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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Conto poético: SOMENTE UM ABRAÇO


 Percebi um fato, no mínimo curioso.
Um homem, com idade aproximada de 50 anos, sempre, por
volta das 19h, se dirige ao final da praia, ajoelhado e de braços
abertos, gesticula em direção ao universo.
As pessoas o designam de louco, pois fala coisas sem sentido,
ou, pelo menos, incompreensiveis.
Tira o seu chapéu de palha, entra no mar, banha o rosto, e chora
muito.
À primeira vista, também me pareceu desequilibrado.
Mais tarde, no aconchego e tranquilidade de minha casa, pensei
muito sobre aquele homem.
Afinal, não tenho o direito de julgá-lo desta forma e, quem sabe,
poderia oferecer-lhe algum tipo de ajuda.
No dia seguinte, cheguei mais cedo ao local para, novamente,
observá-lo.
Ele é extremamente pontual e frequente, chova ou faça sol.
Após cumprir todo o seu ritual, perfeitamente repetitivo, pedi
licença para dirigir-lhe a palavra.
Assustou-me. Não imaginei que estaria diante de um homem
tão educado, e falando um português tão escorreito.

Sentei-me ao seu lado, numa das pedras que formam o costão.
Após manifestar a minha admiração, por sua regularidade
ritualística, sentiu-se lisonjeado e, sem cerimônia alguma,
explicou-me que faz isto, diariamente, para aliviar a sua dor.
A gesticulação, e tudo mais, foi o caminho espiritual que
encontrou, para falar com o seu amado filho, que aquele
mar levou, num dia de tempestade, quando surfava próximo
ao costão.
Então fala com o mar, com a noite que vem chegando e
com o dia que está encerrando, implorando que traga o seu
filho de volta...
Abraçou-me, e chorou copiosamente...
Também, eu.
Não consegui, pela primeira vez em minha vida, pronunciar, sequer,
uma palavra de consolo.
Apenas, o meu caloroso abraço... num homem que tem muito
amor no coração, e fé em Deus.

Conto poético: O PACTO

Noite agradável, quente mas ventilada, à beira mar.
Dois jovens são apresentados por um amigo comum.
Duas pessoas interessantes. Ela, uma simpatia de
mulher como, aliás, as mulheres nordestinas, de um
modo geral.
Bela, sorridente, instruída e educada, deixou o jovem
impressionado.
As cidades em que moravam, eram muito distantes,
geograficamente. Por outro lado, não existiam as
facilidades de comunicação, como as de hoje.
Na despedida, fizeram um pacto.
Rasgaram um rótulo de refrigerante, que estava
sobre a mesa, ficando, cada um, com uma metade.
Prometeram uni-las, quando ocorresse o próximo
encontro.
Passaram-se muitos anos. Ele retornou á cidade
daquela moça, e a procurou em seu endereço.
Estava casada e com um filhinho, nascido por
aquele mês.
Foi um contato desconsertante e constrangedor.
Passaram-se muitos anos, mais de trinta, ela voltou
a fazer contato com o jovem, agora, na condição
de divorciada. Muita emoção no ar, evidentemente.
Ele retirou, da carteira, a sua metade do rótulo de
refrigerante, objeto do pacto firmado no ano de 1971.
Com as mãos trêmulas da profunda emoção, colocou-a
sobre a mesa, dizendo: "finalmente, juntas... ".
Ela lhe olhou indiferente, perguntando: "o que é isto,
querido ? ".
Foi a morte, súbita, de um sonho, de uma ilusão ...

Conto poético: PROFUNDO RESSENTIMENTO

Numa modesta colônia de pescadores, do litoral catarinense,
duas famílias, vizinhas, foram criadas como parentes muito
próximos.
Uma amizade duradoura, cheia de afeição e sentimentos, era
o traço de união, entre ambas.
De um lado, seis filhos, e do outro, quatro.
Pessoas simples, mas muito bonitas, criadas à beira mar, com
alimentação natural e boa saúde.
Possuíam idades equivalentes, com as mesmas aspirações
para o futuro.
Como irmãos, frequentavam, mutuamente, as suas modestas
residências.
O tempo foi passando, as crianças crescendo, se transformando
em adolescentes e, rapidamente, em adultos.
Rosemiro, jovem de vinte anos, pescador, educado e obediente,
não olhava a sua vizinha, Rosita, de dezesseis anos, apenas,
como amiga.
Nutria uma forte esperança de namorá-la, pois desde menino a
via com olhos diferentes.
Os pais de Rosita perceberam o seu interesse. Mas ela não
correspondia àquela expectativa.
Numa festa junina, como de costume, muitas famílias se reuniam,
para comemorar a tradição.
Rosita apareceu com um namorado, seu colega de aula,
apresentando-o a Rosemiro. O choque foi por demais forte, paara
aquele jovem apaixonado.
Perdeu a voz. Nunca mais voltou a falar ou a sorrir.
A tristeza se apossou da sua alma.
Hoje, com mais de sessenta anos, Rosemiro mora só, e não mais
se interessou por outra mulher.
Todos apostavam no tempo. Perderam.
Rosita casou com aquele namorado da escola, mas, em seguida,
houve a separação. Também, mora só.
Nada mudou a história...

sábado, 28 de janeiro de 2012

Conto poético: AFEIÇÃO

Ah, esta Ilha maravilhosa, que ancora as suas  raízes
culturais,  lá nas longinquas terras dos Açores,  E que
tem em comum até o refrescante banho das águas do
Atlântico !
 Sua gente, boa e paciente, hospitaleira e conversadeira,
traz na cabeça o chapéu de palha, para não ser confundida
com mais ninguém.
Pesca e trabalha nas roças, como gente grande, fazendo
amizades  em qualquer lugar.
Fala ligeiro, como se estivesse fugindo do perigo, mas é
apenas ansiedade por demonstrar a sua sincera amizade.
Olha a imensidão das águas do oceano, e comenta, quase
chorando, tudo de bom que tem em Portugal.
Fala dos finos vinhos do Porto, sem jamais  haver bebido.
Comenta sobre as touradas, que são até imitadas, por aqui,
nas cidades à beira mar.
Chega a inventar sotaque português, querendo  enganar que
é de lá.
Certamente, isto está no DNA.
Quando uma criança nasce com os olhos azuis, cor de anil, vem
o pai logo dizendo, que o seu avo nasceu Atrás dos Montes,
lá  em Portugal.
Desde criança, mantemos a esperança daquela Terra, um dia,
conhecer.
O canto do fado, o pescador arrojado, a mulher bonita, toda
enfeitada de fita, e até o boi-de-mamão, ficaram, para sempre,
em nosso coração....

