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sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Conto poético: A COSTUREIRA

De aparência simples, gestos delicados, habilidosa,
a humilde costureira cumpre o seu papel social, na
comunidade pobre do morro da caixa, nesta Ilha.
Sua casa de madeira, por alguns estimada em mais
de oitenta anos de idade, aparenta sinais de fadiga
total.
Certamente, muitas alegrias,e angústias, já
testemunhou.
Possui dois quartos. Um deles, seu atelier de costuras.
O outro, seu dormitório.
Eu, ainda menino, percebi que o dormitório nunca esteve
com a janela aberta.
A cama sempre da mesma forma arrumada.
Um par de chinelos, chamava a minha atenção, pois
permanecia no mesmo lugar, e um dos pés com a sola
virada para cima.
Parecia haver parado no tempo.
Curioso, e me valendo da amizade e confiança, de que
desfrutava junto àquela Senhora, perguntei-lhe a razão
destes detalhes.
Explicou-me que, há quarenta anos passados, então
com poucos anos de casamento, seu marido exigiu-lhe
que abandonasse a profissão de costureira, pois não
suportava o barulho daquela máquina.
A exigência foi tão grande que, embora tenha lhe
explicado todos os detalhes, do seu apego às questões
sociais, deste lugar, em que nasceu e foi criada, nada lhe
convenceu.
Foi embora, tão apressadamente, que até aqueles
chinelos deixou, virados no chão.
Conserva-os da mesma forma, como lembrança de um
grande amor. "Ainda tenho esperança da sua volta.
Só aí, os colocarei na posição correta e, se me permitir,em
seus lindos pés".
Disse-me, com os olhos transbordando de lágrimas...

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