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sexta-feira, 18 de maio de 2012

Conto poético: POBREZA FELIZ




Altos do Morro da Cruz. Centro da minha querida
Cidade.
Uma pequenina casa,  construída de madeira,
certamente, restos de materiais de construção,
com vinte metros quadrados.
Lá, moravam Miranda e Iraci.
Ele,  ex presidiário da penitenciária desta Capital.
Ela, mulher pobre, oriunda da periferia.
Tive o privilégio de frequentar a sua casa, quando
menino.
Lembro-me do quanto era humilde aquele lar.
Tudo foi por ele construído.
Fogão à lenha, feito em tijolos reaproveitados.
Cama de tábuas, com colchão de capim.
Mesa com bancos, todos rústicos.
Luz elétrica e  água encanada, nem pensar.
A água era no pote de barro,  trazida de uma
fonte próxima. E a luz, à base da pomboca.
Tudo humildemente instalado.
Mas havia uma grande riqueza,  naquele lar,
que dificilmente se encontra em outro lugar.
A  felicidade do casal.
Era contagiante,  o  relacionamento.
Sorriam e brincavam o dia todo.
Era só carinho.
Era só amor...
Um dia, tomei coragem,  e disse ao  Senhor
Miranda o quanto admirava  todo aquele amor.
Falou-me, então, que  eu o entenderia.
"Eu morei no inferno, meu filho. Não  tinha 
liberdade de ir e vir.
Estava cercado  por  grades, muros altos e
guardas,  fortemente armados.
Vivenciei a humilhação.
Veja só a diferença. Moro neste palácio, cercado
só de amor, por um  anjo de  mulher, e posso
trabalhar.
Minhas porta e janela estão abertas. 
Aqui moram a liberdade e a felicidade.
Por  isto,  sorrimos durante todo o dia..."
E eu, nada tive a acrescentar... nem tenho.

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