Conto poético: UM OLHAR AO INFINITO

Observei, atentamente, aquela jovem.
Dois lindos  olhos verdes, da cor do mar, pareciam
me olhar.
Um rosto singular. Não sorria, não se movia...
Não sei em que pensava. Parecia em  nada.
Perguntei-lhe o seu nome, como uma forma de,
com ela, me comunicar.
Não respondeu.
As pessoas passavam a sua frente. Ela parecia não
se  importar, ou não perceber.
O mundo, ao seu redor, para ela, não existia.
Tudo lhe parecia indiferente.
Seu tio, atencioso,  conduziu a cadeira de rodas para
a sombra do prédio, acomodando-a próxima de
onde  me encontrava.
Soube, então, tratar-se de um ser  desprovido dos
sentidos.
No que poderia estar pensando aquela mulher, tão
bela, acerca do mundo em que vivo ?
Jamais saberei a resposta, creio.
Mas tenho o direito de me questionar, a respeito
de tamanha crueldade.
Por que um "vegetal ", designação dada por seu tio,
teria tomado a forma de um ser humano ?
Trata-se de um ser superior  ?
Não ? Quem pode garantir, que não ?
Seu olhar , simplesmente,  ignora tudo.
Talvez esteja procurando algo, que  este
mundo não lhe possa oferecer.
Concentrada no infinito, me fez sentir pequeno
demais, para  compreender tudo isto.
Creio que aquela linda mulher, de olhos da cor do
mar, enxerga um Deus, tão bonito e sereno, que
eu jamais  o conhecerei...

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Conto poético: MUSEU DA SAUDADE

Resido, só, neste apartamento minúsculo, com os
meus pensamentos.
Faço planos de mudar a minha vida, mas
não mudo de apartamento.
Aqui, estão os meus sonhos, e as minhas lembranças.
Cada objeto, representa uma história.
Naquele vaso de amianto, estão plantadas flores que
eu chamo de encanto, pois perfumam o ambiente, em
horas certas, nunca diferentes.
Naquela mesinha de canto, desabafo os meus prantos,
pois o cheiro dela ainda está lá.
A xicrinha, que tanto chá ela  bebeu, hoje é relíquia, ninguém
toca nela, só eu.
Aquele  sofá  já  está velhinho, eu sei, mas por nada deste
mundo o trocarei, pois era ali o seu lugar preferido para,
abraçada, conversar comigo...
Em cada parede, a sua fotografia, parecendo me olhar, a
todo lugar que eu vá.
À noite, muitas orações aos seus pés.
Tenho pedido a Deus, fervorosamente,  que  conceda
uma licença, para ela me visitar...
E se isto acontecer, vou esconde-la no fundo do coração,
e somente retornará ao céu, segurando a minha mão...
Só eu sei das coisas boas deste  recanto.
Vou  transformá-lo num museu.
Mas ninguém terá acesso. Só eu.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Poema: AS CARTAS DO MEU AMOR

Guardei todas, com carinho.
Li, milhares de vezes, as  doces declarações
e promessas de amor.
Verdadeiros poemas.
Nas horas de saudade, aquelas letras, tão
carinhosas, preenchiam minh'alma, dizendo
tudo o que precisava ouvir.
Quantas vezes as consultei. Nelas, encontrei
as respostas de que sempre precisei.
Minha segurança estava  lá, naquelas linhas
bonitas, com tanto amor escritas, por aquela
mulher que muito amei.
Sua foto coloquei num altar,  ao lado do meu
santo respeitado.
Fazia pedidos, que eram prontamente atendidos.
Acho que a transformei numa santa, tamanha a
esperança  de um dia ela voltar.
O tempo passou, e ela jamais voltou.
Minhas lágrimas desbotaram as letras.
Mas sei tudo o que lá estava escrito.
Não esqueci nenhuma palavra, nem mesmo a
última que escreveu, pois foi a que mais doeu.
Desejou-me boa sorte, com um   saudoso
 "Adeus ".
Meu sofrimento é pura maldade, pois até a minha
dignidade, foi morar noutro lugar.
Mas aos pés do  altar, rezo todas as noites,
pedindo para aquela santa voltar...

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Conto poético: O SEGREDO DO JOÃO DE BARRO

Os dias, meses e anos se passaram.
Nada mudou naquele homem.  Seu olhar triste,
denuncia um forte golpe, que a vida lhe desferiu.
Quis o destino, impiedosamente, arrebatar-lhe dos
braços, a mulher que tanto amou.
Conheceu a fúria de uma paixão, maior do que as
suas forças poderiam suportar.
Sentiu o cheiro das flores, da terra molhada
pela chuva de verão.
Ouviu a  viola cabocla, seus versos tocar.
Chorou de emoção, ao beijar as mãos da sua
amada.
Em seus olhos, enxergou a alma divina da
felicidade cristalina, que tanto almejou.
Sentiu seu coração bater forte no peito,  e
até meio sem jeito, os lábios dela beijou.
O homem mais feliz do mundo, acabara de
nascer.
Jurou a Deus que faria daquela mulher, a
rainha do mundo. A sua rainha !
Com as suas próprias mãos, colheu do caminho
por onde passou, pedra por pedra, e construiu
sua casinha,  com muito amor.
Aprendeu tudo com o "joão de barro ",  que
cantava o dia inteiro ao seu lado, e em seu amigo
se transformou.
Depois de um ano de muito trabalho, com tudo
embelezado, foi até o povoado, para trazer o seu
grande amor.
Ninguém sabia do paradeiro de Mariazinha, nem
do filho do Joquinha, que lá, muito  distante, foram
morar.
A casinha de pedra, coberta de palha e de chão
batido, até hoje está perdida no meio do mato,
perto daquele lugar. E só o joão de barro, com os
seus gritos, sabe onde está ....

Poema... PRESSENTIMENTO

Sinto-me observado, vigiado...
Alguém fala comigo, sem  nada dizer.
Não ouço a sua voz.
Sua presença,  pressinto.
Até de minha sombra, já  estou  desconfiado.
Reviro o passado, falo com os meus versos e os alheios.
Pensamentos semeio, colho respostas ao acaso.
São ondas de calor, vindas de algum amor, que não causou dor,
falando tão baixinho, parecendo no meu ouvido, apenas, soprar.
Sinto o seu cheiro no  ar.
Fecho os olhos e toco em sua pele, tão macia, que até as rosas,
faceirinhas, ficam em segundo lugar.
Só me resta  esperar...
Mas, tenho certeza, alguém está a me observar, aqui mesmo, ou
em outro lugar, com tanta sutileza, parecendo a natureza, pedindo
para falar.
Já escutei o vento, as águas da cachoeira que, em suas corredeiras,
o nome dela quase falou.
À  noite, no meio da mata, pelo luar iluminada, vejo um lindo corpo
desfilar,...
Não quero acreditar no que vejo, tão ardente é o desejo, de escrever
o seu nome, bem aqui, neste lugar...
Com medo de mágoas causar, vou esconder  estas letras  no fundo
do coração,  e a Deus pedir Perdão, mas nem com sua determinação,
o nome dela vou revelar...

