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sexta-feira, 22 de abril de 2011

Conto poético: Coincidência ?

Meados de 1948.
Uma boa esscola pública estadual, no interior
catarinense.
Bons professores, instalações físicas das
melhores.
Os mestres orgulhosos da profissão, e
admirados pela sociedade.
Primeiro ano primário, era assim chamado.
A garotada pobre, na sua grande maioria, mas
cheia de sonhos.
O uniforme, nas cores azul e branco, era
o diferrencial na Cidade, quando do início e
término das aulas.
Seria um momento de grande alegria, não
fosse a incompreensão de um professor de
rfeligião católica, o temido Padre Gregório.
Homem temperamental, genioso e de "pavio
curto ", como se diz nos dias de hoje.
Distribuiu os "deveres de casa "aos  alunos
de, apenas, sete anos de idade.
Consistia no recorte de figuras sacras,
recortadas de revistas.
Um menino não conseguiu cumprir a missão.
Foi chamado à frente dos demais alunos, e
levantado do chão pelas orelhas, como forma de
castigo, pois havia desobedecido as ordens do
Padre Gregório. Que petulância !
O trauma foi grande e a confusão também.
O pai do menino, policial militar, armou uma
tremenda confusão dentro do Grupo Escolar, pois
não admitia tamanha barbárie.
O tempo passou. O menino transsformou-se
num homem, e jamais esqueceu aquele episódio.
Agora, com mais de trinta anos de idade, forte e
sabendo defender-se, quando de uma viagem a Balneário
Camboriú, percebeu, no acostamento da BR-101,
próximo à Cidade de Tijucas, sentido sul/norte,
um homem de idade avançada e esquálido, com o
seu "fusca",levantado no "macaco",com um dos
peneus furado.
O homem pedia auxílio a todos que passavam.
Ninguém parava.
Nosso peronagem parou e, gentilmente, aceitou
seu apelo.
Colocou o peneu furado em seu veículo, e o
homem socorrido, assustado, foi logo comentando:
"As pessoas tem medo de parar. Acho que com razão,
pois tem ocorrido assaltos e outros crimes.
O meu peneu reserva também está furado, e eu
não sabia.
O senhor me deixa na borracharia, em Tijucas. Já
estaará muito bom  para mim. Depois eu arranjo
uma carona de volta, e resolvo o problema.
Ah, sim,  eu sou um religioso, Bispo Gregório
e resido em Joinville."
Nosso personagem ficou mudo.
Sua reação foi esperar o conserto, levar o Bispo
de volta ao seu automovel, trocar o peneu, e,
no final, abraçaar-lhe, desejando-lhe uma boa
viagem.
Não  lhe contou a sua história de menino,
passada em 1948, no Grupo Escolar Jerônimo
Coelho, na Cidade de Laguna/SC, para não
magoar o Bispo.
Já havia passado o ressentimento, e ele não
sabia.
O Bispo Gregório já faleceu, há muitos anos.
Deus, certamente, o julgará.
Ele trocou o peneu e eu roquei o ressentimento
pelo perdão, o que foi ótimo para nos dois.

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