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segunda-feira, 30 de abril de 2012

Conto poético: OLHAR DE MULHER



O homem tem as suas origens ancoradas na força bruta,
e na sagacidade da conquista,  pela astúcia.
Por vezes, tem medo da audácia. Não arrisca.
É capaz de guerrear, para  proteger o que  ama.
É o esteio da  ambição.
Mas, a sua fragilidade não se encontra na competição.
Reside, sim, no olhar  de mulher, poder sutil e  silencioso.
Terno, penetrante, dirigido aos seus olhos, valoriza a vida,
encoraja a alma !
É o combustível  poderoso da paixão, e do amor.
Aquele rosto é a fonte do pecado,  trazendo olhos enfeitiçados,
sempre prontos para amar.
Como as flores, são coloridos, perfume desinibido, atração
fatal...
Reinos  já foram conquistados, por um  só olhar  de  mulher.
Os poetas dizem que são a residência de  Deus.
Cometo até uma heresia, mas afirmo que o seu brilho, repleto
de ternura, que traduz a candura... é o próprio Deus, que ali
está.
Quando olho  para cima, vejo nas estrelas brilhantes, o piscar
dos amantes,  obedecendo as ordens dos olhos de mulher.
Emocionados, suas  lágrimas se transformam em diamantes,
para enfeitar o colo dela.
Conheço olhos castanhos, negros, azuis,  verdes, e até da cor
do mel, para presentear os anjos, que vivem lá no céu.
Sou escravo, permanente, dos olhos de mulher, pois iluminam
meus caminhos, e me  enfeitiçam de tanto amor !
 

sábado, 28 de abril de 2012

Conto poético: UM ROSTO PROIBIDO




Os anos se passaram, mas as lembranças ficaram.
Foi uma bela festa de Igreja.
Esperada durante todo o ano, com ansiedade.
Músicas, barraquinhas,  sorteios de prendas, roletas
inocentes, concurso de rainha e princesas. Vendas de
votos. Tudo era animação.
Bonitas mulheres, desfilavam  pelo saguão.
Numa mesa, a minha frente, um lindo rosto,
exuberantemente belo, chamou-me à atenção.
Olhava-me com ternura... diferente....
Olhos de inocência, rosto sem maquiagem, cabelos
penteados com simplicidade.
Trajes sem nenhum exagero. Sorriso sincero e conversa
em tom discreto.
Não dançava, como tantas outras mulheres. Afinal,  aquele
ambiente era festivo.
Apenas me olhava. Confesso, fiquei emocionado, e
desconsertado com tamanha beleza, e profunda ternura.
Estava acompanhada de mais duas senhoras,  idosas.
Aproximadamente, as 22 h,  levantaram-se e foram embora.
Fiquei, durante toda a noite, com aquela mulher em minha
mente.
Jamais a tinha visto por ali. Deve ser de alguma colônia,
da periferia.
Minha ansiedade aumentava, à medida em que as horas
se aproximavam do reinício da festa, pois alimentava a
esperança de tornar a vê-la.
No palco, apresentação de um coral infantil.
De costas para o público, a maestrina, uma religiosa de 
hábito negro, cobrindo todo o corpo, comandava aquele
lindo espetáculo de vozes.
Ao agradecer, no final, não podia acreditar no que estava
vendo. Era a dona daquele rosto lindo, da noite anterior.
Passou, me cumprimentou, com os olhos mareados.
Foi embora daquela cidade.
Nunca mais a vi....
Ficou  uma dolorosa saudade !