Poema: QUANDO TERMINA O MEU DIA

O sol se põe. Eu, me ponho a pensar...
Mais um dia a se encerrar. Mais um dia eu fico a pensar,
nas coisas, que nesta noite, por aqui, podem mudar.
Meditei sobre as coisas tão boas, que juntos fizemos, ou
não fizemos...
Cada dia que passa, tenho sido feliz, na  simplicidade.
Alegre, no meu jeito de ser.
Presto uma atenção danada, no canto que vem da mata, e
fico a imaginar a beleza da passarada, que gorjeia, tão animada,
sem saber que estou a escutar.
O sabiá laranjeira que, faceiro, canta o dia inteiro, consola o meu
coração, cheio de saudade.
O beija-flor, brilhante e azul, passa ligeiro, bem pertinho dos
meus olhos, parecendo,  minhas lágrimas, querer secar.
A araponga, branquinha,  lá do alto da galhada, canta tão animada,
querendo as horas contar.
Seu bico verde, prova ser filha da selva, parecendo um pedacinho
da relva, querendo o céu alcançar.
A tiriva, faladeira, mais que lavadeira desocupada,  come todos
os coquinhos da palmeira, enchendo  o papo. Que esganada !
Agora, volto para o meu ranchinho de chão batido, escutando os
meus gemidos,  esperando àquela mulher,  voltar...
Vou acender o fogãozinho  à lenha, esquentar toda a casinha,
com as cobertas bem quentinha, para o meu amor deitar.
Vou pedir ao sabia laranjeira, que cante a noite inteira, bem de
longe e suave, para o sono dela embalar.
Pela manhã, quando acordar, seu café estará no boião de barro,
com pão de milho verde, tudo bem, arrumadinho, para o meu
amor se alimentar...

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Conto poético: PARADOXO

 Um engenheiro austero, enérgico e de  "pavio curto".
Diria, até mesmo, de muito difícil relacionamento.
Pouca fala e muita ação, tecnicamente.
Mas quando se tratava de contato pessoal, era uma
dificuldade imensa. Um aparente fracasso.
Raramente se via aquele homem sorrir. Parecia estar
sempre de mal com a vida.
Descobri, felizmente a tempo, que não era nada disto,
que acabo de  escrever.
Tratava-se de uma alma boa, dócil.
Apreciava as flores e as cultivava, pessoalmente.
Criava galinhas,  passarinhos e cachorros.
Ao longo da BR-101, neste Estado Catarinense,
plantou mais de um milhão de mudas de árvores,
entre as quais, milhares de espécies para alimentar
a fauna, pois, segundo ele, "os passarinhos estavam
passando fome ".
Fiquei emocionado.
Descobri, finalmente, que Mário Bortolino Bressan,
se fazia de brabo para que ninguém abusasse da sua
infinita bondade, já que  desempenhava o seu trabalho
no meio de centenas de operários, públicos e privados.
Foi um excepcional Engenheiro  Rodoviário.
O nosso Estado lhe deve muito, principalmente por  sua
generosidade especial, para com a flora e a fauna...
Um engenheiro austero, enérgico e de  "pavio curto".
Diria, até mesmo, de muito difícil relacionamento.
Pouca fala e muita ação, tecnicamente.
Mas quando se tratava de contato pessoal, era uma
dificuldade imensa. Um aparente fracasso.
Raramente se via aquele homem sorrir. Parecia estar
sempre de mal com a vida.
Descobri, felizmente a tempo, que não era nada disto,
que acabo de  escrever.
Tratava-se de uma alma boa, dócil.
Apreciava as flores e as cultivava, pessoalmente.
Criava galinhas,  passarinhos e cachorros.
Ao longo da BR-101, neste Estado Catarinense,
plantou mais de um milhão de mudas de árvores,
entre as quais, milhares de espécies para alimentar
a fauna, pois, segundo ele, "os passarinhos estavam
passando fome ".
Fiquei emocionado.
Descobri, finalmente, que Mário Bortolino Bressan,
se fazia de brabo para que ninguém abusasse da sua
infinita bondade, já que  desempenhava o seu trabalho
no meio de centenas de operários, públicos e privados.
Foi um excepcional Engenheiro  Rodoviário.
O nosso Estado lhe deve muito, principalmente por  sua
generosidade especial, para com a flora e a fauna...

Conto poético: UM POLÍTICO VERDADEIRO

É da essência da  democracia,  a representação
do povo, por eleição, junto ao Poder Legislativo.
A função é por demais importante, pois decide os
destinos de um município, estado  e do País.
Nem sempre o povo, nas urnas, acerta. Mas,
também, nem sempre erra.
É raro, mas  temos identificado excelentes
representantes do povo, eleitos para este fim.
Impressiona-me um grande exemplo, vindo da
Cidade Catarinense de Lages.
Nereu Ramos.
Imagino o orgulho que tem ostentado, aquela
Cidade serrana, pelo fato de ser o berço natal
de um homem da envergadura deste político.
Padrão moral ilibado, muito respeitado, chegou
à Presidência da República, sem, jamais, haver
seus conterrâneos envergonhado.
Somente orgulho nos foi, por este nobre homem,
legado.
Seria tão fácil, se os demais se inteirassem do
seu modo de agir, da sua postura moral...
Bem, talvez esteja sonhando com a perfeição.
Minha esperança é que o povo, através de um
processo de educação política, mais apurado,
consiga enxergar, além da sigla partidária, os
valores pessoais do candidato, em  quem está
votando.
Não sei se estou olhando, apenas, para as estrelas,
mas os meus sonhos, também, residem lá.  Livres
das impurezas que, por aqui, contaminam algumas
almas humanas.
Sendo preciso, fixarei o meu olhar, não apenas na
estrela, mas numa constelação, desde que isto seja
necessário para alcançar a felicidade, que todos
almejamos... e o amor  de que tanto necessitamos.

Conto poético: CORONEL TROGÍLIO MELO

 É preciso saber distinguir o bem do mal.
As pessoas necessitam de paz para amar.
De tranquilidade, para viver.
De segurança para construir a suas vidas, com
felicidade perene.
Isto resulta em alegria e confiança, no local em
que escolheram para morar.
Conheci minha querida  Cidade, exatamente, deste
jeito.
As autoridades eram respeitadas, até mesmo, por
quem  optasse pelo  desrespeito às regras sociais.
O foco maior era a sociedade organizada, cumpridora
das suas obrigações.
Tinha o apoio absoluto do Estado.
O delinquente pagava pelos seus erros. A pena privativa
da sua liberdade, era para valer. Não para se "fazer de
conta".
Admirei, profundamente, uma autoridade, conhecida por
todos os moradores desta Capital.
Que saudade do Coronel PM Trogílio Melo.
Fico emocionado só em escrever o seu nome.
Homem austero, correto e justo.
Admirado, até, pelo bandido.
Minha Cidade, depositava em suas mãos, toda
a segurança de que se necessitava.
Bandoleiro, aqui, não se criava. Um homem polido
e educado, mas, por vagabundo, não podia ser
provocado.
Deve estar  em conflito, em sua morada eterna,
recebendo notícias de que o seu País, tem um
Congresso Nacional corrupto e desavergonhado,
criando leis para proteger bandidos, e perseguir
autoridades decentes.
Que o Poder Judiciário está algemado, diante de
bárbaros crimes, expondo a sociedade, que ele,
Coronel, tanto defendeu.
Coronel Trogílio Melo, não peça a Deus para ser
ressuscitado.  Vossa Excelência morreria, novamente,
de infarto fulminante, após tomar conhecimento das
vergonhas que nos obrigam  passar ...

