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domingo, 13 de novembro de 2011

Conto poético: AMOR, SEM PRECONCEITO


Início do século XIX. Uma bela fazenda de plantação de
cereais, cobrindo centenas de hectares. Muito pasto,
acolhendo o gado crioulo, em quantidade tão grande, que
só por estimativa se podia contar.
A senzala, lotada de escravos, supria a mão de obra.
A "casa grande", no alto da colina, representava o Brasil Colônia.
A generosidade do fazendeiro, chegava comover.
Nenhum escravo queria ser vendido. O que era um bom sinal.
O maior presente para uma escrava, era ser chamada a
trabalhar na casa grande.
O único filho, vivia o tempo todo na senzala, brincando com
os filhos dos escravos.
Este é um relato raro, pois não era regra geral, nesta relação social.
O menino foi crescendo, até chegar à adolescência.
Hora de embarcar para a Europa, a fim de concluir seus
estudos, como acontecia com todos os ricos da época.
Na festa de despedida, uma escrava, de nome Malana,
abraçou-se com o jovem e, juntos, choraram.
Havia um pacto entre ambos.
Amavam-se, loucamente.
Samuel permaneceu em Portugal, por sete longos anos.
Ao retornar, já homem feito, com os estudos, agora,
concluídos, e educação refinada, foi recebido na fazenda
com uma festa, sem precedente.
Seus pais, por demais felizes, não conseguiam conter
as lágrimas, misturadas aos constantes sorrisos.
Os escravos, vestiram-se de branco.
Malana, deixou de ser menina, para ser mulher,
divinamente linda.
Samuel a procurava, com ansiedade. Quanto ao seu amor,
não restava a menor dúvida.
A preocupação, era uma só. O preconceito.
No meio da festa, Samuel pediu a palavra e a atenção dos
pais.
Disse-lhes que seria o homem mais feliz do mundo, se ambas
as famílias concordassem com o seu casamento, com
Malana, pois se amavam desde criança.
Os pais de Samuel, concordaaram de plano.
Samuel pediu aos pais de Malana a sua mão, que também
aceitaram, orgulhosos.
No discurso emocionado, o fazendeiro disse aos escravos
que, a partir daquele momento, deixariam de ser propriedades
da fazenda. Poderiam partir no momento em que bem
entendessem, e que também poderiam permanecer, se assim
o quisessem. Estavam livres, completamente.
Todos choraram de emoção. Mas ninguém foi embora...
Há quem registre este momento, como sendo o primeiro
gesto de alforria, na história escravagista do Brasil.
Graças ao amor, sem preconceito...

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