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domingo, 13 de novembro de 2011

Conto poético: O ALGUIDAR COMUNITÁRIO

Em pleno outono, a temperatura já caindo, vemos a
vida se amoldando aos usos da Ilha.
A safra da tainha, faz renascer o brilho nos olhos do
pescador, ansioso pela fartura do pescado.
Na vendinha, próxima ao mar, não se fala em outra coisa,
entre um gole de pinga e outro.
As redes de arrasto em prontidão, os vigias dos cardumes,
atentos nos pontos de boa visão do mar, dão, àquela
comunidade, a repetição de um cenário agradável.
Em casa, a mulher do pescador prepara a comida, já
cheirosa, para a sua família.
Enquanto a água ferve, no fogão rústico, à lenha, ela
frita algunas postas de peixes, que servirão de refeição para
os seus sete filhos.
Cozinha de chão batido, uma esteira de palha no centro...
nada mais.
Estranho, mas está arrumada a mesa.
Apanha um alguidar de barro, coloca algumas conchas de
farinha de mandioca, bem torradinha, e despeja a água
fervente, preparando um belo pirão.
Coloca o alguidar na esteira, risca o pirão na quantidade
igual ao numero de filhos, uma colher espetada em cada
porção, acompanhada de uma posta de peixe.
Em seguida chama a filharada para o almoço, exigindo
que todos lavem as mãos.
Ela e o marido, fazem as refeições numa pequena mesa,
sentados confortavelmente.
Uma questão de hierarquia familiar.
Com quem tenho falado, todos se referem a este episódio,
com carinho e com saudade... inclusive, eu.

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