domingo, 22 de janeiro de 2012

Conto poético: O CONTESTADO

 O que levaria um governo lançar suas tropas, armadas, em
direção a um povo trabalhador e indefeso?
A construção de uma estrada de ferro, ligando dois importantes
Estados da Federação  ?
A cobertura, de segurança, a uma empresa estrangeira, ou uma
desenfreada e gigantesca ganância, pelas terras nas mãos de
legítimos brasileiros, o nosso povo caboclo ?
Ou, quem sabe, um processo de corrupção, que se instalou nas
altas esferas políticas do nosso País ? Isto porque estávamos
iniciando um novo regime  de governo no Brasil, a partir do ano
de 1.889. Portanto, pouco mais de 20 anos  como  Republica.
Comunidades caboclas,  que  nos legaram os melhores  exemplos
de coragem, justiça, perseverança e sentimento pátrio.
Nao se curvaram diante dos poderosos.
Sob a inspiração, possivelmente messiânica, do Monge José
Maria, lutaram e venceram, por diversas vezes, as forças poderosas,
a serviço e mando de bandidos, oficialmente instalados em nosso
País.
Em 1916, muitos foram massacrados pelas forçás públicas, que se
utilizaram, até mesmo, de aviões nos  confrontos com os facões
de madeira, dos caboclos.
Quantas vidas, de um lado e de outro, foram ceifadas, a mando de
quem não tinha a  menor credencial para entender as aspirações de
um povo, amante do seu lugar.
Ainda hoje, lá no Irani, consigo escutar os estampidos das armas de
fogo, o tilintar de alguns facões, na defesa bravia dos seus direitos.
Verdadeiros heróis, que não morreram em vão, pois estão sepultados
 no coração do povo brasileiro.
Ah, meu Deus,  como fazem falta  aqueles   homens, nos dias atuais...

Conto poético: ATROCIDADE

Sentada à calçada, no centro da minha Cidade, vi uma
mulher de estatura pequena, com um filho no colo.
Vendia artesanatos, feitos por sua tribo.
Era uma indígena. Uma índia botocudo, bugre, ou
xokleng, como se queira denominá-la.
Olhei em sua bela face, cor do sol, combinando com
os cabelos negros e lisos, maltratados, é claro.
Dirigi-lhe algumas palavras. Poucas me respondeu.
Senti vergonha. Um asco de arrependimento e revolta,
pelo que lhe fizeram os meus antepassados.
Percebi o seu olhar triste, desconfiado, incrédulo nos
seres humanos,fora da sua aldeia.
Está coberta de razão,  aquela  mulher.
Seu povo foi massacrado, quase levado à extinção,
por nós, "homens brancos", insensíveis e gananciosos.
Segunda metade do século XIX.  Os imigrantes alemães,
depararam-se com os habitantes destas terras, os
antepassados daquela mulher. Indígenas.
Defendiam, apenas, o seu habitat. Nem tinham noção
de propriedade. Nós, sim.
As terras, para eles, significavam zona de caça e
extração de alimentos, oferecidos pela natureza.
Para  os imigraantes, riquezas, dinheiro, madeira, plantação,
criação de animais ...
O choque cultural foi brutal. A solução ?
Simplesmente a morte  dos "botocudos ",  com
apoio e incentivos do governo da Província, e das
empresas de imigração.
Quem mata mais ?  Os  heróis ! os melhores
matadores. Martinho Marcelino de Jesus, o
Martinho Bugreiro e José Bento.
O primeiro, que viveu no Planalto Catarinense, diz
haver matado mais de 1.000 índios. O segundo, nem
fala em números.
Posso, assim, compreender o triste olhar daquela bela
mulher.
Mas de uma coisa estou certo. Os indígenas, à época,
perderam as terras, mas, os homens brancos, perderam
algo mais valioso: A  dignidade.
Que vergonha !
As terras estão, aos poucos, sendo-lhes devolvidas.
A dignidade, jamais.
De minha parte,  a sós com  minha consciência, sem falar
nada, pedi-lhe perdão e, também, a Deus.
Senti meu coração mais aliviado...

sábado, 21 de janeiro de 2012

Conto poético: HERÓIS AMANTES


Discórdias políticas na Europa. Líderes em fuga
pelo mundo.
O destino de dois seres humanos, estava traçado...
Pode-se imaginar, na pacata Cidade de Laguna,
neste Estado  Catarinense, a chegada de um barco
de guerra, no século XIX.
Que novidade !
Não se falava em outra coisa. Balançou toda a
comunidade. Muito mais do que isto, mexeu com o
coração de pessoas românticas.
Uma delas, a bela moça, moça mesmo, filha de um
modesto consertador de calçados, se apaixonou
pelo comandante.
Também, um belo homem, muito bem vestido em seu
uniforme de guerreiro idealista.
Ana  Maria de Jesus Ribeiro,  se rendeu à primeira vista.
Giuzepe Garibaldi, também.
O pobre pai de Ana, nem tempo teve para contestar.
A filha já estava nos braços do guerreiro, morando em
seu barco, e já com um novo nome, ou seja, Anita Garibaldi.
Ele veio lá da Itália.
Que cena romântica !
A mulher se revelou uma guerreira, parecendo coisa
cinematográfica !
Pegou em armas, liderou homens, fortaleceu o seu grande
comandante.
Lutou por um amor, com tanta intensidade, quanto  a  causa
política do seu  guerreiro.
Transformou-se em "heroína dos dois mundos".
Estátuas na Itália e no Brasil, testemunham a história.
Que orgulho para o nosso Pais. Que deslumbre para a
querida Laguna !
E tudo começou com um olhar, transformando-se numa
paixão, tão incontrolável quanto a causa de Garibaldi.
Fico a meditar e me questionar, se, neste caso, o amor ficou
entre a conquista política e os  atos de bravuras, ou se acima de
tudo isto ?
O povo da Laguna, ainda nutre a esperança  em ver os restos
mortais da  filha heroína, descansando em sua terra natal...
( Anita Garibaldi: 1821 - 1849 ).