Conto poético: MEU BERÇO NATAL

 
Sigo  pelos caminhos humildes, da terra em que nasci.
Meus pensamentos ancorados na vida, que já vivi, me
remetem às coisas maravilhosas que  assisti.
Agora, desfruto deste perfume de chão molhado,
que a chuva desencravou do prado.
O mato, encharcado, pega carona em minhas vestes,
querendo comigo conversar.
Lembra-me dos tempos de criança, da minha doce infância,
que lá para trás já ficou.
Pousado na cerca de arame farpado, um alegre tico-tico,
canta todo animado, querendo sua amada conquistar.
É tão parecido com aqueles que conheci no passado...
alvos da minha bestial pontaria.
Até o gorjear é o mesmo. Nem uma nota, sequer, mudou.
Eu mudei mais que o canto daquele passarinho.
Pelas maldades que lhe fiz, peço perdão, de todo o coração.
Já estou no alto da montanha.
Posso ver o lugarzinho em que nasci.
O pequeno riacho, ainda corre.
Agora, escuto o sino da capelinha, parecendo por mim
chamar.
É o mesmo que controlava os meus passos, lembrando o
meu cansaço, hora de dormir, momento  de rezar...
Meu Deus, que saudade deste lugar  !
Tudo o que eu quero da vida, está aqui. 
Meu mundo é aqui.
O aconchego, a rosa amarela, o beija flor  branquinho,
aquele perfume do  jasmim,  só encontro na terra em que
nasci...

Conto poético: ALUCINAÇÕES DO AMOR



Prometeu voltar.
Há 18 anos, venho a estação ferroviária, esperar
por ela.
Chego por volta das 17 h, e somente vou embora
ao cair da  madrugada.
As noites tem sido muito frias,  mas o calor do amor
me aquece.
É a mulher mais maravilhosa da face da terra !
Sei que voltará. Mulher que ama, não mente. E ela
me amava muito...
Mas, todo este tempo, nem uma carta... nem um
endereço...
As dúvidas, às vezes, tentam me convencer...
Meus olhos não saem daquela curva.
Escuto o barulho do trem,  percorrendo os trilhos,
parecendo  me avisar que ela vai chegar.
Dizem  não haver mais trem, por aqui.
Todos enlouqueceram, não sabem o que é uma
promessa de amor ...
Hoje, o barulho nos trilhos está mais forte.
As estrelas estão brilhando,  como na noite  em
que partiu.
Agora, tenho certeza, nesta madrugada, ela  virá !
Já escuto o forte apito do trem, na curva distante.
A  cidade se espanta, não  havia mais trem !
Até que não demorou muito, foram somente 18
anos.
Eu a teria esperado durante toda a minha vida...
Lá está ela, no meio da multidão, com o mesmo
vestido,  a mesma bagagem, o mesmo penteado...
nada mudou... está linda, como no dia em que
partiu !
Desesperado,  grito seu nome... corro ao seu
encontro. Não me ouve... não me vê.
Não há ninguém...
Foi só mais uma madrugada, sem o trem...

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Conto poético: O TREM DA ESPERANÇA


A saudade invade  minh'alma, numa enxurrada
de ansiedade, difícil de controlar.
Foi embora, faz tanto  tempo, deixando ofegante
o meu coração.
Quase  parado, bate descompassado, nem
podendo acreditar que aquela linda mulher,
depois de tantos anos, está para chegar.
Pálido, de tanta emoção, aguardo na estação
o trem, na distante curva, apitar.
Passa em minha mente, toda a vida diferente,
que  ela  me ensinou a viver.
A cada minuto, lembro a sua forma de amar,
o seu jeito doce de me abraçar e beijar,
convidando para, intensamente, amar.
Lembro do seu sorriso, do seu olhar, da
maneira educada de conversar...
São coisas de muito valor, que tocam fundo
meu coração, alimentando este amor !
Todos os dias, desde que ela partiu, venho
a esta estação, na esperança  de vê-la chegar.
Já se passaram 18 anos...  nunca mais a vi.
Sempre que venho aqui, me dizem que o
trem foi desativado, os vagões abandonados,
logo depois daquela curva...
Mas eu escuto o seu apito... eles estão
enganados... ela virá,  assim  me prometeu !

