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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Conto poético: O PESCADOR MISTERIOSO

Década de oitenta. Século passado.
Os moradores do Distrito de Rio Vermelho, Praia dos Ingleses,
leste da Ilha de Santa Catarina, foram tomados por uma onda de
boatos.
Começou a aparecer, nas portas das casas das viúvas de pescadores, mais pobres, peixes frescos, sem se saber o autor de
tal caridade.
Os comentários não param de crescer, e chegam à Igreja.
O padre tece calorosos comentários, no momento do sermão,
elogiando aquele gesto tão caridoso.
A frequência à Igreja aumentou tanto, que já não havia mais espaço
para tanta gente.
E as doações misteriosas cresciam, cada vez mais.
O padre relacionava o fato, com o episódio bíblico da reprodução dos peixes.
Pedia saúde e vida longa ao doador misterioso.
Não se falava em outra coisa, na comunidade.
Além dos peixes, outras mercadorias, como ovos e farinha,
passaram a ser doadas, da mesma forma, misteriosa.
Certo dia, um homem moribundo, pescador, na hora da sua morte,
confessou ao padre haver sido ele o autor do início de tudo.
Mas depois, provavelmente, outras pessoas gostaram da idéia, e
aderiram à causa, fazendo as suas doações secretas.
Ele abandonou aquele gesto, pois não mais havia necessidade.
Pediu que fosse divulgado, na missa, este fato.
O padre, precipitadaamente, atendeu ao pedido do moribundo.
Acabou o mistério, as doações também, e a frequência, à Santa Missa, nunca mais foi a mesma. Diminuíu pela metade....

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