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quarta-feira, 6 de junho de 2012

Conto poético. RELÓGIO DE PAREDE

 
O dia passa lentamente.
À parede da minha sala, um relógio antigo.
Parece parado, tamanha a lentidão dos  ponteiros.
Sente a minha ansiedade e, de propósito, marca as
horas,  vagarosamente.
Escuto o barulho da sua máquina.
Adivinha que, hoje, ela chegará.
Preparo esta casa com especial carinho, parecendo um
jardim, repleta de flores e  cheirosa.
Programo um jantar à luz de velas, num ritual especial,
dedicado à ela.
Selecionei, cuidadosamente,  as suas músicas românticas.
Seu leito, eu mesmo o arrumei, e nem esqueci da rosa
amarela, sobre o travesseiro... quero que se sinta uma
rainha.
Esta mulher, é o meu grande amor.
Agora, o relógio me avisa que está  quase na  hora, do céu
chegar à terra.
Fico agitado, confiro os detalhes, e procuro me acalmar.
É, apenas, ansiedade...
Ensaio as palavras, e me olho no espelho.
Meu  rosto está tenso...  mas feliz.
Chega a hora. Meu coração dispara.
Ouço  passos. Batem à porta.
Uma florista me entrega algumas  rosas, com um bilhete.
Pede-me desculpas pois, "por motivo de força maior ",
não mais me verá.
Meu sofrimento é indescritível.
Fico desnorteado, e olho para o meu velho relógio,  na
parede.
São 23.00h, mas  parou, exatamente, às 20.30h,
o momento combinado para a sua  visita.
Permanece parado, há  30 anos,
É fruto de uma jura. 
Só voltará a funcionar, quando ela chegar... 
 
 

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