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Conto poético: O FIM DA HUMILHAÇÃO

A intensidade do amor, sentida por aquele homem,
pela vida abatido, era de tal forma gigantesca, que
somente ao tempo  cabe avaliar.
Perdeu a dignidade, a memória e a noção das fronteiras
sociais.
Procura sua amada, pela sorte abandonado, farejando
seu cheiro nas calçadas.
Até pela sombra foi  deixado.
Seu grande companheiro, o único que restou, é um
pardal. Sim, um pardal que salvou ao cair do ninho e,
por gratidão, nunca mais o abandonou.
Em todos os lugares em que vai, lá está ele, o seu
amigo pardalzinho. Canta feio, não tem valor, mas é
animado e supre, pelo menos em parte, o afeto do seu
amor.
Este, sim, o abandonou.
Transformou-se num errante, um andante ou andarilho.
Nem faz questão do título !
Quem o alimenta é o pardalzinho, como se fosse o seu
filhotinho. Coisas da vida !
O errante somente vive dos sonhos, e da esperança de
reencontrar o seu grande amor. Aquele que o abandonou.
Passados dois anos, numa  destas esquinas  da vida, o
destino tentou por fim a sua  peregrina e solitária busca.
Finalmente, frente à frente com a mulher que tanto procurou.
Abraços, choros, soluços e propostas.
Tudo se encaixou, menos uma coisa. A mulher amada, sem
apresentar nenhum motivo, condicionou a sua volta ao
abandono do  passarinho.
O homem, chorando, pediu-lhe licença e desculpas, beijou as suas
delicadas e cheirosas mãos, e continuou o seu caminho,
acompanhado do seu pardalzinho...
Por isto, sempre tenho o maior respeito, ao avistar um andarilho,
percorrendo os  caminhos da vida, mas sempre acompanhado de
um grande motivo.
Ainda que este seja, simplesmente,  um pardal.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Conto poético: A PEQUENA ILHA DO DIABO


 Baía Norte,  da Terra de Santa Catarina.
Um local paradisíaco. O paraíso aqui, aos nossos
pés.
Mar de águas claras e calmas, parecendo vigiar a
divisão entre o continente e a nossa Ilha de
Florianópolis.
Berçário  da fauna marinha, que alimenta milhares
de famílias, desde  a chegada dos primeiros
seres humanos, desbravadores destas terras
abençoadas.
Lá se  encontra um pedaço de terra, com intensa
formação rochosa.  ANHATOMIRIM.
Uma ilha tão formosa, e em harmonia com a
exuberante natureza, que por mais que se descreva,
não se consegue transmitir a realidade da sua beleza.
Ponto estratégico militar, pelos Portugueses foi
construída  a Fortaleza da Santa Cruz de Anhatomirim,
com início no ano de  1.739, para defender estas terras
dos invasores Europeus.
Sua construção e  material bélico, testemunham esta
passagem histórica.
Mas, o que é belo, termina nesta linha.
Discórdias políticas, transformaram-na  em  palco
sangrento, covarde e vergonhoso.
Nos gélidos calabouços, ainda ecoam  os gemidos
e os gritos de pavor dos 185 executados, talvez 300,
por tiros ou por enforcamento, a mando de Floriano
Peixoto.
Mais tarde, homenageado com o seu nome, Florianópolis,
esta Capital, tão querida.
A Família Gama D'eça, trucidada naquela Ilha, ainda
chora a dor de uma enorme injustiça, de uma selvageria
que envergonharia, até mesmo, os selvagens que aqui
habitaram.
Militares do Exército Nacional, Desembargadores, Juizes,
Engenheiros, entre estes, três Franceses, ninguém
escapou à louca fúria.
Naquela chacina, de 1894, nem o Barão de Batovi,
herói da Guerra do Paraguai, foi poupado...
Dizem que, à noite, ainda se pode ouvir os gritos dos
assassinados,  pedindo  o socorro, que jamais chegou...
Creio que não se ouviu, porque as gargalhadas dos
facínoras, bem alimentados e, certamente, embriagados,
abafaram os gritos  debilitados dos executados....
Que sejam julgados por Deus, e pela história.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Conto poético: UM GRANDE MISTÉRIO


A maravilha de uma imponência religiosa, guarda, até os
dias atuais, sério mistério em sua longa história.
Formada a partir de um embrião, datado  do ano de 1.712,
lá permanece um dos grandes orgulhos do povo catarinense,
A Catedral Metropolitana de Florianópolis.
Aumentada, emendada, reformada e, finalmente, restaurada,
foi o grande referencial do desenvolvimento da  Capital.
Soma, então, nada menos que 300 anos  a comemorar.
Ao lado disto, muitas histórias, bem e mal contadas, bordam
a heróica  trajetória  deste monumento  religioso, fonte de
inspiração e proteção das almas.
Relíquia  da humanidade.
Meu Deus, quantas histórias tenho ouvido, desde criança,
a respeito da Catedral da minha Terra.
A que mais me impressionou, foi a da existência de um túnel
que ligaria o Prédio ao Morro da Cruz, ou até o mar.
Serviria de rota de fuga, para os possíveis ataques de inimigos
conquistadores e saqueadores.
Sempre fui séptico a respeito desses contos. Impossível.
Há poucos meses, um engenheiro da Capital me confidenciou
a existência de uma grande galeria, com início  ao lado da
Catedral e término no mar...
Seria este o túnel de que tanto se comenta ?
Recentemente, ao se restaurar este monumento, foram
encontradas várias ossadas humanas, das quais nunca se
havia falado.
Certa ocasião, uma Senhora, bem idosa, que muito bem
conhecia aquele Prédio, me disse haver uma escada,
dando acesso a uma galeria "sem fim ", e que o padre
proibiu-lhe de "bisbilhotar aquele lugar ".
Nesta recente restauração, foram encontrados vários
tesouros"históricos culturais".
Alguns, somente explicados por hipóteses.
Espero que algum incidente de percurso, venha
iluminar este "tunel do tempo', se existir...
Enquanto isto não acontecer, mesmo no escuro, muitas
histórias irão surgir...

Conto poético: O RECADO DO BEIJA - FLOR

Como cenário da vida, duas almas perdidas, de
tanta  paixão.
Dois corpos num só coração, cheio de amor,
transbordando de ilusão.
A linguagem é a do olhar, pois nada precisam falar.
Tudo se transformou numa doce  felicidade.
As palavras brotam das entranhas dos sentimentos,
dispensando os pensamentos.
Como  encantamento, um canteiro de rosas, que
desabrocham o ano  inteiro, espargindo perfume, para o
amor  enfeitar !
De pétalas amarelas, construo um lindo leito,para aquela
bela mulher  descansar.
O beija-flor, ciumento,  acreditando  uma rosa estar
vendo,  vem ao corpo dela beijar !
Toma o néctar, carrega o seu sagrado polem, e pelos
jardins da vida, vai espalhando as mais lindas rosas
amarelas e, também, coloridas, nascidas neste lugar.
Ah, como é corajoso este ser, sem  ao menos me
conhecer, tem a audácia de te tocar.
Estranhamente, procuro com ele brigar, mas é esse
belo passarinho que, todos os dias, me traz notícias de
lá.
Há quinze dias passados, deixou sobre a minha mesa,
uma pétala da mais linda rosa, e  uma pena da sua asa,
colorida e brilhante, para sempre dele me recordar.
A linda mulher,  se foi...
Nunca mais a  vi por lá...
E do beija-flor, somente uma pena restou !

