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quinta-feira, 21 de abril de 2011

Conto poético : o Engenho do amor eterno.


No rústico engenho de chão batido,
homens, mulheres e animais domésticos,
se  concentram na produção da farinha de mandioca.
A energia provinda do boi carreiro, dá ao ambiente
um aspecto medieval, bucólico e romântico.
Os tipitis gemem nas prensas e o fogo mantém
aquecidas as tafonas.
A cantoria das mulheres expressa versos de amor e
falam do passado.
As luzes das lamparina projetam, no chão e nas
paredes, um festival de sombras, aguçando a
imaginação.
Os pombos domésticos esvoaçam de um lado para
outro, disputando, com as galinhas, os farelos
sem proveito.
O aroma da farinha torrada, chega ao povoado
dos pescadores, anunciando a produção tão
esperada.
Pendurado no esteio central, um rosário
branco e solitário testemunha a história de amor,
de uma linda mulher, apaixonada por um
tropeiro.
Filha do senhor do engenho, Romão Cassemiro,
que produzia mais de uma centena de barricas
de farinha, por safra, não poderia casar-se com
um tropeiro, que tinha, como dote, apenas, o
seu mais puro e fervoroso amor, além de uma
reputação honrosa, por todos
reconhecida.
Jamilda Feliciana Cassemiro, moça prendada,
humilde e carinhosa, não suportou tamanha dor.
Deixou um breve bilhete pendurado no esteio
central do engenho, pedindo perdão a Nossa
Senhora das Graças, de quem era devota, aos
seus familiares, padrinhos e amigos, e isentou
o pesado boi carreiro de culpa ...
O então rapaz tropeiro, hoje com mais de
oitenta anos de idade, tornou-se, por capricho
do destino, o senhor daquele engenho, e jamais
amou outra mulher.

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