Década de oitenta. Século passado.
Os moradores do Distrito de Rio Vermelho, Praia dos Ingleses,
leste da Ilha de Santa Catarina, foram tomados por uma onda de
boatos.
Começou a aparecer, nas portas das casas das viúvas de pescadores, mais pobres, peixes frescos, sem se saber o autor de
tal caridade.
Os comentários não param de crescer, e chegam à Igreja.
O padre tece calorosos comentários, no momento do sermão,
elogiando aquele gesto tão caridoso.
A frequência à Igreja aumentou tanto, que já não havia mais espaço
para tanta gente.
E as doações misteriosas cresciam, cada vez mais.
O padre relacionava o fato, com o episódio bíblico da reprodução dos peixes.
Pedia saúde e vida longa ao doador misterioso.
Não se falava em outra coisa, na comunidade.
Além dos peixes, outras mercadorias, como ovos e farinha,
passaram a ser doadas, da mesma forma, misteriosa.
Certo dia, um homem moribundo, pescador, na hora da sua morte,
confessou ao padre haver sido ele o autor do início de tudo.
Mas depois, provavelmente, outras pessoas gostaram da idéia, e
aderiram à causa, fazendo as suas doações secretas.
Ele abandonou aquele gesto, pois não mais havia necessidade.
Pediu que fosse divulgado, na missa, este fato.
O padre, precipitadaamente, atendeu ao pedido do moribundo.
Acabou o mistério, as doações também, e a frequência, à Santa Missa, nunca mais foi a mesma. Diminuíu pela metade....
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