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sábado, 10 de março de 2012

Conto poético. O TEATRO DA VIDA

No interior desta Ilha, nas épocas em que tudo era
muito atrasado, socialmente. coisas estranhas
aconteciam, e que, até os dias de hoje, somente são
explicadas por suposições.
Apareciam figuras  humanas que se tornaram
folclóricas, certamente pela notoriedade que ganhavam
ou, quem sabe, por outras razões.
Um velho pescador, dotado de um coração extravagante
em   bondade, pelo menos duas  vezes ao ano, se
transformava numa figura, mística para alguns, e
fantasiosa, para outros.
Aquele homem que, normalmente, usava vestes de um
autêntico  pescador, que não abandonava o  surrado
chapéu de palha, barba por fazer, até para se  proteger
do sol causticante, se transformava, completamente.
Barbeava-se, abandonava o tradicional chapéu, muito
bem penteado,  e vestido com um traje longo, uma
espécie de túnica que lhe cobria todo o corpo, na cor
branca, bem limpinha,  e saía pelo povoado.
Escolhia a  pessoa que queria homenagear.
Uma em cada rua.
Mulher, homem, ou criança. Não importava.
Enchia, com água fresca, uma bacia de alumínio, que
carregava em sua bagagem, e iniciava o seu ritual,
delicado e perfumado.
Trazia  essências de ervas cheirosas, por ele mesmo
preparadas e, após lavar os pés do escolhido,banhava-os
com o  perfume.
Enxutos, beijava-os, num gesto singular de amor...
Questionado sobre a razão daquela cerimônia, tão bela,
respondia que cada um a via de uma forma, e que neste
mistério da interpretação, residia a beleza do seu
teatro da vida... simples, não ?
Aquele homem era um sábio !
Somente hoje, compreendo...

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