A intensidade do amor, sentida por aquele homem,
pela vida abatido, era de tal forma gigantesca, que
somente ao tempo cabe avaliar.
Perdeu a dignidade, a memória e a noção das fronteiras
sociais.
Procura sua amada, pela sorte abandonado, farejando
seu cheiro nas calçadas.
Até pela sombra foi deixado.
Seu grande companheiro, o único que restou, é um
pardal. Sim, um pardal que salvou ao cair do ninho e,
por gratidão, nunca mais o abandonou.
Em todos os lugares em que vai, lá está ele, o seu
amigo pardalzinho. Canta feio, não tem valor, mas é
animado e supre, pelo menos em parte, o afeto do seu
amor.
Este, sim, o abandonou.
Transformou-se num errante, um andante ou andarilho.
Nem faz questão do título !
Quem o alimenta é o pardalzinho, como se fosse o seu
filhotinho. Coisas da vida !
O errante somente vive dos sonhos, e da esperança de
reencontrar o seu grande amor. Aquele que o abandonou.
Passados dois anos, numa destas esquinas da vida, o
destino tentou por fim a sua peregrina e solitária busca.
Finalmente, frente à frente com a mulher que tanto procurou.
Abraços, choros, soluços e propostas.
Tudo se encaixou, menos uma coisa. A mulher amada, sem
apresentar nenhum motivo, condicionou a sua volta ao
abandono do passarinho.
O homem, chorando, pediu-lhe licença e desculpas, beijou as suas
delicadas e cheirosas mãos, e continuou o seu caminho,
acompanhado do seu pardalzinho...
Por isto, sempre tenho o maior respeito, ao avistar um andarilho,
percorrendo os caminhos da vida, mas sempre acompanhado de
um grande motivo.
Ainda que este seja, simplesmente, um pardal.
"CORAÇÂO TAGARELA" ... Uma maneira maravilhosa de dividir com amigos e familia minhas mais doces emoções poeticas....
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
Conto poético: O FIM DA HUMILHAÇÃO
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