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Conto poético: CORREÇÃO DE INJUSTIÇA




Da vida, como tantas pessoas neste mundo de Deus,
guardo lembranças doces e amargas.
Quando criança, tinha como vizinho um homem rude,
casado com uma " santa ".
Possuíam seis filhos, todos ainda muito pequenos.
Ela o ajudava nas despesas da casa, lavando roupas
para outras famílias.
Ele retornava muito tarde e,como sempre, embriagado,
e falando alto, brigando...
Ela, submissa e amedrontada, nem  se defendia.
Certa ocasião, porque a mulher não o aguardou  para,
com ele, jantar, fez a maior de todas as brigas.
Dizia aos brados:  "mulher séria respeita o marido.
Veja só, estou comendo sozinho. Tu pensas que sou
um cachorro ? ", etc. etc.
Daí para frente, eram agressões físicas.
Por vezes, houve a interferência da polícia, a pedido
da vizinhança.
Algumas  vizinhas, amigas, na intenção de ajudá-la,
aconselharam-na aguardar a sua chegada, tentar
fazer-lhe companhia na hora do jantar.
Poderia, desta forma, evitar as brigas.
Certa ocasião, o filho de, apenas, 9 anos, disse ao
pai que  queria falar-lhe.
Contou-lhe que a mãe raramente  o  esperava para o
jantar, porque  distribuía  o seu prato  aos demais
irmãozinhos, ficando sem o seu  quinhão.
Isto tocou profundamente o coração daquele homem.
Não somente parou de beber álcool,  mas se
transformou num homem de verdade, reparando
todos os seus erros...
.

Conto poético: PAIXÃO DE ROCEIRO




Todas as vezes que chegava da roça, acomodava
meu corpo no varandão desta  humilde casinha,
para  descansar.
De lá, olhava morro acima, para meu trabalho, de
roceiro,  orgulhoso admirar.
Já de banho tomado, com o sol  se escondendo,
escutava Martinha, sua viola tocar.
Esta moça é muito bonita, sempre enfeitada de fita,
fazia minha cabeça rolar.
Tocava e cantava musica brejeira.
Falava de amor e de saudade, parecendo querer  me
provocar.
Conheço esta moça desde pequenina, sempre foi
bonita, mas agora está demais...
Às vezes, nos vemos na lavoura, carrego sua enxada,
querendo ajudar.
De vergonha, seu rosto  fica vermelho,e eu, sem jeito
e nervoso, nem consigo falar.
Alguns dizem que é uma tal de paixão, doença que
ataca o coração, fazendo a gente sofrer.
Posso até acreditar, pois não consigo mais dormir,
quero suas músicas de viola, o tempo todo  escutar.
Sonho com o seu rosto bonitinho e gracioso, sempre
para mim a sorrir... 
Meu Deus, acho que estou sofrendo desta  tal de paixão,
pois meu coração, que era tão bom, parece até  que
vai parar.
Aos domingos, na capelinha, peço perdão a minha
Santa Terezinha  pois, na minha cabeça, só tem
lugar para a Martinha.
Não consigo mais rezar...
 

terça-feira, 24 de abril de 2012

Conto poético: MÃOS DE COLONO




O sol ainda não nasceu.
O forte homem, já está a caminho do  campo.
Seu cavalo, naquele momento, é o melhor amigo.
Pucha a carroça carregada de ferramentas, e  tudo mais.
Na lavoura, arrasta o arado, sob o comando dos seus
braços.
Aproveita o suor do rosto para irrigar a terra, já
fecundada  pela  esperança.
Sonha dia e noite com a lavoura.
Reza para ter chuva, reza para ter sol.
O coração plantado na terra, e os olhos no céu.
É um guerreiro, lutando contra as iforças da
natureza.
As pragas o  perseguem, comendo  quase tudo o
que planta.
No final do trabalho, por vezes, colhe  incertezas e
decepções.
Desistir, jamais.
O sucesso e o insucesso, formam o fértil "adubo" da
próxima  tentativa, que será bem sucedida.
Ele  sempre acredita nisto.
Seus olhos, de tanta emoção, mudam de cor a cada
fase da plantação.
E o  coração  tem um  rítimo diferente, pois este amor 
é permanente.
A terra, aos seus pés, parece reverenciar o seu trabalho,
reconhecendo aquelas  mãos calejadas, como
documentos  verdadeiros, que  tanto  orgulham  os
brasileiros !