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Conto poético: MADRUGADA ESTRANHA

Uma praia, frente ao leste, desta Ilha encantada de Santa Catarina.
Duas horas e dezessete minutos da madrugada.
Passeio na areia, sem sono e completamente desperto.
Tudo me chama ã  atenção.O ruido do mar,o sopro do vento, os
pássaros noturnos parecendo comigo querer conversar.
Meus olhos se perdem na imensidão do mar.
Imagino o Continente Africano, logo ali, a milhares de quilômetros,
de onde me encontro.
O que, aquele belo povo deve estar fazendo, neste momento ?
Na linha do horizonte, avisto nuvens carregadas, se movendo apressadas,
em direção à costa.
Um navio, certamente petroleiro, navega em marcha lenta, procurando
o seu destino.
Também procuro o meu...
Acho que as gaivotas e os mergulhões, estão querendo me ajudar...
Impacientes tentam , comigo, se comunicar.
Aproximam-se, esvoaçam sobre minha cabeça. Não me temem.
Creio estar invadindo o seu território. O local onde vivem, se alimentam,
procriam...
De minha parte, é um desrespeito.
Mas, sou mais um a ter esta consciência. Quero, apenas, defende-los.
Isto, de certa forma, ameniza  o meu sentimento de culpa.
Agora sentado, bem próximo às ondas, fico imóvel  tentando atrair,
para  bem perto de mim,  estas  lindas gaivotas.
Estendo as mãos. Incrível como confiam no ser humano, apezar de
todas as maldades que lhe fazemos.
Uma delas, deposita sua cabeça em minha mão.
Ao contrário do que possa parecer, sua pele, logo abaixo bico, é
quente.
Ela me olha fixo, e eu correspondo.
Nunca havia passado por uma situação desta.
Estava no aconchego de minha mão, um pássaro marinho,de hábitos
 noturnos e selvagem.
Pedi-lhe perdão, por tudo que nós, seres humanos,  lhe causamos,
ou pelas coisas boas que nos omitimos.
Não consegui conter as lágrimas, de tanta emoção.
Mas o estranho, sem qualquer equívoco , é que os olhos do animal
ficaram diferentes, parecendo entender o que eu estava sentindo.
Delicadamente, retirou sua cabeça de minha mão e voou em direção
ao horizonte, desaparecendo do alcance das minhas vistas...
Houve, no mínimo, a comunicação  de um profundo sentimento
comum, entre dois seres diferentes, mas do mesmo reino.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Conto poético: CARTAS E FOTOS

As montanhas que  circundam minha morada, guardam
segredos, ainda, indesvendaveis.
Não faz muito tempo, retornei às trilhas por onde tantas
vezes passei.
Pude admirar as mesmas árvores e rochas,  que me
acolheram quando criança.
As recordações são imensas. Parece que o tempo não
passou, pois o cenário não se modificou, e as aves
gorjeiam as mesmas notas musicais.
O cheiro do mato continua igual, e o vento assobia no
taquaral, da mesma forma, balançando a ramagem, que
se curva em direção ao chão, parecendo reverenciar
a natureza.
Para descansar,  e apreciar a vista da Cidade, afastei-me
da trilha, em direção ao alto da montanha.
Meus pensamentos passeavam no passado.
Logo abaixo da rocha, percebi algumas pedras, oito ao
todo,  e  bem arrumadas. Pedras pequenas,não mais
que cinco  quilos, cada uma.
Curioso e imaginando esconder alguma coisa, fui
verificar.
Lá estava enterrada, logo abaixo das pedras, uma garrafa,
bem fechada.
Continha fotografias e cartas,enviadas e recebidas, todas
do início do século passado.
Tratava-se de um segredo de adultério.
A mulher pedia, pelo amor de Deus,  se algum dia viesse
a ser encontrado  todo aquele acervo, que fosse destruído,
pois não teve coragem de fazê-lo.
Vi as fotos, li algumas cartas, manuscritas,  e com letra
quase ilegível.
A tônica,  era um amor alucinado, impossível  de ser
continuado, pelos compromissos que envolviam a
ambos.
Em respeito ao pedido, de alguém que já faleceu em
meados do século XX, queimei todo o material, e espalhei
as cinzas ao vento... rezei, em memória a um grande amor...

Poema: DOMINAÇÀO

Minhas emoções, já tão agitadas,  me conduzem
a ti, doce mulher.
Incomparáveis sensações,  confundem minhas
reações, sepultam  as  dores, debocham do ontem.
Felicidade é te ver sorrir, nos teus olhos refletir a
certeza de um amor,  tão forte, que nem os lábios
conseguem dizer.
Reconheço, em tuas mãos, a leveza do sentimento
de quem exprime a voz do coração.
E te escuto, mesmo sem nada falar, a verdade de
quem  transpira o suor do desejo, agora satisfeito,
depois de muito amar.
E observo o teu deslumbrante corpo, se transferindo
para o chão e, como uma serpente, se contorcendo,
sem necessidade pudor.
Exibida, me observas e sorris, vendo em minha pálida
face, o transbordar da leveza e da alucinação.
E me transportas aos píncaros da plena satisfação.
Fico inerte, como um expectador, diante do belo
espetáculo.
Não me contento em apreciar as contorções da bela
serpente.
Dominado pelos instintos, desço as escadas e alcanço o
palco.
Fecho as cortinas, apago as luzes...
 Somente gritos e gemidos,  testemunham as últimas
cenas do  fervilhar de uma grande paixão !

sábado, 14 de janeiro de 2012

Conto poético: POR QUE NÃO ?

 
De olhos fechados, escuto o barulho da água
despencando do telhado.
É muita chuva. Chega a assustar.
Faz-me  voltar aos tempos de criança, em que,
frente a minha casa, na sarjeta, sem calçamento,
soltava barquinhos de papel e, ao seu lado, corria
cheio de sonhos.,..
Por onde andará aquele que pintei de azul, da cor
do céu ? Até meu nome carregou.
Creio que de toda a brincadeira, so restou eu.
Voltei àquela rua. Que diferença !  Está calçada,
iluminada, sem sarjeta. Observei um menino, mais
ou menos com a mesma idade em que por ali morei.
Carregava brinquedos eletrônicos, aparelhos sonoros
ao ouvido, brincos na orelha, tatuagem na perna, boné
e tênis de marcas, bicicleta, celular, etc.etc.
Eu brincava de pandorga, pião, bolinha de vidro, boloquê,
quase todos por mim mesmo construídos.
Não esqueço dos meus barquinhos de papel...
Qualquer dia destes, vou perder a vergonha e  recomeçar
tudo de novo.
Vou convidar os meus amigos de infância, para brincar
 com
as  mesmas coisas, que tanto representaram  em nossas
vidas.
Por que não ?

Poema: VENDAVAL DE ESPERANÇA

 
 
  Inverno, nesta maravilhosa Ilha de Santa Catarina.
O clima gelado, me encarcera  no quarto, sem a menor
chance de respirar o desejado e puro ar, à beira do mar.
Então, fico só com os meus pensamentos.
O  vidro transparente, me permite olhar pela janela,
 numa visão limitada do mundo em que vivo.
As pessoas não andam. Correm. Todas apressadas.
Não sei para onde vão, pois algumas seguem na mesma
direção, e outras para lados opostos. Mas todas, sim,
apressadas.
O vento forte, levanta a poeira, parecendo querer  mostrar
quem manda naquele lugar.
Vejo papéis sendo  levados, cães amedrontados...
A dona de casa corre para recolher a roupa lavada, que no
varal  parece deitada.
As janelas e portas são fechadas, com medo do vento,
ou do que ele possa causar.
Só e desolado, penso tanto em ti...
No calor do teu corpo, no afago do abraço.
Lembro, então, que não, apenas, o vento desalinha os meus
cabelos.
Tu fazias isto, com perfeição. E não és vento.
Fechavas as janelas deste aposento, as portas desta casa,
para nada entrar. E não és vento.
Tu entravas pela frente, sem pedir licença, pois
minh'alma exigia tua presença.
O vento, safado, entra  até pelo telhado, e nem foi convidado.
Só que o vento vai embora e depois volta, para matar a
minha saudade.
Tu, foste embora,  e eu nem vi. Nunca mais voltaste.
Mas  as portas desta casa, sempre estarão abertas
para ti...

