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sábado, 23 de abril de 2011

Conto poético: A força do destino

Só, com os seus pensamentos, o homem maltrapilho,
sentado à beira do caminho, contempla um vazio.
Observa a vida ou a morte, não se sabe.
Nada responde, também não pergunta.
Não aceita oferendas, nem pão e água.
Quer, apenas, recordar. Nada mais.
Seus olhos, sem brilho, pareciam guardar
um sério segredo.
Seus lábios indicam o sofrimento de quem
não sorri.
Suas mãos, ásperas, tremem.
Seus pés, descalços, trazem as cicatrizes
de quem caminhou pelo mundo.
Não há mais rosto, somente sulcos
profundos, denunciando as marcas do
tempo e de um impiedoso sofrimento.
No pescoço, pendurada por um cordão, já
sem cor, uma medalha de couro, com as iniciais
m.c.r.
Anoitece,  as pessoas do povoado solicitam
do Delegado de polícia, uma providência.
O velho homem, não podia ali permanecer.
Levado à delegacia, e recolhido a uma
modesta cela, de portas abertas, pernoitou, o
homem, por autorização da autoridade
competente.
Sobre a mesa do  gabinete do Delegado, uma
suntuosa placa, fundida em bronze,  ostentava:
M.C.R. Neto, Delegado de Polícia.

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