Altos do Morro da Cruz. Centro da minha querida
Cidade.
Uma pequenina casa, construída de madeira,
certamente, restos de materiais de construção,
com vinte metros quadrados.
Lá, moravam Miranda e Iraci.
Ele, ex presidiário da penitenciária desta Capital.
Ela, mulher pobre, oriunda da periferia.
Tive o privilégio de frequentar a sua casa, quando
menino.
Lembro-me do quanto era humilde aquele lar.
Tudo foi por ele construído.
Fogão à lenha, feito em tijolos reaproveitados.
Cama de tábuas, com colchão de capim.
Mesa com bancos, todos rústicos.
Luz elétrica e água encanada, nem pensar.
A água era no pote de barro, trazida de uma
fonte próxima. E a luz, à base da pomboca.
Tudo humildemente instalado.
Mas havia uma grande riqueza, naquele lar,
que dificilmente se encontra em outro lugar.
A felicidade do casal.
Era contagiante, o relacionamento.
Sorriam e brincavam o dia todo.
Era só carinho.
Era só amor...
Um dia, tomei coragem, e disse ao Senhor
Miranda o quanto admirava todo aquele amor.
Falou-me, então, que eu o entenderia.
"Eu morei no inferno, meu filho. Não tinha
liberdade de ir e vir.
Estava cercado por grades, muros altos e
guardas, fortemente armados.
Vivenciei a humilhação.
Veja só a diferença. Moro neste palácio, cercado
só de amor, por um anjo de mulher, e posso
trabalhar.
Minhas porta e janela estão abertas.
Aqui moram a liberdade e a felicidade.
Por isto, sorrimos durante todo o dia..."
E eu, nada tive a acrescentar... nem tenho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Querido leitor...seu comentário é muito importante para mim. Obrigado.