Nesta manhã de outono, sentado frente ao mar, sem
preocupação ou qualquer compromisso, conversei com um
homem de idade avançada, digamos, um "velho sonhador ",
prefiro, assim, identificá-lo.
Sabe ouvir, mede as palavras...
Conversa sobre a vida e a morte, a saúde e a doença, fala
da felicidade, como sendo um bem maior, tão grande quanto a
vida.
Comenta sobre o tempo que já passou, amizade, lealdade,
honestidade.
Enfim, realça as virtudes mas, também, comenta sobre os
defeitos humanos.
Disse-me uma coisa muito interessante:
"devemos levantar templos às virtudes, e cavar masmorras aos
vícios ".
Creio, até, já ter ouvido esta frase... pode ser engano meu.
Falou de amor e, neste momento, se emocionou profundamente.
Tentou disfarçar as lágrimas que lhe rolaram à face, mas não
conseguiu fugir a minha discreta e respeitosa percepção.
De paixão e desejo, também comentou.
Meu Deus, eu estava diante de um sábio, um pensador, disfarçado
em sua simplicidade.
Eu, sim, era o ignorante.
Deu-me lições claras sobre a paixão. Deve ter percebido as
minhas angústias afetivas ...
Disse-me, entre outras coisas, que é um episódio de fundo
emocional, normalmente passageiro. Que o importante é ter
consciência disto, e saber distingui-la dos desejos, que também
são temporários.
Levantou-se, apoiado em sua bengala rústica, e despediu-se
cordialmente, prometendo voltar no final da tarde, para
continuarmos a conversa.
Não considero desta forma mas, sim, uma excelente aula, no
campo das relações humanas, proferida por um homem que
apreendeu tudo com a vida...
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