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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Conto poético: DECADÊNCIA

Foi uma autoridade austera...
Um  homem que, em  época de exceção  jurídica, possuía
o poder de vida e de morte, sobre as  pessoas.
Com um pouco de exagero, é claro.
Mas era a arrogância personificada.
Rodeado de seguranças, secretárias, e "carta branca"
para agir.
O fascínio, pelo poder, subiu-lhe à cabeça, quase o
enlouquecendo.
Mas acabou o regime político autoritário, como tudo na
vida acaba.
Envelheceu.
 Sentiu-se odiado, ou tratado com indiferença pelas pessoas
do seu  relacionamento.
Os pseudos amigos se afastaram,e sua esposa faleceu.
Só, resolveu morar num bairro distante.
A solidão logo o dominou.
Chegou a depressão.
Sua consciência  revoltada, o acusava das arbitrariedades.
Suas noites  se transformaram no seu inferno particular.
Numa tarde de sábado, ficou muito feliz, ao receber a visita de um
modesto funcionário que, nas épocas áureas, servia-lhe o cafezinho
no gabinete.
Conversaram durante quatro horas, ou melhor, o funcionário o
escutou durante todo o tempo, fazendo desabafos e contando
histórias do passado.
No final da tarde, ao se despedirem, pediu-lhe que voltasse no
próximo sábado, para continuarem a conversa.
O Senhor Aristides, explicou-lhe que tinha um pequeno serviço extra,
e que iria ganhar cinquenta reais.
O "Comandante ", então,  cobriu a referida importância...
O pacto foi aceito. Virou costume.
O Senhor Aristides, sempre  o visita, e ganha  por isto...
Outras  pessoas , também.
Foi  a única  maneira  de  driblar a solidão, e o  abandono...
Certamente, quando no apogeu, plantou esta situação.
A colheita, não poderia ser muito diferente...

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