domingo, 22 de abril de 2012

Conto poético: NOBREZA DE ALMA



Escolinha municipal do interior deste Estado.
Antigo curso primário, e alunos filhos de famílias
paupérrimas.
Governo omisso, lanche, no recreio,só para quem
de casa o levasse.
Dez horas da manhã. 
O "sinal" anunciava  o momento da recreação,uma
pausa para as brincadeiras mas, também,para a
merenda.
Um pedaço de pão, com banha, manteiga ou banana,
já satisfazia.
Depois de engolir tudo isto,  um pouco  d'água, bem
fresquinha, para arrematar a bendita refeição.
Uma professora percebeu que, um dos meninos,
igualmente pobre, não levava o seu lanchinho.
Ficava pelos cantos do páteo, brincando sozinho, até
para driblar a fome.
A professora passou, discretamente, dividir o seu
lanche com o menino.
Este fato perdurou por, pelo menos, quatro anos.
Seu pai, não suportando mais aquela miséria, mudou-se
para a Capital, e o menino deixou aquela casa de ensino.
Muitos anos se passaram.
Notícias, nenhuma daquela família.
O menino, agora, homem feito,  voltou aquele município e
tentou visitar a  professora que tanto bem lhe fez.
Foi informado da sua aposentadoria, e que estava residindo 
em outra  Cidade, neste Estado.
Facilmente, localizou o seu endereço, pois todos por lá se
conheciam.
Ao chegar próximo a sua casa, avistou uma senhora, já bem
debilitada pela idade avançada.
Apresentou-se,beijou as suas mãos e, banhado em lágrimas, 
externou o seu profundo agradecimento.
Dona Sissi, não era, apenas, uma professora  mas,
sim, uma Santa.
Três anos após,  com noventa e cinco anos de idade,
foi chamada por Deus, para cumprir uma nova missão ...

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Conto poético: UMA NOVA CHANCE



Uma família estruturada pelo amor, e pela educação.
Nada poderia estar faltando naquele ninho.
Mas, uma grande angústia pairava no ar...
Não era de fundo profissional, ou econômico.
O relacionamento do casal, parecia normal.
Certa manhã, a  inevitável conversa teve início.
O marido disse à esposa que não era feliz.
Que estava deprimido, que não suportaria
permanecer em sua companhia, nem mais um dia.
Sua mulher foi compreensível, ajudou-o arrumar as
suas malas, e despediu-se dele na porta  da casa,
desejando-lhe a felicidade que procurava.
Foi embora, desnorteado... não sabendo para onde.
O reflexo, sobre o casal de filhos, foi imediato, o que
veio dificultar o trabalho da mãe. Não impossibilitar...
pois é uma guerreira.
Notícias chegavam àquela família, nas mais diferentes
versões.
O tempo foi passando.  1 ano, 10 meses e 19 dias, sem
contato pessoal.
Semana de natal.
Todas as casas da rua, muito enfeitadas.
A desta família, não. A tristeza esta estampada.
Dia 21 de dezembro, às 21 h, toca a campainha, no
mesmo código de batidas do pai daquela família.
Três vezes...
Mãe e filhos, olharam-se assustados.
O menino foi atender à porta.
Já retornou nos braços do pai, ambos em prantos.
Toda a família o recebeu de braços e coração abertos.
Passada a forte comoção, disse-lhes que procurou a
felicidade nos mais diversos lugares.
Mas andou em círculo, pois "nesta casa, reside tudo
o que procurei  por este mundo de Deus".
No dia seguinte, sua residência foi decorada para
comemorar o Natal, como tantas outras famílias...