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

CHUPIM (Molothrus bonariensis)

Conto poético: ESCLARECENDO A NATUREZA

 Já vi gente indignada, com certos procedimentos da
natureza.
Muitas das vezes, não se consegue entender o por
que determinadas coisas acontecem, diferentemente
do mundo, chamado racional, em que vivemos.
Um belo exemplo, é sobrevivência de um pássaro de
nome chupim, ou "vira bosta", em algumas regiões do
País.
Esta espécie, do tamanho de um sabiá, de cor negra,
brilhante, muito bonito, se reproduz colocando os seus
ovos em ninhos de espécies diferentes.
Isto, aparentemente, prejudica os pássaros receptores
dos ovos, já que deixarão de criar os seus próprios
filhotes.
Tenho um amigo que, certamente, por ignorar a realidade,
quando percebe isto, descarta os ovos do chupim, visando
preservar a ninhada do outro pássaro.
Faz isto por não  entender os problemas da natureza.
A fêmea do chupim não fica "choca", logo não dispõe de
calor suficiente para chocar os seus próprios ovos.
Daí, a necessidade em colocá-los em ninho alheio, pois
precisa dar continuidade à vida da sua espécie.
Quem a ensinou a fazer este procedimento ?
Só por isto, mereceria uma oportunidade de continuar
fazendo parte do mundo em que vivemos... Pense
nisto.

Conto postico: UM FERREIRO CHAMADO PEPE



 
Próximo a minha casa, conheci um homem, no mínimo,
misterioso, ou de poderes inexplicaveis.
Décadas de 1950 a 1970.
Esta Ilha de Santa Catarina, ainda de aspecto bucólico,
possuía, como transporte de carga, muitas carroças, e
charretes à tração animal.
Também cavalos de montarias, predominavam pelos
interiores da Capital.
Assim, eram prósperos os negócios com vendas de
implementos neste ramo de atividade.
As ferrarias  se multiplicavam, dado a quantidade
expressiva de animais.
O Senhor Pepe, profissional experiente, com muitos
anos de atividade, era admirável.
Exercia um poder sobre os animais, até hoje inexplicável.
O proprietário soltava o cavalo em sua oficina, o  ferreiro
media o  tamanho das patas, e preparava as ferraduras.
Olhava para o animal, muitas das vezes arisco e assustado,
fazia-lhe alguns carinhos, e começava o seu trabalho.
Sem estar amarrado  ou imobilizado, trocava-lhe as quatro
ferraduras, num piscar de olhos, com uma perfeição até
hoje, creio, inigualável.
Durante toda aquela operação, assobiava uma canção que,
dizia, haver aprendido por ocasião em que esteve na
segunda guerra mundial.
Agora me recordo de outro detalhe. O cavaleiro, proprietário
do animal, também ficava calmo, escutando aquela canção.
Era um momento mágico, entendido até pelo cavalo, que
estava sendo ferrado.
Quando o Senhor Pepe faleceu, os seus dois funcionários
sabiam  com perfeição a música, de tantas vezes que ouviram,
durante todos aqueles anos de convivência.
Porém, no primeiro "cliente", um dos funcionários foi parar no
hospital, com um coice na bexiga.
O fino e sonoro assobio, foi substituído por uma grossa corda...
Creio que, com a canção, era exalada, também, uma forte dose
de carisma... o que não se transfere.

Poema: O UIVO DA LOBA

 
 
 Como um animal, transitas nas pradarias imensas e desertas
da minha vida.
Sigo teu selvagem uivo, não me importando de que lado vem,
ou para onde vai.
Estou submisso a tua vontade. Dominado.
Teu cheiro alimenta minha existência, que já se arrasta a tua
sombra, à procura da fonte que sacia a sede dos meus desejos.
Caminho sobre  as tuas pegadas, marcadas nas profundezas do
meu ser, agora dependente do teu meigo olhar.
Em noites de lua cheia, percebo tua presença por mim a
chamar.
Por vezes tento resistir, mas minha sombra me abandona, e te
segue...
Observo tua passagem frente aos meus olhos, como  a me
espreitar.
Ouço tua voz, e até teu gemido..
Interpreto teu modo de andar.
Parece me chamar.
Escuto as batidas do teu coração. Nem precisas falar.
Sou parte da tua matilha, loba querida.
Minha vida em tuas mãos.
Aos teus pés, o meu coração.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Conto poético: CORAL DE CRAVOS E CALÊNDULAS

Era uma bela estação de primavera.
Um  sol ameno,  após uma noite de chuva torrencial.
Passeava pelas trilhas das encostas da montanha, que
circunda o bairro onde resido.
Fui tomado pelos pensamentos de historias que ouvia,
quando criança, a respeito daquela mata, densa e atraente.
Por impulso, fui procurar as ruínas de uma  antiga casa
que, segundo os comentários, foi habitada por uma bela
mulher, que lá viveu  durante muitos anos e, misteriosamente,
desapareceu.
A partir deste fato, muias histórias são contadas.
Na primeira investida, não fui bem sucedido. Tomei como
um desafio.
Voltei no dia seguinte, disposto a vasculhar toda a região,
já que não é muito grande.
Com  pouco mais de uma hora de caminhada, localizei  as
ruínas.
Uma pequena casa, sem telhado, todas as paredes, de
alvenaria, tombadas, e com muito mato no seu interior.
Sentei-me, próximo, e imaginei quantas historias estavam
ali sepultadas, nestes últimos duzentos anos, aproximadamente.
Atônito, observei  dois canteiros de flores, localizados junto às
paredes do norte.
Muito bem cuidados, sem ervas daninhas, ou outro tipo de
vegetação.
O perfume cobria toda aquela área.
Ouvi vozes, em forma de coral, cantando baixinho, músicas que
tanto admiro !
Aproximei-me dos canteiros. São cravos e calêndulas, belíssimos
e cheirosos.
As vozes, tenho certeza, saiam daquelas flores. Fiquei arrepiado,
com medo. Tentei fugir, mas minhas pernas não obedeceram aos
meus impulsos. Então, me acalmei.
O coral de  flores cantou todas canções que conheço. Todas.
Deixei aquele local, desfrutando de uma paz que nunca havia
sentido, até então.
Hoje entendo o que aconteceu.  Minha consciência reencontrou,
naquele humilde local, a felicidade  que tanto busquei em minha vida...
A mulher da história, se existiu, também deve ter sido muito feliz.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Conto poético: MANECÀO, O CASAMENTEIRO

