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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

conto poético: A ESMOLEIRA

Sem forças, esquálida, usando roupas doadas, a mulher
se sente humilhada, em esmolar.
Um ser humano, que desceu todos os degraus na escala
social da vida.
Olhei suas mãos, trêmulas e indecisas, e pude ler,em seus
olhos, o sofrimento de alguém que o tempo venceu.
Seus cabelos, sem brilho, ainda tentam, em vão,cobrir os
profundos sulcos, instalados em sua face.
Não consegui esquecer aquele olhar.
Parecia um último pedido de socorro...
No dia seguinte, voltei àquela rua, no centro, na esperança de reencontrá-la.
Não estava lá.
Havia alguma coisa, por trás daquele olhar...
Procurei saber o seu nome, mas somente o apelido era
conhecido. Isto, nada me dizia.
Dirigi-me ao mercado público, pois lá sempre estão esmoleiros. Tive sorte.
Encontrei-a, sentada em um caixote, à sombra de uma parede, esmolando.
Recebi um choque. Minhas desconfianças só aumentavam.
Convidei-a para almoçar, lá mesmo, num bom restaurante do mercado. Ficou assustada com o convite, mas aceitou.
Contou-me sobre a falência da sua vida, profissional e familiar. Coisas muito tristes, que envolveram seu marido e seus dois
filhos.
Não resistiu. Abandonou tudo.
Doente, para a sua sobrevivência, pede esmolas.
Perguntou-me, por que eu estava chorando ?
Não tive coragem de falar a verdade, para não aumentar o seu sofrimento, ou estabelecer um constrangimenmto.
Apenas, passei a ajudá-la com frequência, com todo o amor, respeito e gratidão, que bem merece a minha primeira
professora...

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