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Conto poético: A TIMIDEZ




Troca de olhares... interesses mútuos, com certeza.
Em ambos os rostos, estava estampada a vontade
de uma aproximação.
A timidez os impedia, bloqueando qualquer iniciativa,
nesta direção.
Quanto mais o tempo passava, mais aumentava  a
inibição.
Nasceu o pior. Um bloqueio, difícil de ser ultrapassado.
O ambiente é  escolar, universitário.
Um cuida do outro, para que ninguém se aproxime.
No dia da formatura, frente ao ambiente festivo, a
moça toma uma corajosa atitude. Aproxima-se do
jovem rapaz, e pede licença para arrumar a sua
gravata, que se encontrava "fora do prumo".
Ele agradeceu, ficou com a face rubra, mas foi só.
Não passou deste episódio.
Creio que a ansiedade era muito forte.
Durante o baile, ele, encorajado pelos amigos, foi
até a mesa da bela moça, perguntou-lhe se aceitaria
dançar. Desculpou-se, não aceitando o convite.
Desconsertado, o rapaz não dançou  durante toda a
festa.
Já  decorridos muitos anos destes fatos, ambos
confidenciam, aos seus amigos, a grande paixão que,
até os dias de hoje, nutrem um pelo outro, embora
hajam casado com outras pessoas.
Não conseguem explicar tamanha dificuldade de um
relacionamento.
Talvez  fosse, apenas, uma  simpatia ...

Conto poético: O REENCONTRO


Foi o amor mais lindo, e mais puro, entre dois
jovens estudantes.
Promessas, juras  de sentimentos, lágrimas e
doces aconchegos, momentos felizes de intensa
emoção.
Que pena. Término da faculdade, projetos de vida
no ar, cada um com destino diferente.
Não se aperceberam do quanto era  serio aquele
relacionamento.
A angústia os acompanhou por muitos anos.
Em ambos, existia um vazio na alma.
Nada traduzia a completa felicidade.
Foram imprudentes, certamente.
Não prestaram atenção, no que dizia o coração.
Traduziram como  aventura, a mais  verdadeira
ternura, de um amor que era para sempre.
Mas, o  destino é paciente.
Num congresso de médicos, nesta Capital, se
reencontraram no auditório das palestras.
Onze anos se passaram. Não muito tempo para
reacender as chamas da  paixão de estudantes.
Troca de informações  de  lá, e  de  cá...
Ambos estavam só, não obstante  dois casamentos
fracassados...
No meio da conversa, uma interrupção para um
caloroso beijo, repleto de saudade e  de
arrependimento.
Queriam-se muito. Amavam-se, e não sabiam.
Nunca foi uma simples aventura de estudantes.
Estava, ali, identificado o vazio naquelas almas.
Já se passaram treze anos, deste reencontro.
Cada dia é uma felicidade diferente. Uma surpresa
agradável, a cada momento...

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Conto poético: INQUIETUDE



Será hoje, ou nunca mais.
Irei  olha-la de frente, bem fundo nos olhos...
Tocarei suas mãos, num cumprimento  afetuoso.
Mas tocarei, ainda que estejam molhadas pela
forte emoção.
Levarei palavras, mesmo que ensaiadas, mas levarei.
Perdão pedirei, se gaguejar, mas falarei.
Hoje vou aliviar meu sofrido coração, deste amor
silencioso, que durante tantos anos, sozinho,
carreguei.
Quero fazer confissões, relatar minha inquietude,
libertar meus sentimentos, falar do mais puro amor !
Conversarei sobre estrelas e  flores.
Direi quem sou, o que quero, o que sinto, de onde
vim e para  onde vou.
Dela, sei tudo, até o que pensa do amor.
De onde veio... aonde está e para onde vai....
Poderá ficar aqui, ou ir embora,  mas comigo, por
favor.
Acalentarei  meu coração sofrido,  rendido  ao
amor daquela linda mulher.
Oferecerei o céu e, se preciso for, também os
anjos. Mas conquistarei o seu amor...
Finalmente, haverá de sentir, em sua alma  de
mulher, o homem sincero  que está a sua frente.
Mas, se mesmo assim, não me quiser, esperarei
a vida inteira, com  resignação, para que mude
de opinião, o seu belo coração.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Conto poético: A FORÇA DA VONTADE