Nas décadas de 1960 e 1970, conheci um homem
de nome Manoel Antônio Pereira, mais conhecido
por Manecão.
De aparência rude, feitor de estrada, acostumado
a mandar, com um ar de austeridade.
Mas passava confiança em tudo o que fazia.
Era um homem honesto, com bom trânsito em
relacionamento humano.
Sua especialidade social era, com muita habilidade,
aproximar pessoas para um  compromisso duradouro.
Um casamento extra oficial.
Conhecia todos os  Distritos desta Ilha. Creio que por
sua profissão.
Relacionava-se muito bem com as famílias e as pessoas
confiavam nele.
Sabia dos falecimentos, separações, casamentos que
não se realizavam, às vésperas da cerimônia, frustrações,
etc.
Tinha prazer em ajudar. Qualquer episódio destes, logo
o Senhor Manecão se prontificava a ajudar,arrumando,
imediatamente, um parceiro, ou parceira, para recomposição
da vida afetiva.
O Senhor Manecão, atendia ao pedido na íntegra e, quase
sempre, acertava.
Dizia o solicitante, pitorescamente  : "desejo uma mulher
com idade entre 40 e 50 anos, gorda,  trabalhadora, sem
filhos, virgem, com dentes, pelo menos na frente da boca,
e  que seja muito asseada. Que saiba todos os afazeres de
uma dona de casa".
Lá ia o Senhor Manecão, buscar a encomenda, e já trazia a
mulher, de ônibus urbano, com a sua mala de roupas.
Raramente se enganava.
Sei, apenas, de um caso que a mulher foi devolvida, porque
tinha uma "postema", que não sarava, na virilha esquerda.
Também, num segundo acontecimento, a mulher foi embora,
porque o homem sofria de quebradura.
Coisas verídicas desta Ilha maravilhosa.

Conto poético: COLETE À PROVA DE AMOR

 
 Um profundo sofrimento, me remete ao passado.
Penso que amei, e muito fui amado.
Como resultado, ficaram as amargas lembranças
que, por vezes, quase ocupam os doces momentos
que juntos desfrutamos...
Em meu peito, ainda ressoam dores que nem o tempo é
capaz de silenciar.
Minha fragilidade é por demais visível. Não consigo
expulsar das entranhas,  os perversos entulhos
emocionais, que tanto maltratam minh'alma.
Necessito de proteção.
Procuro, no universo, o melhor dos tecidos para, na
forja refratária, proteger-me  de futuros  dissabores.
Agora, sim, visto um colete à prova de amor.
Resistente.
Protejo o meu abalado coração. Estou invulnerável,
finalmente.
Homem livre, de cabeça erguida, passos firmes e
olhos no lindo horizonte.
Algemas serradas, opções do "sim" e do "não ".
Que maravilha ! Posso respirar  e sentir a vida, na
sua plenitude... mas sinto um vazio. A falta de algo.
Constato que este poderoso colete, à prova de amor,
somente me protege das pessoas que nunca amei.
A meiguice, expressa no olhar daquela linda mulher,
nem mesmo o mais poderoso tecido universal, é
capaz de deter.
A felicidade entra em meu coração, renova a minha
vida, me faz, novamente, sorrir.
Chegaste. Estou despido...

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Poema: ACORDEI


Sedento e cambaleante, subo as íngremes encostas
da vida, à procura do amor que perdi.
A todos indago. Ninguém me responde.
Meus passos fracos, já me pedem para desistir.
Até a sombra ameaça o meu corpo abandonar.
Moribundo, sem rumo mas teimoso, prossigo.
Meus sentimentos, sopram forte como o vento,`à procura
de quem passou, e não voltou.
Descanso à beira do caminho, observando os viajantes
sem rumo, o piá dos passarinhos, e o vôo da linda e
graciosa borboleta.
Muito ao longe, escuto o badalo batendo no sino
preguiçoso.
Quase noite, meu corpo pede para ficar.
Deito na relva fresca, fecho os olhos...
Naquela " rua sem fim ", avisto uma luz tão forte,
parecendo cegante, querendo meu rosto atingir.
Fujo gritando o seu nome, e como louco sou tomado.
Mas a encontro, sorridente, olhando somente para mim.
De joelhos, em reverência, beijo os seus pés, confesso
meu caloroso amor e, com ternura, ganho o abraço que
tanto persegui.
Minh'alma feliz, o coração contente, e a sombra de volta.
Inexiste a dor. E tu, também.
Acordei...

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Poema. DE VOLTA À LUCIDEZ


Os caminhos da vida, estavam cobertos de espinhos.
As dores intensas, ensinaram-me a gemer.
Não havia outra passagem.
Nas esquinas do acaso, deparei-me com a mais bela das
surpresas. Um grande amor. Só bondade.
Meus passos caminham por um céu de brandura.
A convivência transcende os muros da normalidade, foge à
realidade, abraçando a loucura.
A felicidade, finalmente, conquistada.
E vejo, neste momento, somente pétalas colhidas, e o perfume
no ar.
Os fragmentos caídos, já estiveram unidos, formando uma soberba
flor.
Fiquei tão encantado, pois nunca havia amado, que até 0 meu
coração estranhou !
Mas, do que tanto queria, foi destruído um dia, restando a dor...
Agora, recolho os cacos da vida, e reconheço, em cada pedaço,
uma história de profundo amor.
Os espinhos faziam parte das rosas, que também eram pétalas
cheirosas, lembrando os teus lindos lábios, com um doce sabor.
O perfume, que tanto me embriagou, era exalado pelo teu lindo
corpo, espelho do pecado que, alucinado, me deixou.
Hoje, as lembranças alimentam a esperança, de um grande e
verdadeiro amor, que não partiu, mas aqui, em minh'alma, ficou !
Daquela dor, nada restou, pois a força do teu meigo olhar, até o
gemido silenciou.

Poema: AQUELE ROSTO



Hoje, depois de tantos anos, pude rever aquele rosto.
Traz as profundas marcas que o tempo, sem piedade,
registrou.
A perda de um grande amor, que jurou ficar, mas não
cumpriu. Partiu. Em troca, a decepção ficou.
Até o gemido falou, testemunhando o sofrimento.
Nem uma lágrima rolou. A nascente secou.
Não consegue falar do passado, e do presente jura
jamais abrir as portas do coração, para a entrada
de uma nova paixão.
É, apenas, uma expressão de dor.
Pergunto pelo seu grande amor, o verdadeiro.
Olha em meus olhos, e logo reaparecem as
lágrimas, que não consegue esconder.
Posso avaliar a extensão do sofrimento, a dimensão
da minha culpa e, quem sabe, o arrependimento...
Nem mesmo o perdão se faz presente.
Magoada, me julga com olhar de desprezo, mas chora
de saudade...
Seguro suas mãos com ternura e humildade, vejo em
seus olhos o intenso brilho de um amor que não partiu,
mas esperou o despertar de um novo dia, que acaba
de chegar.
Beijo, como antes, seus lindos lábios, agora trêmulos
de tanta emoção, por afastar as sombras do passado.
Finalmente, observo seus lindos olhos, que não
conseguem esconder as pupilas dilatadas, recadeiras
do verdadeiro desejo de amar...