrifício do seu caminho,  parecido 
com os  espinhos, que  tento  evitar.
Por vezes, quase vencido, desvio do perigo, para no
seu coração  chegar...
A eternidade, que tanto procura o rio, meu amor já
atingiu, transbordando  minh'alma com as lágrimas
salgadas,  desta fervorosa paixão !
Iluminado por este sublime  amor, serpenteio  esta
vida,  sem pressa, pois quem tinha de chegar, já  
chegou... neste grande amor !

sábado, 14 de julho de 2012

Poema: DISTANTE DESTE LUGAR





Aqui, tudo é muito lindo, e até as pessoas não
são como as pessoas, que deixei por lá.
O azul do céu  parece mais intenso, do que o
céu da minha terra.
A vegetação é mais verde, e os pássaros que
por aqui voam, voam diferente dos pássaros
de lá.
Eles gorjeiam ! 
Na minha terra, cantam de tanta alegria.
O espelho d'água tem o sabor do açúcar.
Coisa estranha pois, lá, o sal  habita.
Até minha liberdade está condicionada aos
meus pensamentos.
Ficou ao  sabor dos ventos,  procurando por ti,
mulher.
Olho este belo céu azul, estes rios sedutores,
que a todos encantam,  parecendo uma
serpente, pela magia da beleza.
E só tu não vens, me causando tristeza.
Que maldade !
Aperta-me esta saudade, tão infinita como as
selvas deste lugar...
Tudo ouço, menos a tua voz, que cedeu lugar
ao silêncio... à imaginação... e à loucura...
Procuro por ti no meio do povo, mesmo sabendo
que estás distante, muito distante... mas a
forte lembrança do teu amor, mantém viva a
esperança de te encontrar nesta multidão.
E, assim, acalmo o meu sofrido coração... até
retornar...