Uma menina, como tantas outras, nascida numa comunidade
paupérrima, nos arredores do centro desta bela Capital
Catarinense.
Sua casa, construída com restos de materiais, permitia a
passagem de um gato, pelas frestas das paredes.
Faltava-lhe de tudo.
Moradia precária, alimentação inadequada e escassa.
Conforto, nenhum. Nem mesmo sabia o que  significava
esta palavra.
Presença do poder público, somente da policia correndo
atrás dos bandidos, e  que não eram poucos.
Abundância,  naquela miserável casinha, só nos lindos
sonhos daquela menina.
Nas  brincadeiras, sempre afirmava:
"Quando eu crescer, quero ser médica ".
As maiores riam da menina.
Impossível, até mesmo nos sonhos, dado a condição  de
abandono, em que vivia a comunidade do Morro do Mocotó.
Uma das localidades mais pobres, desta Ilha de Santa
Catarina.
Do alto do morro, avistava  a Sede do Poder Executivo, a
Assembléia Legislativa, o Poder Judiciário e quase toda a
Cidade.
Seus nobres sonhos, começavam a se delinear.
Aluna das mais dedicadas, sempre nas escolas públicas,via
sedimentar os seus objetivos, embora convivendo com  a
miséria e a crueldade sociais.
Concluiu  o  ensino fundamental, com absoluta dedicação de
quem sabe o que quer.
Presta vestibular na Universidade Pública, disputando uma
vaga com milhares de alunos, provindos de escolas fortes,
particulares.
Aprovada, conclui seu curso de medicina.
Sua garra de guerreira, lhe dá o título de médica, graças ao
seu  sonho de criança, embalado na descomunal  força da
vontade e, certamente, da proteção de Deus ...

Conto poético: FANTÁSTICOS MOMENTOS


Ou, quem sabe, divinas frações de segundos, que
valeram por toda uma eternidade.
O tempo parou.
Não amanheceu...
O sino não dobrou, e o pássaro emudeceu.
Nada  se percebeu.
Foi uma viagem na intimidade da alma, na
privacidade das emoções.
Somente os instintos estavam autorizados...
nos extremos liberados.
A vez da insanidade, das explosões do querer,
não  importando  o que...
Mas valeu atender.
E o tempo, parado, permaneceu.
Apenas o ponteiro do relógio, impaciente, seguia
em frente.
Não se falava. Só os gritos se escutava.
O silêncio se mudou  das trevas, invadidas pela
beleza do amor, pelo maravilhoso cheiro de uma
ardente flor... regada pelo extrato da vida.
Até os anjos, disfarçados de estrelas e da luz do
luar, pela vidraça vieram  saudar, duas almas que
diziam tudo, sem falar.
Apenas poemas, além do intenso amor, tomaram
conta do ninho, explicando a doçura de toda  aquela
fantástica loucura !

domingo, 15 de abril de 2012

Conto poético: RANCHO DE PESCADOR


Poucas pessoas, neste mundo, conhecem um
rancho de pescador.
Nada complicado, tudo muito simples.
Uma canoa e muitos sonhos.
Todos se sentem irmãos, de verdade !
No cantinho do rancho, um fogão rústico, à lenha,
onde são preparados alguns alimentos,
aquecimento de água, para um bom café, e um
pirão com peixe frito.
Pelas paredes, tem de tudo pendurado.
Desde roupas do trabalho, até os implementos
de pescaria.
Os homens passam o dia conversando, contando
novidades, esperando pelo convite do mar.
Desde pequenos, nesta vida, não a trocam por nada
deste mundo.
São parceiros, são amigos, solidários até as últimas
consequências.
Falam, com muito orgulho, da família e  das conquistas
pessoais.
Posso garantir que não existe terapia melhor, do que
passar alguns momentos neste ambiente, ouvindo
as historias de pescador.
Até as mentiras, por eles contadas, são ótimas para
se ouvir.
Falam de coragem, de exageros, de bruxas e feitiçarias.
E também de religião. Creio, até mesmo, que Deus está
sempre entre eles, sentado num banquinho, ouvindo seus
relatos.
Desde pequeno, sou testemunha desta gente  simples e
maravilhosa.