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domingo, 5 de fevereiro de 2012

Conto poético: FELICIDADE ESCRAVA

Segunda metade do século XIX.
Chega o dia mais  esperado. O fim do escravagismo.
O mundo exigiu. O Brasil, finalmente, cumpriu.
A  fazenda agrícola, Ferradura Grande, no interior da Capitania de
Pernambuco, contava com  uma senzala de mais de 200 escravos.
Com a liberdade concedida, e anunciada pelo próprio "Coronel "
Policarpo Junqueira, aquela senzala entrou em festa por três dias e
três noites.
O escravos dançaram, cantaram e beberam, alegremente, sentindo,
pela primeira vez, o doce sabor da liberdade oficial.
No final, o silêncio. Dormiram, sem parar, durante 24 h.
Na "casa grande ", o Coronel Policarpo, conformado com os novos
tempos,  imaginava o que deveria fazer para continuar as suas atividades
econômicas, sem o braço escravo...
Sentiu-se o homem mais fraco do universo...
Repentinamente, ouviu alguém bater palmas à frente da sua varanda.
Era um grupo de  oito escravos e escravas, querendo  conversar com o
Coronel que, gentilmente e como sempre, pediu que sentassem  e se pôs
a escuta-los.
Disseram que a alegria em seus corações era imensa.
Mas a liberdade que ganharam, com a lei, já tinham, ali, há muito tempo,
na fazenda do coronel Policarpo, que sempre foi bom para toda a senzala,
e que a prova disto é que jamais houve fugas de escravos.
Dizem, até, que já houve  o aparecimento de dois escravos de fazendas
vizinhas, pedindo abrigo em sua  senzala.
O coronel pagou pelos escravos fugitivos, e ficou com eles em sua
propriedade.
Todas estas conversas renasceram naquele encontro, em forma de
reconhecimento.
O Coronel Policarpo, com lágrimas rolando pela face, visivelmente
emocionado, abraçou aqueles homens e mulheres e disse-lhes que,
este reconhecimento, foi o maior presente que recebeu em todos os
seus 65  anos de existência, e que, daquela data em diante, todos os ex
escravos de sua fazenda, trabalhariam em conjunto com ele, e que a
metade de tudo o que viesse a ganhar, seria dividido com a senzala.
Claro, a proposta foi aceita, imediatamente.
A festa recomeçou  e durou mais dois dias.
E, desta vez, o Coronel Policarpo, sua mulher e os seus seis filhos,
dançaram até o amanhecer, festejando o fim da brutalidade, e o começo
de uma nova sociedade, aonde a cor seria, somente, a do amor !

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