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domingo, 13 de novembro de 2011

Conto poético: UM FILHO DE ESCRAVOS

Em minha adolescência, tive a felicidade de conhecer
o Senhor Timóteo.
Filho de escravos, residia nos altos do morro da Caixa,
nesta Capital.
Eu morava próximo, no mesmo morro, e o conhecia havia
alguns anos.
Era um ótimo profissional, em consertos de calçados.
Sempre gentil, a todos atendia com especial atenção.
Analfabeto, mas compreendia a vida, mais que muitos
letrados que conheci.
Educado, humilde, sabia ouvir as pessoas com paciência,
e decidia tudo com prudência.
Aprendi muito com aquele homem. Contava-me histórias que
ouvira dos seus pais, escravos.
Um sábio.
Pessoas, assim, não poderiam morrer. Deveriam permanecer
vivas, servindo de luz à humanidade.
Tive a felicidade de conhece-lo, mas cometi um grande erro.
Depois que saí daquele morro, por mudança de residência,
mas dentro desta mesma Cidade, nunca mais retornei a sua
oficina de calçados.
Sei que ele gostava muito de mim.
Ele não perdeu nada, pois nada poderia ensinar-lhe.
Eu, sim, perdi a grande oportunidade de conviver, por mais
tempo, com um homem de tanto valor. Um filho de escravos.
Uma testemunha viva, da história do Brasil.

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